“Os Judeus Serão Culpados Pela Guerra Na Ucrânia?” (Times Of Israel)

Michael Laitman, no The Times of Israel: “Os Judeus Serão Culpados Pela Guerra Na Ucrânia?

Como acontece com qualquer conflito, especialmente um grande, é apenas uma questão de tempo até que um dedo culpado seja apontado para os judeus. A guerra na Ucrânia não é exceção. À medida que a guerra continua, mais e mais postagens e vídeos estão surgindo online culpando Israel, ou os judeus, ou ambos, pela tragédia que se desenrola na Ucrânia. Em nossa defesa, podemos argumentar que a verdade é o contrário: o primeiro-ministro de Israel tentou ao máximo negociar uma trégua, montamos um hospital de campanha na Ucrânia às nossas próprias custas, Israel acolheu dezenas de milhares de refugiados ucranianos, embora seja um país muito pequeno, e o primeiro-ministro da Ucrânia é judeu. Mas ninguém nos ouve, pois o ódio a Israel e aos judeus é tão antigo quanto o próprio judaísmo, e suas raízes estão profundamente enterradas no coração de cada pessoa do planeta.

Em sua composição abrangente A History of the Jews, o aclamado historiador Paul Johnson articulou eloquentemente como o mundo se sente em relação aos judeus: em um estágio muito inicial de sua existência coletiva, eles [judeus] acreditavam ter ‎detectado um esquema divino para a raça humana, do qual sua própria sociedade seria um piloto”.

De fato, o povo judeu não evoluiu naturalmente, a partir de um clã ou tribo central. Ele evoluiu gradualmente reunindo indivíduos de muitas tribos e nações diferentes ao longo de gerações. Esses indivíduos acabaram se fundindo em uma nação seguindo um único princípio que determinava tudo o que faziam: a aspiração de amar uns aos outros como a si mesmos.

Se você examinar o legado do judaísmo, descobrirá que ele consiste principalmente em regras sociais que determinam como construir uma sociedade justa e coesa, onde as pessoas cuidem umas das outras. É por isso que Rabi Akiva, possivelmente o maior sábio desde Moisés, disse que a lei abrangente do judaísmo é “Ame o seu próximo como a si mesmo”. É também por isso que Hillel, outro de nossos maiores sábios, disse a um homem que lhe pediu para explicar toda a Torá (lei judaica) em poucas palavras (alegoricamente, enquanto ele está de pé em uma perna): “Aquilo que você odeia, não faça a outro; o resto é comentário”.

Quando fomos encarregados de ser “uma luz para as nações”, ao pé do Monte Sinai, esse amor pelos outros foi a “luz” que nos foi ordenado a brilhar, nossa unidade acima de todas as diferenças. O rei Salomão imortalizou o princípio do amor acima de todas as divisões com suas palavras (Prov. 10:12): “O ódio suscita contendas, e o amor cobrirá todos os crimes”.

Ao longo de nossa história antiga, lutamos para manter nossa unidade e amor uns pelos outros. Lutamos para superar o ódio interno e as lutas que surgiram dentro de nós, e ser a luz para as nações que fomos ordenados a ser.

No entanto, no início da Era Comum, sucumbimos ao ódio a nós mesmos e nossa estrutura social entrou em colapso. Esse fracasso nos tornou os parias do mundo, pois falhamos em ser uma luz para as nações. Até que restauremos nossa unidade e cumpramos nossa vocação, as nações não nos perdoarão e não nos desejarão entre elas.

Na maioria das vezes, elas não serão capazes de articular exatamente por que nos odeiam, e racionalizarão sua raiva nos culpando por situações contemporâneas como doenças, guerras, crises econômicas, conflitos religiosos e todos os outros problemas pelos quais os judeus foram culpados. No entanto, por baixo de tudo isso, há, houve e haverá apenas uma queixa que o mundo tem contra nós: nossa falta de unidade e, consequentemente, nosso fracasso em brilhar a luz da unidade para as nações.

Somente quando superarmos a divisão que nos separa por mais de dois milênios, o mundo nos aceitará e nos acolherá. Se nos unirmos, não precisaremos explicar nossa posição; não precisaremos nos justificar e não precisaremos lutar contra o antissemitismo. Se derrotarmos o antissemita dentro de nós, que odeia seus próprios irmãos, o antissemitismo externo desaparecerá por conta própria.