Criação De Um Homem Fora De Mim

Dr. Michael LaitmanA Torá, “Levítico” (Acharei Mot), 17:10-11: “E qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre eles, que comer algum sangue, contra aquela alma porei a minha face, e a extirparei do seu povo. Porque a vida da carne está no sangue; pelo que a tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma”.

Por um lado, o sangue é a energia vital do corpo, e, por outro lado, deriva da palavra hebraica “Domem” (inanimado), a parte mais baixa do desejo.

A questão é que nós temos que usar os atributos que podemos elevar à doação. Visto que nos esforçamos desde a parte mais baixa dos desejos, que são simbolizados pelo sangue, não podemos usá-los e temos que liberar o sangue do corpo.

Ao escolher os diferentes desejos que temos, nós vemos que os desejos inanimado e vegetal são muito fracos, sem sentido, e bastante fáceis de usar a fim de doar. No nível animal, eles são muito pesados; assim, nós sentimos que existimos num corpo físico e vemos dessa forma.

Nós não vemos os estados inanimado ou vegetal, uma vez que eles são ocultados por nossos desejos corporais, que são mais significativos do que os pequenos desejos. Quando descobrimos os estados animais dentro de nós, nos deparamos com um monte de problemas, porque nos identificamos com eles e nos vemos como eles.

Como eu posso distinguir entre eles e o ser humano em mim? Como posso elevar os desejos animais ao estado de homem (humano)? ‘Mate’ seu animal e ‘use-o como comida’, para que o nível humano possa subir acima do nível animal.

O que nós podemos fazer para alcançar isso? Como podemos corretamente fazer a diferença entre os meus desejos animais? Quais podem ser elevados ao nível humano e quais não podem? Do que eu posso criar a imagem de um homem? Afinal de contas, ele nasce de um embrião que é dado de Cima e todo o resto do alimento vem de baixo, dos desejos animais.

Como o ser humano difere de um animal em nosso mundo? É esse ponto no coração, a semente, que criou o “eu”, o self. Eu me assemelho ao Criador e, portanto, sou chamado de homem (Adão, da palavra hebraica “Domeh” assemelhar-se [ao Criador]), e se não, sou um animal.

Assim, o único problema está no que chamamos de oferecer um sacrifício, porque levamos os desejos do nível inanimado, vegetal, e, principalmente, animal, e constantemente os elevamos ao nível humano. Isso significa que nós temos que matá-los no nível animal e elevá-los ao próximo nível, para que o ser humano em nós seja alimentado por esses desejos, ao torna-los seu trabalho espiritual.

A Torá costuma dizer que uma pessoa tem que elevar seus desejos para este nível onde há um lugar para oferecer um sacrifício (a palavra “sacrifício” em hebraico deriva da palavra “aproximar-se” do Criador), e lá é possível aspergir o sangue sobre o altar.

Quando você mata um animal (os menores desejos), o sangue (esses desejos) tem que ser completamente drenado; você esparge os quatro cantos (quatro fases) do altar com ele, o que significa que você leva o seu desejo completo ao Criador, você sobe até Ele. No final, todos os desejos têm que passar por essa mudança e ascender ao nível do grande sacerdote, pois só assim considera-se que a pessoa está totalmente corrigida.

Existem apenas três níveis na natureza: inanimado, vegetal e animal. O ser humano é o que você cria de si mesmo, e ele não existe na natureza. Se um estrangeiro olhasse para nós e para os animais do lado de fora, diria que as pessoas são animais que foram transformados, e nada mais que isso. Se medirmos a nós mesmos em comparação, então estamos muito piores do que os animais. Portanto, nós temos que aspirar a nos tornar seres humanos.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 06/03/14