O Fundamento Da Independência É O Desapego Do Criador

laitman_739O “Prefácio à Sabedoria da Cabalá” é uma introdução muito importante que Baal HaSulam escreveu para preparar a pessoa para o estudo do Livro do Zohar com o comentário Sulam. Com sua ajuda, a pessoa pode abordar o Livro do Zohar num determinado grau, enquanto que sem o comentário Sulam, o Livro do Zohar não é compreensível para nós. O “Prefácio à Sabedoria da Cabalá” inclui em seu interior toda a sabedoria da Cabalá relevante à descida dos mundos de cima para baixo, que o Ari revelou em seu livro, Etz HaChaim (A Árvore da Vida).

Abraão foi quem revelou a progressão dos mundos, e, depois dele, Moisés descreveu-a na Torá, mas num formato criptografado, oculto, e agora estamos aprendendo a perceber a progressão dos mundos na prática. Portanto, devemos descobrir isso de uma forma compreensível e apropriada para realização e uso.

Devido a isso, Baal HaSulam explica toda a sabedoria da Cabalá desde o seu início, a partir da fonte da qual o pensamento de criação é derivado e como a criação foi criada e materializada de acordo com este pensamento. O Criador, o poder superior de doação e amor, cria fora de Si algo que é Seu oposto. Se o Criador é a força de doação, Ele teve que criar a força de recepção. Mas, depois que a força de recepção foi criada, ela desapareceu dentro da força de doação, o que significa que foi gerida totalmente pela força de doação. Por isso, é como se a criatura não existisse, pois a substância não é o que importa. Em vez disso, o que importa é se ela é independente do Criador ou não.

Alguém poderia perguntar: como poderia ser independente? Como é possível criar algo que mais tarde vai ser completamente independente se ela sai do Criador? Afinal, tudo o que a criatura tem vem do Criador, e é impossível separar esta conexão. Não pode ser que exista algo novo com a criatura, porque tudo que é novo nela também vem do Criador. Nada existe no mundo que não o Criador.

Portanto, como é possível levar a criatura à independência? É como se ela negasse e ocultasse a unidade do Criador no mundo contrário à lógica, porque se há uma fonte da qual tudo deriva, e além dela nada existe, como poderia ser que uma criatura pudesse ser independente, de tal forma que pudesse ser contra o seu Criador e não artificialmente, mas, na verdade, de acordo com o seu desejo?

Uma profundidade muito grande está oculta aqui que não é entendida por nós. Nós só alcançamos essa independência depois que terminamos toda a correção. No entanto, nesse meio tempo, precisamos aprender todas as etapas de acordo com as quais o Criador criou a criatura para possibilitar que ela tenha liberdade de escolha.

Independência é o desapego da criatura do Criador. É apenas quando a criatura tem seu próprio poder, emoção e intelecto – tudo que é necessário para ser independente – e isto não é apenas existir, mas determinar as suas obras por conta própria, de forma independente, para subir ao nível do Criador. Este processo e seus resultados parecem impossíveis para nós. Assim, o desejo de receber que foi criado pelo Criador como Seu oposto e é gerido por Ele deve passar por uma progressão de mudanças, cujo resultado permitirá que ela obtenha independência, o poder de determinar a sua independência de acordo com o seu intelecto e emoção.

Para isso, o desejo de prazer se desprende do Criador e se conecta a Ele inúmeras vezes, o que significa que passa por subidas e descidas. Graças a isso, nós começamos a comparar estados e aprendemos com eles. No início, nós comparamos cada descida e cada subida, e, assim, examinamos as subidas e descidas em comparação uma com a outra.

Como resultado da experiência que é reunida da comparação entre as subidas e descidas, e o exame dos futuros estados em comparação aos estados anteriores, nós desenvolvemos o nosso intelecto e sentimentos. Da comparação entre inúmeras subidas e descidas, e as várias conexões entre elas, nós construímos as sensações e o intelecto que são desenvolvidos, e construímos as várias fases entre eles.

Em última análise, o estudo do Criador leva a criatura à independência, pois, como está escrito: “Por Suas ações O conhecemos”. A criatura aprende como o Criador se comporta com ela, de modo que ela se constrói com respeito ao Criador dessa forma. Aparentemente, o fundamento da independência é o desapego do Criador!

Do “Prefácio à Sabedoria da Cabalá”, item 4: Assim, quando eles estão unidos, o desejo de receber é anulado na Luz dentro dele, e pode determinar a sua forma apenas quando a Luz partiu dali uma vez. Isto é assim porque, após a saída da Luz dele, ele começa a ansiá-la, e esse desejo determina e define corretamente a forma do desejo de receber.

Posteriormente, quando a Luz se veste nele mais uma vez, isso é considerado como duas matérias distintas: Kli e Luz, ou Guf e Vida. Observe de perto, pois isso é muito profundo.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 02/03/14, Escritos do Baal HaSulam