Da Barbárie À Prosperidade

Dr. Michael LaitmanPergunta: Depois da Primeira Guerra Mundial, a crise levou ao desemprego. A massa de desempregados, que estava no nível animal, não se preocupou em descobrir o propósito da vida, o que provavelmente serviu como o perfeito terreno fértil para a Revolução Russa. Naquela época havia muitos infelizes, trabalhadores descontentes, condições de trabalho difíceis, e fome.

Neste momento, nós estamos diante de uma situação semelhante, em que massas de pessoas perderam seus empregos. Não está claro se as pessoas de países do Oriente Médio têm recursos suficientes para viver. Um fósforo é suficiente para iluminá-las; qualquer fanático pode tornar-se seu líder. Qual é a probabilidade de que grandes massas de pessoas escolham o caminho da iluminação e da educação ao invés de cometer o mesmo erro que foi feito no início do século XX?

Resposta: Infelizmente, este cenário é bastante possível. Eu não nego que a via sangrenta é viável, que o mundo pode mergulhar numa catástrofe terrível muito pior do que no início do século XX. Nós podemos nos encontrar num moedor de carne terrível muito mais sofisticado que a humanidade vai mostrar exemplos de barbárie sem precedentes.

Durante o período que nós hoje chamamos de “bárbaro”, invasores atiravam alimentos nos portões da cidade infiltrada para que os sitiados pudessem sobreviver e os guerreiros pudessem combatê-los num combate honesto. Mesmo durante a mais escura Idade Média, assim como mais tarde na história, era considerado “nobre” pelos cavaleiros ou samurais lutar com os outros de forma aberta e decente. Não há nada assim hoje em dia!

O século XX tornou-se um ponto de viragem; tudo correu numa direção diferente. Ele pode continuar assim, ou há também a chance de mudá-lo. Nós estamos agora numa encruzilhada.

O mundo pode ir para a guerra, e não apenas uma guerra nuclear, mas uma guerra com armas biológicas terríveis, e a humanidade vai morrer de infecções horríveis. No final, apenas uma pequena parte da humanidade permanecerá viva; só poderão permanecer vários milhões de pessoas. Elas reconhecerão a necessidade de subir para o próximo nível de existência e certamente vão alcançá-lo.

Portanto, nós não estamos falando de um número específico de pessoas mudando para o próximo nível, mas sim da certeza da humanidade atingir esse nível a qualquer preço. Cerca de cem anos atrás, havia apenas três bilhões de pessoas na face da Terra e, antes disso, havia ainda menos pessoas vivendo neste planeta. Assim, por um lado, não se trata da quantidade de pessoas.

Por outro lado, a humanidade avança como resultado da modificação dos desejos humanos. Se esse desenvolvimento só fosse influenciado por fatores externos, então é claro que não teríamos nada, exceto o direito material puro de “negação da negação”; no entanto, em certo sentido, é a lei espiritual que age aqui. O fato é que nossos desejos mudam. Então, não importa o quão fanática é a nossa sociedade, mesmo que as pessoas sejam levadas às manifestações, propagandas e revoluções, elas, de repente, perdem o interesse nisso. O desejo de existir de tal forma vai desaparecer, e as pessoas não vão querer viver assim.

Inesperadamente, elas vão sentir nojo. Elas não vão querer mais empregos, uma vez que terão perdido o incentivo ao trabalho. Tantas pessoas no mundo vão se sentir deprimidas. Muitas não vão sentir a necessidade de trabalhar, e não terão mais o desejo de gritar “Dê-me um emprego!”

As pessoas vão tomar consciência do fato de que há potencial científico e técnico suficiente acumulado no mundo, e que todos nós podemos prover uns aos outros com tudo o que precisamos sem a aplicação de esforços físicos. Vai depender apenas da interação correta entre nós.

Nós jogamos fora 40% da nossa alimentação. Se a distribuíssemos corretamente, ninguém teria escassez de alimentos. Jogamos fora até 90% de “bens de consumo”, em vez de deixá-los encontrar seu caminho a todos os clientes. Se pudéssemos distribuí-los corretamente, as pessoas já não teriam essas necessidades insatisfeitas.

Quase como se, imprimindo-as numa máquina de fotocópia, pudéssemos construir casas, cidades, e prover a todos com tudo o que precisam. Há uma base sólida nisso, pois teremos uma sensação interna de que não devemos trabalhar apenas para comprar coisas e jogá-las fora; nossas vidas não devem ser desperdiçadas. A sensação de inutilidade da vida não deve nos levar à destruição, mas sim à realização dos princípios básicos da vida, as suas raízes e essência.

Eu espero que possamos encontrar um grupo de poderosos homens sábios deste mundo e criar um fórum que seja apoiado pelo público em geral, pela comunidade científica, por parte do governo, e até mesmo por bilionários. Se eles entenderem que a rota alternativa está associada com enormes sofrimentos, então eles vão mover a nossa sociedade em direção a um objetivo alternativo.

Para isso, nós precisamos que a educação integral se dissemine e seja compreendida por todos os principais fabricantes, a indústria bancária e todos os setores financeiros, os maiores segmentos da sociedade.

De KabTV “Através do tempo” 18/03/13