Aprovar Abundância Para Os Outros

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “O Amor pelo Criador e o Amor pelos Seres Criados”: “Aí vem a afirmação de Hillel ao estrangeiro que veio até ele e pediu para ser convertido, como se diz na Gemarah, Quando ele veio até Hillel, para que este lhe ensinasse toda a Torá enquanto estava num pé, Hillel respondeu: “O que é odioso para você, não faça ao seu próximo: essa é toda a Torá, enquanto o resto é comentário; vá e a aprenda”.

Termos e conceitos Cabalísticos são diferentes daqueles comumente usados. O “não judeu” é aquele que age por si mesmo. A pessoa que não é um “judeu” (Yehudi em hebraico), e é referida como “não judeu” ou “nações do mundo”, é alguém que não busca a unidade (Yehud). A categoria de “Israel” (ישראל) inclui apenas aqueles que se dirigem “direto ao Criador” (Yashar-El – ישר – אל), à doação, que se dirigem a amar os outros como amam a si mesmos, à unificação, à solidariedade, à união, à garantia, e todo o resto que caracteriza a nossa comunidade e coesão. Afinal, é o amor pelos outros que nos permite alcançar o amor do Criador.

Se uma pessoa quer subir ao degrau de doação, o nível do amor aos outros (ao próximo), porque este vai lhe trazer adesão com o Criador, isso significa que ela quer ser um judeu, transformar o seu desejo de receber por autosatisfação num desejo de receber para doar. Assim, tudo é muito simples: tornar-se um judeu significa corrigir seu egoísmo. Isso é o que o método requer de nós. E Hillel resumiu-o em poucas palavras: “Não faça aos outros o que não você não gostaria que fizessem com você”. Diz-se também que o estrangeiro primeiro se aproximou de outro sábio, Shammai, com um pedido para ensiná-lo a amar os outros como ele amava a si mesmo. Mas Shammai rejeitou, porque não se conseguiu imediatamente “saltar” para o degrau do amor aos outros. Neste caso, Shammai representa a linha esquerda, a Luz de Hochma, as propriedades de julgamento, enquanto que Hillel representa a linha direita, a Luz de Hassadim, a propriedade de misericórdia.

Isto implica que o princípio de “não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem com você” significa doar a fim de doar, ou misericórdia. No entanto, a misericórdia contém pelo menos duas facetas: proibição e obrigação.

  • Quanto à proibição, eu devo constantemente discernir minhas ações: eu iria sofrer se isso fosse feito para mim? Se sim, então eu definitivamente não vou fazê-lo para o outro.
  • Por outro lado, se eu percebesse que poderia ganhar com a ajuda dos outros, eu deveria oferecer esse tipo de ajuda a eles? Acontece que o princípio “não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem com você”, na verdade, me obriga a começar a trabalhar pelo bem dos outros, a mudar todas as minhas ações para a doação. Caso contrário, eu estou privando outro de uma chance de receber algo de bom. E não importa que eu não produza este bem e não o crie a partir do meu desejo, de acordo com o princípio do “amar os outros como você ama a si mesmo”. Neste caso, eu não acumulo a força de doação a fim de dá-la aos outros. Mas se eu perceber que posso evitar o “déficit” em outros, sou obrigado a evitá-lo, e isso também é devido ao princípio de “não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem com você”.

Assim, protegendo os outros do mal e ajudando-os a fazer o bem, eu começo a me mover em direção a atos reais de doação. O princípio de Hillel me ensina a pensar e até mesmo a agir nessa direção, mas, até agora, não por minha própria iniciativa. Eu interpreto o papel de um fator positivo (+) diante do fator negativo (-) dos outros. Meu “mais” pode entrar em seu “menos”, mas somente se houver um “bloco” de contato especial no meio. Esse “bloco” depende de mim: eu é que “aprovo” (OK) sua inclusão.

Approving Abundance for others

Então, como faço para dar um “OK”? Para fazê-lo, eu ainda não estou agindo a partir do meu desejo, mas já estou me inclinando em direção às respostas positivas e estimulantes. É como se eu estivesse dando um “sinal verde” para que o outro receba o bem de cima. Assim, o princípio de Hillel me ensina como agir a fim de doar, mas, até agora, de forma passiva. Ainda não se supõe que eu realize correções no meu desejo de receber.

Aqui está um exemplo: ontem você perdeu um cheque na rua e eu o encontrei e trouxe para você. Desta forma, eu não fiz a você o que não gostaria que fizessem para mim. Mas isso pode ser considerado um verdadeiro ato de doação? Afinal de contas, eu contribuí para você receber o valor escrito no cheque.

Na verdade, o princípio de Hillel implica prevenir não só os outros de problemas, mas também promover o seu bem. Porém, a ajuda não deriva do meu desejo corrigido que se transformou num “gerador de bem” e sabe como distribuí-lo aos outros. Eu ainda não transformei, mas apenas ajudei a abundância a passar da sua fonte até o “consumidor”, ao destino. Fui eu quem colocou este mecanismo (V) em movimento, que “abriu a torneira”.

Portanto, o meu papel aqui não é entregar a abundância, mas aprovar a sua entrega, a “transação”. Isso é o que eu determino: se a “torneira” vai abrir ou não.

Pergunta: Como eu faço para abrir essa “torneira” no meu Grupo de Dez?

Resposta: Ao participar. Eu apelo por toda a Luz que Corrige. E isso se manifesta na minha garantia.

Pergunta: A ação em si é clara, mas como eu a aceito mentalmente? Afinal de contas, eu estou sempre cheio de descontentamento.

Resposta: Em pensamento, eu já sou bom para os outros, porque eu queria a mesma atitude para eles. Eu penso o bem deles, mas ainda não sinto que isso me dói de qualquer forma; isso não pisa no meu ego já que não estou trabalhando com ele e não me ocupo dele.

Claro, eu sinto inveja, ódio, e estou impulsionado por paixões e vaidade. Aprovar o bem aos outros é contra o meu ego. Pelo contrário, eu gostaria que todos tivessem menos do que eu.

No entanto, isso não faz mal nem diminui meus “ativos fixos” e, portanto, eu estou disposto a concordar que o outro receba o que tem direito. Afinal, ninguém está ameaçando a minha propriedade ou tirando o que é meu.

Por outro lado, se eu estou trabalhando não apenas com a misericórdia, mas com a intenção de doar, eu estou afastando algo de mim e dando ao outro. Isso não está sujeito ao princípio da Hillel; aqui, nós estamos falando sobre a “retirada da minha conta”, de acordo com o princípio “Ame os outros como você a si mesmo”. Ao querer “devorar” o mundo inteiro, eu ofereço este mundo aos outros “numa bandeja de ouro”, anulando meu interesse, minhas aquisições.

Hoje, toda a humanidade encontra-se na posição do não judeu que se aproximou de Hillel. Quer se goste ou não, não há outra saída a não ser mudar para o princípio do “não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem com você”. Nós estamos enfrentando esta regra de Hillel, antes da fase intermediária, sem a qual não podemos alcançar o verdadeiro amor pelos outros. “Não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem com você”. Nesta frase está toda a nossa correção.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 30/05/13, Escritos do Baal HaSulam