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Pegar Serpentes É Uma Profissão Corajosa

Dr. Michael LaitmanNo decurso de todo nosso caminho espiritual, nossa vara constantemente se torna uma serpente, e depois se torna uma vara novamente, que nos apoia na caminhada espiritual. Isso quer dizer, ou nós andamos com a fé abaixo da razão, na razão, ou acima da razão.

Quando você ascende novamente, depois que caiu, e começa a julgar com sua mente o que é bom para você, você tem que ter cuidado para que a volta para a fé acima da razão não seja uma decisão egoísta, que a mente o obriga fazer. De outra forma, se revelará que você está andando através da fé abaixo da razão ao invés de acima dela, e que sua fé, que está dentro da razão, desce ainda mais baixo.

Esse é um discernimento muito acurado e fino que golpeia nosso coração. Nós temos que ser capazes de olhar a verdade nos olhos, de modo que o Criador não será capaz de nos enganar e nos forçar a cair. Afinal, nós temos que pegar essa “serpente” pela cauda e tirá-la do chão, para que ela possa se transformar em uma vara outra vez, ao invés de cair sob o peso desses estados, sob o peso dessa serpente.

Leva tempo para a pessoa formar esses conceitos interiormente e começar a entender se ela está nesse trabalho ou não, se ela faz esses discernimentos. Trabalhar com a “vara e a serpente” já é trabalhar com seu egoísmo, quando a pessoa está entre essas duas forças que a influenciam – o Faraó e o Criador.

Tudo depende do que ela faz com sua vara – irá jogá-la no chão ou pegá-la? Ao fazer o último ela constrói seu próprio vaso (Kli) espiritual, seu “eu”.

Isso não significa simplesmente ser um bom psicólogo ou saber como aparentemente sair de si mesmo e olhar para si mesmo de fora, para checar o que está acontecendo. Esses são truques puramente psicológicos, mas não um trabalho espiritual interno.

Estamos falando dos discernimentos que acontecem na pessoa que já estabeleceu algum tipo de atitude para com o Criador e consigo mesma. Desses dois pontos ela começa a construir o Faraó e o Criador, e a si mesma no meio.

Então, ela pode lutar contra o amor por si mesma, que aspira tão fortemente eliminá-la, e devido a esse ódio por essa qualidade egoísta, ela pode ascender acima do seu egoísmo.

Da 1a parte da Lição Diária de Cabalá 13/04/11, Shamati

O Que É Isso Em suas Mãos: Uma Vara Ou Uma Serpente?

Dr. Michael LaitmanShamati 59, “Sobre a Vara e a Serpente”: “E Moisés respondeu e disse: ‘Mas, observe, eles não acreditarão em mim’”, etc.. “E o Senhor disse a ele: ‘O que é isso em tua mão?’ E ele disse: ‘Uma vara’. E Ele disse: ‘Atire-a no chão…’ e ela se tornou uma serpente; e Moisés fugiu da frente dele”. (Êxodo 4)

Precisamos entender que não existem mais do que dois graus, ou Kedusha (Santidade) ou Sitra Achra (Outro Lado). Não há um estado intermediário, mas a mesma vara se torna serpente, se for jogada no chão.

…Esse é o significado da pergunta: “O que está em tua mão?” A mão significa alcance, das palavras “e se a mão alcança” . A vara (Mateh em Hebreu) significa que todo o alcance de uma pessoa é construído no discernimento da importância inferior (Mata em Hebreu), que é fé acima da razão. Isso porque a fé é considerada com tendo importância inferior, como baixeza…

Existe um discernimento muito belo que é feito constantemente, e que a pessoa tem que fazer para avançar no caminho da correção da alma. Ele é chamado “a vara e a serpente”. Você pode analisar a si mesmo dessa maneira: se eu tenho um desejo forte de fazer algo e não está claro que é para o meu benefício, e eu entendo que é assim que o meu egoísmo se expressa, que está queimando dentro de mim, então eu entendo isso nesse momento e tenho que tentar subir acima disso.

Mesmo que eu tenha um grande desejo interno de julgar meu amigo para decidir se devo me aproximar ou me afastar dele, ainda assim, acima de tudo isso eu tenho que fazer um esforço e elevar todo o meu ódio, repulsão, desapontamento e expectativas dos outros – os amigos, o professor, e o Criador, e avançar pela fé acima da razão.

Eu preciso, ao invés, entender que precisamente as condições que me foram dadas são a “vara” que tenho que pegar e tomar em minhas mãos.  Então, ela se tornará um símbolo de minha fé e irá me ajudar a avançar.

Porém, se eu jogo a vara no chão de acordo com meu desejo (“terra” – Aretz, é igual a desejo – Ratzon), ela se transforma em serpente.

Eu tenho que fazer esse discernimento para sentir que esses dois pontos dentro de mim, que estão constantemente presentes, se contradizem. Meu ego está queimando e quer julgar a todos – os amigos, o professor, e o Criador. E suas queixas e raiva são completamente justificáveis. Ele está sinceramente indignado interiormente contra todos eles. Mas, acima disso, eu trabalho para amá-los, justificá-los, e dar a eles todo o meu coração aberto através da fé acima da razão.

Quando eu sinto esses dois pontos juntos, significa que eu me equilibrei corretamente em meu estado atual. Esses pontos são o que constroem meu caminho em direção à meta da criação.

Nesse caminho eu verei que sou continuamente dominado por novos cálculos e críticas, novos desacordos entre mim e o ambiente, e isso acontece para me fazer pensar mais uma vez que estou certo e que eles estão errados. Esse trabalho começa já, tão logo o grupo se organiza.

Ou as pessoas avançam através da fé acima da razão, ou elas irão se afogar nesses desacordos e irão caminhar junto com a serpente, jogando sua vara no chão; isto é, ao invés da fé acima da razão, no caminho elas irão através da fé dentro da razão ou abaixo dela. Então, a única coisa que restará fazer será esperar que elas acordem, o que pode tomar um longo tempo – de fato, ninguém sabe quando isso pode acontecer.  

Da 1a parte da Lição Diária de Cabalá 13/04/11, Shamati

Os Problemas Do Faraó

Dr. Michael LaitmanPergunta: Quando a pessoa tenta sair do Egito, isto é, do amor próprio, ela recebe golpes que consegue ultrapassar somente pedindo ajuda ao Criador. Mas, além disso, também existe o egoísmo material, terreno, que recebe golpes no seu nível, tais como problemas com suas famílias, saúde, rendimento, e etc.. Como podemos nos relacionar com esses problemas?

Resposta: Não importa que tipo de problema apareça em minha vida, primeiro e principalmente eu preciso vê-los como uma perturbação que vem do Criador. Mesmo se estou com dor, eu ainda preciso subir acima dessa perturbação através da fé acima da razão. A despeito de tudo, eu sei que tenho que fazer cálculos acima do distúrbio e não sob seu peso. Eu preciso estar em contato com seu “remetente”, o Criador.

Quanto a ações responsáveis, no âmbito desse mundo eu tenho que resolver todos os problemas através dos métodos comumente aceitos. Quanto a banco, trabalho, família, e saúde, eu tenho que tomar conta de tudo tal qual qualquer pessoa em nosso mundo.

Assim, você constrói uma atitude bilateral quanto aos problemas.

– Primeiro de tudo, eles vêm do Criador e você está lidando somente com Ele. Você quer ter essas perturbações porque elas dão a você a oportunidade de subir acima do conhecimento e ficar em contato com o Criador. Então você está tratando corretamente as perturbações e você mesmo começa a amá-las e respeitá-las. Afinal, não importa quanto elas o perturbem, não importa quanto sal elas colocam em suas feridas, e não importa quanto angustiantes elas são; isso é exatamente o que o ajuda a subir acima delas.

-Em segundo lugar, você resolve os problemas que chegam da forma costumeira no mundo material.

Ambas as dimensões precisam estar presentes em sua atitude. Você atribui os problemas ao Criador, e ao mesmo tempo você quer trabalhar com eles. Nós não expulsamos o Faraó de nossas vidas, mas nós apreciamos seus problemas. Afinal, somente através deles nós o podemos rejeitar e nos separar dele, e assim ascender cada vez mais alto.

O Faraó é minha carne mais preciosa, meu centro, meu ponto mais sensível, minha criança, a corda mais importante e admirável dentro de mim.

Pergunta: Mas o Faraó resiste à união dos amigos. O que os problemas materiais tem que ver com isso?

Resposta: Eles também me distraem do trabalho interno. Não é por acidente que tantos Cabalistas experimentaram problemas materiais. O Criador deliberadamente os fez ficar doentes e serem desprezados pelas pessoas ao seu redor. Isso foi para dar a eles um lugar onde eles pudessem superar.

Afinal de contas, tudo isso é o resultado do endurecimento do coração do Faraó. O desejo gradualmente se revela dentro de você e em conformidade a ele você experimenta vários problemas, nos outros e em você mesmo.

Pergunta: Eu tenho que pedir ajuda nesses casos? Afinal, o Criador nos ajuda somente com respeito a uma coisa – a unificação.

Resposta: Está correto, e os problemas dificultam que você faça isso. Quando você está doente, é difícil para você se concentar no amor pelos amigos. Provavelmente, você esquece tudo isso. E isso significa que você precisa pedir ajuda. Não há ninguém além d’Ele. Tudo vem do Criador, mas isso acontece através de canais diferentes.

Você tem que alcançar a meta, mas seu corpo, seu “pequeno burro”, está doente e não pode carregar você. Assim, o que devemos fazer? Deixá-lo morrer? Mas, você precisa dele no caminho.

Por que você percebe esse mundo separadamente do trabalho espiritual? Mesmo pequenas perturbações podem ser úteis se você trabalha com elas corretamente. Não importa o que nos aconteça, o importante é que isso vem de uma única Fonte, até que realmente sintamos que estamos no exílio espiritual.

Da 1a parte da Lição Diária de Cabalá 13/04/11, Shamati

“Vestido” Em Outra Pessoa

Dr. Michael LaitmanPergunta: Por que o caminho do amor é tão difícil e confuso?

Resposta: Nós é que somos confusos.

Eu sou dirigido pelo desejo egoísta e tudo que sinto e penso está dentro dele, para meu próprio benefício. Portanto, como posso fazer um cálculo diferente – não para meu benefício?

Imagine que você se “veste” em outra pessoa e começa a fazer cálculos  a partir da perspectiva dela. Foi apenas a 100 anos que as pessoas começaram a entender tais conceitos. Não é um acidente que esse período foi resumido por Freud e Einstein, que não só fizeram descobertas originais, mas também tiveram amigáveis conexões um com o outro.

Depois de centenas de milhares de anos de desenvolvimento, foi cerca de um século atrás que as maiores mentes da humanidade finalmente inventaram a psicanálise – em outras palavras, começaram a analisar o homem internamente no nível material. Somente então, eles começaram a pesquisar a percepção humana, “Eu e o mundo circundante, eu e o próximo”.

Isso não é simples. Levou um longo período de tempo para se acessar a alma animada do homem, e isso não está nem perto da espiritualidade. Todo o problema é que nós não podemos e não queremos nos vestir nos outros. A sociedade tem que assegurar que cada pessoa irá fazer isso, que cada pessoa tentará fazer isso e começará discernir como ela aparece aos olhos do próximo e o que o próximo deseja.

Isso é muito difícil, mesmo que só envolva exercícios psicológicos no plano do nosso mundo, que ainda nem se relaciona com a espiritualidade. Você quer mais? Vá em frente. Organize um ambiente que irá finalmente começar a influenciar você.

O caminho é longo exatamente porque ninguém influencia você. Não há progresso sem influência social. Onde a pessoa poderia pegar os detalhes espirituais de percepção? Somente do ambiente.

Da 1a parte da Lição Diária de Cabalá 13/04/11, Shamati

O Professor Me Conecta Com A Vida

Dr. Michael LaitmanPergunta: De que forma o modo como lidamos com as palavras escritas no TES (O Estudo das Dez Sefirot) difere de como nos relacionamos com sua explicação do texto?

Resposta: É difícil explicar por que o Criador fez isso assim para que precisemos de alguém para nos conectar com a realidade superior em nosso mundo. É semelhante a mãe e o pai que temos nesse mundo, que nos conectam com a vida. De fato, se não fosse pela mãe eu não teria nascido e não teria existido até que crescesse.

O mesmo vale para o nascimento espiritual: eu preciso de alguém que me dê nascimento, me supervisione até eu atingir a maturidade na espiritualidade! Isso se manifesta no nascimento dos corpos em nosso mundo e também no nascimento das almas, todos os quais se derivam das leis que atuam no mundo espiritual, onde existe certa ordem dos Partzufim espirituais, e Aba ve Ima (o Pai e a Mãe superiores) dão nascimento a ZON e cuidam das almas.

Mas, até agora, eu não liguei minha alma quebrada a ZON do mundo de Atzilut e não posso ocasionar o trabalho de Aba ve Ima em mim; assim, eu preciso de um guia para a espiritualidade! E ele, agora mesmo, também se parece como alguma pessoa material para mim, uma vez que não posso ver o mundo espiritual.

O mesmo diz respeito aos amigos: eu não posso perceber seus desejos espirituais e penso que estou cercado por alguns corpos físicos. Porém, mais tarde, eu verei que não é assim. O professor e os amigos são um mecanismo espiritual, forças espirituais com as quais eu trabalho.

É dessa forma que eu devo tratar o professor e os amigos: com o entendimento de que eles são partes que o Criador me deu para me ajudar a me conectar com Ele. No grau em que eu avalio o professor e o grupo, eme rebaixo diante deles, na mesma medida eu irei alcançar o contato com o Criador. Eu não tenho outra oportunidade de me conectar com Ele e nenhuma chance de me conectar com Ele de outra maneira.

A Primeira Inovação

Dr. Michael LaitmanEscritos do Rabash, “A Primeira Inovação”: Todas as inovações começam somente depois que a pessoa sai do amor próprio. Desta forma, a Torá não pode ser ensinada aos idólatras. Quando a pessoa está no Egito, ela não pode ser um Judeu porque está escravizada ao Faraó, o rei Egípcio. Enquanto a pessoa é uma escrava do Faraó, não poder ser uma escrava do Criador.

Isto está escrito com respeito a: “Os filhos de Israel são para Mim”, eles são Meus escravos e não escravos de escravos. Quando a pessoa serve a si mesma, ela não pode ser escrava do Criador, porque é impossível servir a dois reis ao mesmo tempo. Somente depois que a pessoa sai do Egito, isto é, do egoísmo, ela pode ser a serva do Criador. Então, ela pode receber a Torá. Acontece que a primeira inovação é a saída do Egito.

A pessoa que está dentro do seu desejo egoísta é chamada um “Judeu-novo”. Aquele que sobe acima de seu desejo egoísta, isto é, que sai do Egito, é chamado “Judeu” (Yehud) porque alcança a união (Ihud) com a Luz, o Criador.

É possível estudar a Torá, isto é, as maneiras de doação, somente ascendendo, saindo do Egito. Por isso está escrito que a Torá não pode ser ensinada aos idólatras, onde “não pode” significa é impossível. Isso é porque enquanto você permanece no desejo egoísta, você não entende nada da espiritualidade e não tem a menor chance de alcançá-la. Nos seus desejos e pensamentos você não pode se agarrar com força à ponta de qualquer corda que se estende desde o mundo espiritual.

Você precisa de meios auxiliares, e somente ao usá-los corretamente você alcançará o que deseja. Desta forma, todas as inovações e mudanças espirituais são possíveis somente depois de sair do Egito, isto é, do egoísmo. Até lá, não é possível entender nada. Até lá nós estamos em total escuridão e só podemos avançar com nossos olhos fechados de acordo com o conselho dos Cabalistas.

Isso é tudo que nos resta – entender quão oposto nosso mundo é do mundo espiritual. Para ascender da escuridão à Luz, não nos irá ajudar dar uma volta de 180 graus. Isso é porque nossa escuridão é a escuridão do Egito, que não se dirige à Luz. Somente gradualmente, por meio de ações corretas, alcançamos o desejo correto. Mesmo que ele também seja egoísta, ainda assim, devido a influência da Luz, nós podemos sair do Egito para a intenção altruísta de Lishma (Em Nome Dele).

Está se falando de estados que estão totalmente separados entre si. A pessoa que está no mundo mais inferior, isto é, no estado egoísta, na intenção “para a recepção”, é incapaz de entender os planos e ações daqueles que são movidos pela doação. Um não tem qualquer contato com o outro. Eles são programas completamente diferentes que não se cruzam um com o outro de forma alguma.

Em relação ao mundo espiritual, nosso mundo não existe. Ele é manifestado somente na imaginação da pessoa como uma realidade preliminar e imaginária que é necessária para entrar na realidade espiritual, que é a única que existe. Tudo que vemos e imaginamos aqui é semelhante às visões de uma pessoa que está inconsciente.

Desta forma, todas as inovações, alcances, e cálculos verdadeiros começam com a saída do Egito.

Da 4a parte da Lição Diária de Cabalá 12/04/11Escritos do Rabash

TES: Um Diário Cabalístico Pessoal

Dr. Michael LaitmanPergunta: Se a chave é atrair a Luz sobre nós mesmos, por que nós discutimos tão a fundo a estrutura dos mundos descrita no TES (O Estudo das Dez Sefirot) durante a aula?

Resposta: Não é nossa meta falar sobre a estrutura dos mundos em detalhe; nós simplesmente tentamos captar alguns detalhes para explorar o que os Cabalistas nos dizem sobre isso. Mas, quando estudamos o TES, como qualquer outra fonte, nós primeiro precisamos pensar na alma, porque é lá que existem todos esses elementos que eu estou lendo e onde todos os fenômenos ocorrem.  

Os Cabalistas que revelaram dentro de si mesmos a propriedade de doação discernem que ações eles podem executar dentro dela, e escrevem sobre isso. Além disso não há mais nada. Mesmo nós estamos em alguma realidade imaginária desse mundo, que realmente não existe e se dissolve depois, ou vivemos nele como num sonho, ou alcançamos a realidade autêntica da doação, a realidade do Criador.

Afinal, não “há nada além d’Ele”, e se algo na verdade existe, é somente lá. E o TES descreve de que forma essa autêntica realidade está sendo revelada a nós dentro de nossos desejos.

Como um Cabalista, eu posso descrever em que medida eu vou entrar nessa realidade e descobrir que ela de fato opera em mim, como eu irei me conectar e começar a me identificar com ela. E outro Cabalista faz o mesmo. Em outras palavras, nós todos escrevemos sobre a mesma unificação com a eterna Luz superior e o que encontramos nela desde nosso ponto negro da criação, o “ponto de ausência”.

Quando eu entro em contato com a Luz e alcanço a equivalência com ela, eu sinto que dentro de mim vários fenômenos começam a ocorrer, ou vestindo-se em mim de Cima  para baixo (a Luz de Hochma) ou em largura (a Luz de Hassadim). Esses fenômenos produzem várias sensações em mim, e eu as descrevo, tendo a oportunidade de expressá-las em palavras e sons.

Mas, todas as impressões que temos derivam do encontro desse ponto negro com a Luz, onde o primeiro se torna semelhante ao último. E essa é a essência da sabedoria da Cabalá: encontrar a Luz dentro do ponto negro da criação.

Da 3a parte da Lição Diária de Cabalá 12/04/11, Talmud Eser Sefirot

Isso Ainda Não É A Torá

Dr. Michael LaitmanPergunta: Em um dos artigos no Dargot HaSulam (Degraus da Escada), o Rabash escreve que é proibido ensinar a Torá aos gentios, isto é, aos egoístas. Então, o que estamos fazendo aqui?

Resposta: “Proibido” na Cabalá significa impossível. Seria semelhante a dizer que aqueles egoístas não podem alcançar a Luz superior. Tente quebrar essa lei e você verá o que acontece.

Estamos falando sobre as leis da natureza, e a natureza não proíbe nada. Mas, se você for contra ela, você será punido. “Proibição” significa incapacidade. Se os Cabalistas escrevem “não”, significa que você é incapaz de fazer isso.

Egoístas não podem aprender a Torá ou, em outras palavras, eles não podem estudar a Cabalá porque um egoísta não pode fazer isso a princípio. Ele não tem meios para isso, não tem ferramentas. Afinal, ele é um gentio e adora seu próprio ego, que não lhe permite estabelecer a conexão com as Luzes.

A Torá, ou a sabedoria da Cabalá, é o método que conecta os vasos e as Luzes. Mas, se você não tem o anterior, não pode encontrar a última. E, desta forma, você não pode aprender a Torá, uma vez que “Torá” são as passagens da Luz que se se expandem dentro dos desejos de acordo com a lei da equivalência de forma.

Pergunta cont.: Então, o que estamos fazendo durante as aulas?

Resposta: Estamos nos movendo em direção a ela. Nós empregamos a Torá como a Luz que Corrige; nós a usamos à distância.

Num grau espiritual mais elevado, existem as Luzes e os vasos, e eu estou desligado deles. Mas, se eu desejo estar nesse nível e conforme a minha motivação, eu atraio de lá uma pequena iluminação que está preparada para eu ascender.

Assim, eu uso a Torá como a Luz Circundante, mas não a Luz em todo sentido da palavra. Eu ainda não estou estudando a Torá como tal. O verdadeiro estudo é a expansão das Luzes nos vasos (desejos) corrigidos, a interação entre a Luz e o desejo através da tela. É isso que a Torá é.

Meu “eu” espiritual é o desejo de receber que é corrigido pela intenção de doar e está apto a receber a Luz. Desejando alcançar isso, nós lemos livros Cabalísticos, ansiamos com toda nossa força, e trabalhamos no grupo para de alguma forma expressar nosso desejo dirigido à doação.

Mas, a resposta chega somente na forma de Luz Circundante. Eu nem mesmo sei o que ela é; uma e outra vez eu sinto mudanças dentro de mim: um pouco mais de entendimento, um pouco mais de sensação. Isso ainda não é a Torá. A verdadeira Torá é algo concreto: o desejo, a tela, e a conexão entre eles, que nos leva à revelação do Criador, ou à Luz no vaso.

Entretanto, mesmo agora nós estamos usando a força da Torá. Isso é descrito como: “Eu criei a inclinação ao mal e Eu criei a Torá com um condimento, uma vez que a Luz nela Corrige”.

Da 1a parte da Lição Diária de Cabalá 12/04/11Escritos do Rabash

O Ponto De Entrada Na Espiritualidade

Dr. Michael LaitmanPergunta: Por que é que está escrito que “este mundo foi criado somente para Israel” em vez das nações do mundo, embora as suas correcções sejam o objectivo da criação?

Resposta: Devemos seguir as definições científicas da sabedoria da Cabalá. O “mundo” (Olam) significa “oculto” (Alama). Aocultação foi criada apenas para Israel, aqueles que aspiram “directamente ao Criador”. Aqueles que desejam atingir o Criador precisam de atravessar ocultações, sofrimentos, e choques de forma a construírem dentro de si mesmos uma forma negativa oposta ao Criador e então desejarem alcançar a qualidade do Criador: doação afastada da recepção.

Este é o ponto que precisamos alcançar. Entretanto, o nosso desejo não deve ser semelhante ao do Criador em toda a Sua força. De maneira alguma! Você pode ter um desejo que pese apenas 1 grama, mas ele deve ser correcto! Um desejo correcto significa que você sente o que significa estar afastado da recepção. Esta qualidade é a mais importante, e precisamos de a experienciar.

Afinal de contas, por enquanto somos capazes de dar apenas se vemos um benefício. Como está escrito, nós “trocamos uma vaca por um burro”, à medida que recebemos o que consideramos preferível. Por exemplo, um livro é para mim mais importante que dinheiro. Então dou o dinheiro e recebo um livro. Isso se chama aquisição.

Mas porque é que é uma aquisição? Você não pagou? Você não deu o seu dinheiro? Não. Aquilo que eu dei é menos importante para mim que aquilo que recebo. Se eu precisasse de dar algo de igual valor em troca, seria incapaz de o fazer. Eu preciso sempre de imaginar que aquilo que recebo é para mim preferível que aquilo que dou. E quanto maior a diferença entre eles, mais me satisfazem, uma vez que me beneficio disso: “Olhe o que encontrei! Foi quase grátis!”.

É assim que você vive: a sua satisfação deve ser o mais preferível possível em relação àquilo que você dá em troca. Então isso não é chamado de doação.

Como é que uma pessoa sente a separação da recepção, de forma a dar e não a receber algo em troca? Estou disposto a trabalhar sem receber nada em troca se eu acreditar que assim ganho para mim o outro mundo. É como se abrisse uma conta no futuro e fizesse lá pagamentos. Isto é ainda mais crível: ninguém o tirará e nada será perdido como neste mundo.

Mas como é que você sente que está completamente fora do resultado de doar, que não se beneficie de forma alguma dele, e está completamente isolado de si? Você trabalha arduamente toda a sua vida, e ninguém, incluindo o Criador, sabe nada sobre você. Mas você sabe; você trabalha e deseja permanecer apenas nisto. Contudo, se você trabalhar de forma a não sentir culpa, este é o seu pagamento.

Assim, como podemos afastar-nos dos desejos de recepção? Você precisa sentir este afastamento como tão pequeno quanto uma grama, e isso é tudo; você não precisa nada mais que isso. Então você está pronto para a revelação. Afinal de contas, isso já é uma imagem da qualidade genuína de doar, uma imagem do Criador.

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá 11/4/2011, O Zohar

Quem Sofre Com As Pragas Egípcias?

Dr. Michael LaitmanPergunta: Por que é que a condição de se tornar “como um homem com um coração” aparece apenas no Monte Sinai e não antes, durante o êxodo do Egipto?

Resposta: “Um homem com um coração” já é uma correcção, que podemos atingir apenas se o Criador for revelado. Ele realiza esta correcção em nós. Como podem as pessoas que estão ainda no “Egipto”, no seu desejo egoísta, ser obrigadas a unir-se como um homem com um coração?

Se eu ainda estiver imerso no meu egoísmo, não tiver escapado do Faraó, se não me elevei acima do meu ego, como posso unir-me com os outros como um homem? Eu fujo do Egipto com a ajuda da Luz, devido ao meu desejo de sair de lá, de saltar para fora do meu ego! Há um ponto em mim com o qual eu desejo sair e com o qual desejo relacionar-me, para me identificar apenas com ele. Desejo conectar-me apenas através destes pontos. Por agora eu vagamente quero isto, mas ainda não estou nisto.

Nós corremos juntos pela salvação. Contudo, ainda não há união entre nós; toda esta fuga é executada pela força de Cima. Nós não percebemos que ainda não estamos a fazer nada por nós próprios. Apenas nos preparamos o máximo possível.

Está escrito: “E os filhos de Israel gritaram por este trabalho!”. Nós estamos à frente do Faraó e das pragas Egípcias, e não há saída: estes choques vêm a nós e ajudam-nos a separar-nos do nosso ego. Quem sofre com estes choques? O Faraó de dentro de nós, o nosso egoísmo. E sofri tanto dele que estou disposto a quebrá-lo.

Imagine o que aconteceria se algumas pragas Egípcias caíssem no nosso mundo e não houvesse nada para comer ou beber, nem ar para respirar – seria impossível receber o que quer que fosse se agíssemos de forma egoísta! Então não teríamos escolha senão fugir, não sabendo onde, na escuridão, com os olhos fechados, apenas para sermos salvos do estado de desespero completo. Temos destruído a Terra e a sociedade humana e chegámos a um estado onde cada momento de vida causa uma dor terrível. É então que estamos prontos para fugir.

Por agora é apenas uma fuga geral em prol da salvação, e não da unidade. Percebemos que precisamos de unir como um homem com um coração, mas por enquanto não somos capazes de imaginar o que é isso. De forma a perceber isto, iremos ainda precisar de atingir o Monte Sinai (a montanha de ódio) e atravessar o Mar Vermelho (Yam Suf) pelo caminho.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 10/4/2011, Escritos do Rabash