Por Trás Dos Caprichos Da Natureza

Dr. Michael LaitmanNo final das contas, o que cada pessoa quer? Ela quer saber exatamente o que a influencia. É uma força, ou talvez sejam duas? Talvez existam milhares delas de cada lado? “Não importa. A principal coisa é se manter conectado a essas forças e torná-las boas para nós. Então, nós vamos ficar bem”.

Isto é o que exige o nosso egoísmo. Como o nosso ego evoluiu, nossa atitude para com o destino também mudou. As pessoas começaram a acreditar que suas vidas dependem de vários fatores externos. É nesta base que muitos credos e religiões foram criados.

A separação em “bom e mau” é subjetiva. Nós “entramos” numa imagem exterior dentro de nós mesmos e marcamos as coisas com “positivo” e “negativo”. Se não fizéssemos isso, não consideraríamos que tudo nos acontece “para o melhor”. Porém, percebemos qualquer fenômeno natural somente através do prisma de nós mesmos, e é por isso que somos incapazes de distinguir entre eles.

Milhares de detalhes de naturezas positivas e negativas surgem em nossa imaginação. Na medida em que nossos desejos egoístas crescem, nós sentimos a necessidade de detectar os fatores que influenciam cada um dos seus novos aspectos. Nós atribuimos algum significado superior a eles, uma vez que dependemos deles, para o melhor ou para o pior.

É assim que a nossa atitude é desenvolvida, através da mudança da nossa mentalidade para com o destino e para quem ou o quê nos dá nascimento, e depois nos envia para a morte nos levando sabe-se lá para onde. Finalmente, aos nossos olhos toda a natureza se divide em vários elementos e forças separados.

Se pararmos de associar desejos, sentimentos e poderes a essas forças, veremos que estamos simplesmente falando da natureza. Nesse caso, vários fatores não estão vestidos em trajes humanos e não têm desejos. Eles são apenas a “natureza cega”, nada mais do que isso. A natureza deixa de ser caprichosa, manifestando-se como “positiva ou negativa”, mas age de acordo com leis rígidas.

Como nós não aprendemos as leis da natureza e não temos controle do quadro geral que está sendo delineado por elas, estamos constantemente lidando com situações inesperadas. A questão é que nós simplesmente não temos conhecimento das leis objetivas da natureza, que não dependem de nada, exceto delas mesmas. 

O problema é que não vemos as causas dos eventos. Digamos que tudo desce até nós desde o nível mais elevado que desconhecemos, enquanto coisas óbvias se originam das leis da natureza cega. No entanto, a pessoa é incapaz de exercer tal abordagem porque esta depende de múltiplos fatores, que aos seus olhos são independentes. Então, ela começa a associá-los com os caprichos da natureza.

A pessoa não rastreia suas raízes e não vê a origem de suas ações, julgamentos e sensações; ela nem sequer suspeita que age de acordo com um programa especial instalado nela. Ela só vê a parte observável; é por isso que ela considera que ela mesma e os outros são independentes e arbitrários. Como resultado, ela atribui o mesmo conceito à natureza e começa a acreditar erroneamente que a natureza tem certa força de vontade própria que pode ser alterada dependendo das circunstâncias.

A pessoa confia que deve tratar a natureza positivamente, bajulando-a, satisfazendo-a, e pagando àqueles que possivelmente estão perto da natureza e podem proteger a pessoa. Nesta fase, a pessoa para de despersonalizar a natureza, mas atribui seus próprios desejos, pensamentos, e propriedades a ela. Esta é a raiz das crenças e das religiões.

Hoje em dia, vemos que os nossos desejos egoístas, que vêm crescendo ao longo dos séculos, nos levaram através dessas teorias e várias atitudes para com a divindade. No final, todas elas entraram em colapso. Algumas se inclinam a se segurar fanaticamente a certa teoria separando-se artificialmente do resto do mundo por causa de uma alegada estabilidade, mesmo que isso as impeça de crescer mais. Essa atitude pode ser rastreada no fanatismo religioso e no fascismo, isto é, nos tipos egoístas tacanhos de união que a princípio trazem estabilidade para a sociedade, mas no final se rompem, uma vez que tornam o avanço impossível.

Na medida em que o egoísmo das pessoas cresce, os seres humanos permanecem “nus”, uma vez que perdem a oportunidade de se conectar com a natureza. Eles sentem que estão sendo cativados pelo poder absoluto que abarca todas as esferas da vida, que eles dependem do acaso e do destino, e que simplesmente não podem formar qualquer tipo de atitude subjetiva em relação a esses conceitos. Isso se torna um ponto de virada que, no final, irá remeter a humanidade à sabedoria da Cabalá. 

Da 4a parte da Lição Diária de Cabalá 16/12/11, “A Paz”