Espremido Entre O Bem Eo Mal

Dr. Michael LaitmanPergunta: Como pode existir a “inclinaçãoao mal” se só existe o Criador e ninguém mais além Dele?

Resposta: E quem criou esta “inclinação ao mal” se não há mais nada além do Criador? O Criador criou esse mal. E ela vive sob o jugo do Criador. O Criador a controla; Ele a gerou; ela é Seu filho, como está escrito: “Eu criei a inclinação ao mal”.

Pergunta: Mas o Criador é o bom que faz o bem; portanto, como o mal pode derivar Dele?

Resposta: O bom que faz o bem criou esta “inclinação ao mal”, como é dito: “O resultado final está no pensamento inicial”.  Na verdade, se você decide criar alguém além de você, para que sua criação possa alcançar o seu nível, e se você quer assisti-la com todo seu coração e alma, com tudo o que você tem, então você não tem escolha: você deve criar um vaso nela, um desejo que será exatamente como o seu em quantidade , qualidade, nível de compreensão, e tudo mais, mas com uma impressão inversa. E isso é exatamente o que o Criador fez.

Portanto, a “inclinação ao mal” é a criação inteira; nada mais é necessário. Nós não entendemos isso. Nós pensamos que existem objetos materiais, por exemplo, um lápis. Por que não? Afinal, você vê que ele existe. Tem cor, forma e peso. Mas na espiritualidade ele não existe. Na espiritualidade, a pessoa só existe se ela tiver uma essência individual, algo de si mesma, em vez de existir somente porque alguém a criou.

Digamos que um lápis não existe na espiritualidade, pois não há ação proveniente dele, nenhum desejo de ser semelhante ao Criador. Portanto, ele não existe na dimensão espiritual. Tudo o que vemos em nosso mundo não existe na espiritualidade. Este mundo não existe, porque ele é uma realidade que não tem qualquer movimento pessoal em relação à equivalência com o Criador, em nenhum objeto ou desejo.

Por esta razão, se quisermos criar um ser, devemos programar nele a capacidade de se mover de forma autônoma, independente. Que tipo de criatura o Criador criou? Foi a “inclinação ao mal”. Mas será que essa “inclinação ao mal” tem a sua própria capacidade de mover-se? Será que ela é realmente independente e respeitável? Sim, é sim.

A inclinação ao mal é a linha esquerda na espiritualidade, onde ela reage ao Criador, compreende-Lo, e deseja ser o oposta. É onde tudo começa. A inclinação ao mal não começa com o meu desejo de devorar comida ou dormir.

Depois de passarmos pela preparação neste mundo e atravessarmos a Machsom (barreira), de um lado nós recebemos a “inclinação ao mal” (a linha da esquerda, a recepção) e do outro a “inclinação ao bem” (a linha direita, a doação). É nosso trabalho restaurar a linha do meio entre ambas.

Squeezed Between Good And Evil

No lado esquerdo, há a “inclinação ao mal”, o Faraó, que afirma: “Eu mando!”, e isso só depois da Machsom. E bem diante dele, existe a força superior, de doação. Quanto a nós, estamos na linha média (ou do meio).

Esta é a própria “inclinação ao mal” criada pelo Criador, enquanto que tudo o que temos durante a nossa preparação neste mundo é uma mera existência animal, nem boa nem má. Não é disso que estamos falando. Portanto, esse mundo não existe, é imaginário e não há nem bom nem ruim nele.

As inclinações ao “bem” e ao “mal” só existem na espiritualidade. Elas são os dois anjos, as duas forças, os dois servos. A quem elas servem? Elas servem ao homem que está construindo a si mesmo, ou seja, seu próprio desejo, o seu “Eu”, a partir de ambas. Isso é o que o Criador deseja.

Portanto, como pode o meu “Eu” se concretizar se não tenho essas duas forças a partir das quais vou construira mim mesmo no meio, entre “prós” e “contras”, fazendo minha própria escolha? Portanto, o Criador criou intencionalmente a “inclinação ao mal” como uma força que se opõe a Ele. Afinal, a doação, a “inclinação ao bem”, é o próprio Criador. Então, entre essas duas forças, na parte média de Tifferet, entre os seus e terços superior e inferior, há espaço para o homem.

Somente assim você pode construir um espaço livre ou o ponto de livre-arbítrio. A liberdade reside apenas entre os dois estados bem definidos, que pressionam você de ambas as direções, e você deve escolher entre eles.

O ponto de liberdade, de escolha, do livre arbítrio, é a escolha que você faz no espaço estreito e contraído entre as lâminas da tesoura. Imagine isto: duas paredes começam a se mover de repente e nos apertam entre elas… Isso é que é a liberdade. E quanto mais alto você subir nos degraus da escada espiritual, mais estreito fica o espaço entre elas e mais forte elas lhe pressionam. Mas é a partir dessa própria pressão muito, da horrível tensão entre elas, qu você encontra sua expressão do Eu.

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá 12/05/01, O Zohar