Textos arquivados em ''

O Sistema De Doação

Laitman_138No artigo “Matan Torá (“A Revelação da Divindade”), o Baal HaSulam escreve que a doação se manifesta através de acções que são dirigidas de uma pessoa a outra e de uma pessoa ao Criador. Ambas acções são dirigidas a um objectivo: alcançar a similaridade parcial (através dos 125 degraus dos mundos), e depois a similaridade completa com o Criador (o Mundo do Infinito, um estado de união com o Criador). Quando a pessoa age em prol da doação em vez do benefício próprio, ela não sente a diferença entre doar a outra pessoa ou ao Criador, porque o que quer que esteja além de seu próprio corpo é percepcionado como estranho.

O que significa “trabalhar em prol do Criador?”. Como O imagino eu? Eu uno-me com meus amigos (pessoas com as quais eu partilho o mesmo objectivo), e por este propósito eu elevo-me acima do meu egoísmo. Dentro desta união, eu começo a sentir um desejo mais interno definido como “o Criador”. Através do grupo (Circuito 1), eu influencio-O (Circuito 2). Por sua vez, ambos reagem a mim. O Grupo e o Criador compreendem dois modelos de “estranhos” ou “outros” que estão presentes dentro de mim, ambos os quais eu posso diferenciar. Eu trabalho com ambos os modelos em prol da doação e elevo-me além do meu ego. 

É aqui que o circulo é completado. Não existem “outros,” eu só os imaginei dentro do meu ego (meu desejo de receber prazer). Eu elevo-me acima do meu egoísmo e alcanço um estado chamado “O Outro – 1”, e então eu elevo-me ainda mais alto para um estado que é chamado “O Outro – 2”. Tudo acontece dentro de mim. O ditado, “Do amor pelos seres criados ao amor pelo Criador”, refere-se a dois degraus de correção dos meus desejos egoístas.

Ao “dar ao outro” eu quero ser similar ao Criador, isto é, fundir-me com Ele. Tudo está dentro de mim: por um lado o meu desejo é chamado “grupo”, “vizinhança”, “humanidade” e “almas”, e por outro, num nível mais profundo, ele é chamado “o Criador”. Contudo, tudo isso acontece apenas dentro do meu desejo corrigido pela doação. Eu estou envolvido em duas camadas de relacionamentos. Só que é mais difícil para eu “dar” ao Criador que aos meus amigos.

Da 3ª parte da Lição Diária de Cabala 5/5/10, Artigo “Matan Torá”

Leo Tolstoy: Sobre Judeus

Laitman_021O que é um Judeu? Esta pergunta não é tão estranha como possa aparentar à primeira vista. Examinemos esta criatura livre que foi isolada e oprimida, atropelada e perseguida, queimada e afogada por todos os governantes e nações, mas no entanto vive e prospera apesar do mundo inteiro.

O que é um Judeu, que não sucumbiu a quaisquer tentações terrenas oferecidas por seus opressores e acusadores para que ele renunciasse a sua religião e abandonasse a fé de seus pais?

Um Judeu é um ser sagrado que procurou um fogo eterno dos céus e com ele iluminou a terra e os que vivem nela. Ele é a nascente e a fonte da qual o resto das nações extraíram suas religiões e crenças.

Um Judeu é um pioneiro da cultura. Desde sempre, a ignorância era impossível na Terra Santa, muito mais que nos dias de hoje na Europa civilizada. Além do mais, naquela época quando a vida e a morte de um ser humano não valia nada, o Rabino Akiva falou contra a pena de morte que é agora considerada uma punição aceitável nos países mais civilizados.

Um Judeu é um pioneiro da liberdade. Nos tempos primitivos, quando a nação foi dividida em duas classes, mestres e escravos, o ensinamento de Moisés proibia manter uma pessoa como escravo por mais que seis anos.

Um Judeu é um símbolo de tolerância civil e religiosa, “Então mostre teu amor pelo estranho, pois tu foste estranho na terra do Egipto”. Estas palavras foram proferidas durante tempos distantes e bárbaros, quando era comummente aceito entre as nações se escravizarem mutuamente.

Em termos de tolerância, a religião Judaica está longe de recrutar seguidores. Pelo contrário, o Talmude prescreve que se um não-Judeu se quer converter à fé Judaica, tem de lhe ser explicado a ele quão difícil é ser um Judeu e que os justos de outras religiões também herdam o reino celestial. Um Judeu é um símbolo de eternidade.

A Nação que nem massacre nem tortura puderam exterminar, que nem fogo nem espada das civilizações foram capazes de apagar da face da terra, a nação que primeiro proclamou a palavra do Senhor, a nação que preservou a profecia por tanto tempo e a passou ao resto da humanidade, tal nação não pode desaparecer.

O Judeu é eterno; ele é a personificação da eternidade.

Leo Tolstoy, 1891

Quem Deve Ser Salvo Primeiro?

Laitman_400Uma pergunta que recebi: Eu escutei que você se está a tornar mais e mais envolvido na disseminação interna e construir um sistema de conexão virtual (Internet) que irá permitir aos que seguem o crescimento espiritual a se manterem conectados, se desenvolverem, e a receberem lembretes e programas para seu desenvolvimento espiritual.

E sobre as outras pessoas que nunca ouviram falar sobre a possibilidade de salvação e nunca foram expostas à ideia de que o sofrimento está aqui para nos ajudar a nos corrigirmos a nós mesmos e alcançarmos a Luz e a felicidade? Não os está você a excluí-los?

Minha Resposta: Nós não estamos a abrandar o ritmo da disseminação externa. Mas considere o seguinte exemplo: nós estamos a bordo de um avião e um tripulante anuncia uma aterragem de emergência. Ele recorda-nos que primeiro temos de colocar as nossas próprias mascaras de oxigénio antes de as colocarmos nas nossas crianças, o que pode ser interpretado como um requisito cruel.

Aqui nós estamos numa “situação acidente aéreo” e nós devemos colocar nossas máscaras de oxigénio sobre nós mesmos antes que nossas crianças possam tomar fôlego (Luz). Em vez disso, nós tentamos colocar nossas mascaras de oxigénio sobre as crianças primeiro, e não pensamos sobre a nossa morte iminente. Mas irão nossas crianças sobreviver se nós desmaiarmos primeiro? Não há nenhuma chance. Elas podem apenas sobreviver junto connosco.

O Baal HaSulam escreve na “Introdução ao Livro do Zohar,” Items 66-71, que a disseminação da Cabala deve irradiar em ondas a partir de um centro, dos que estão interessados na Cabala aos que são completamente indiferentes. Todas as pessoas estão conectadas numa alma única de Adão. Se os que têm o ponto no coração (estão interessados na revelação do Criador) constroem a conexão espiritual entre eles e descobrem o Criador nela, então todos irão começar a sentir que nós adquirimos a Força Superior e a sabedoria. Isso irá então atraí-los a nós e à Fonte.

“Olho por Olho, Dente por Dente”

Laitman_085Uma pergunta que recebi: Há um ditado na Torá que se tornou muito popular em todo o mundo: “Vida por vida, olho por olho, dente por dente”. O que isso significa do ponto de vista Cabalístico?

Minha resposta: Se houve uma quebra, agora é necessária uma correção no mesmo nível e da mesma forma. Se o desejo foi corrompido, agora temos de corrigi-lo, torná-lo adequado ao uso. Nós precisamos discernir corretamente onde a quebra ocorreu, e corrigi-lo no lugar exato. Por quê? Ao fazê-lo, nós estudamos o que o Criador fez, a inteligência de seu plano, e como Ele me confunde em cada estado, para que eu procure sua ajuda e aprenda com seu trabalho.

Toda obra de correção é chamada de obra do Criador, porque eu consigo discernir a corrupção, tomá-Lo pela mão, levá-Lo para aquele lugar, e pedir-Lhe para corrigi-lo. Eu imagino antes do tempo como este estado deve ser corrigido. Uma vez que Ele o corrige, eu O complemento, e assim Ele e eu caminhamos juntos. Deste modo, nós estamos conectados com o Criador.

Se eu fosse capaz de fazer essa correção sozinho, eu não teria uma conexão com a Força Superior. Se o Criador fosse capaz de fazer isso sem mim, então quem eu seria? Qual seria a razão da minha existência? Esta é a única maneira que Ele e eu podemos trabalhar juntos como parceiros.

O Criador lamenta pelos desejos (Kelim) quebrados. Por um lado, Ele quer corrigi-los, mas, por outro lado, Ele é incapaz de fazê-lo no sistema geral sem o meu pedido, a minha solicitação, e com a instrução exata quanto ao que corrigir e onde. Assim, eu e ele tornamo-nos verdadeiros parceiros nesta obra.

Da primeira parte da Lição Diária de Cabalá 04/05/10, O Zohar

Conectando-se Com O Diretor De Toda A Realidade

ourÀ medida que a pessoa sobe de um nível para o outro e atravessa vários estados, ela não deve esquecer que há apenas uma única força na realidade. Não é ela ou o ambiente, mas apenas a Força Superior, a Natureza geral, o Criador, que organiza todos estes estados para ela, e ela existe em conexão com Ele.

É verdade que eu tenho de me rebaixar perante o ambiente e tenho de estudar os livros que foram escritos por pessoas sábias, os Cabalistas, e que devo continuamente me construir de novo. Mas através de todos estes meios, este invólucro, este teatro inteiro, eu estou conectado com o único Diretor que ordena tudo pela regra, “Tu me cercaste por trás e pela frente”.

Então eu não atravesso simplesmente níveis e estados, ou construo um relacionamento com o grupo, mas estou sempre conectado com Ele através de todos os meios que Ele colocou entre nós. Eles são como adaptadores que me ajudam a revelá-Lo. Gradualmente, à medida que eu os estudo, eu vejo que todos estes obstáculos e graus de ocultação entre eu e Ele são dirigidos a me ajudar a mudar para que eu me torne mais e mais similar a Ele, ao Diretor que organiza tudo para mim.

Então eu começo a perceber a vizinhança, a atmosfera, os amigos, os estudos, e o professor, como Seus representantes. Eu paro de atribuir qualquer significância ou existência a eles por si mesmos, e eles desaparecem gradualmente aos meus olhos. Eu não mais os vejo como tendo suas próprias forças, poder, e influência.

Eu relaciono-os ao Criador mais e mais, e a este grau eu justifico-os e ao Criador, que age desta maneira comigo. É assim que eu adquiro uma conexão com Ele. Então, eu amo todos, dado que eles me ajudaram a alcançar a adesão com Ele. Assim, o mundo inteiro é chamado “a Shechina Sagrada” – um desejo, dentro do qual a Luz preenche tudo. E este desejo é meu.

Da 8ª lição na  Convenção Mundial Zohar 09/05/10

O Mundo Inteiro Depende De Nós

Dr. Michael LaitmanSe existe algum acontecimento maléfico no mundo, isso significa que ainda não somos capazes de trazer a correção ao mundo. Se as pessoas ainda empreendem guerras, destruição e terrorismo, desprezam-se, mentem, e tentam lucrar umas em relação às outras de qualquer maneira, isso significa que nós falhamos em corrigir o mundo.

Se a Luz brilhasse mais, nada disso aconteceria. As pessoas não seriam capazes de se comportar dessa forma, e a natureza, nos níveis inanimado, vegetativo, e animado, não nos daria essas desagradáveis “surpresas”.

Nós existimos dentro da natureza, mas o nosso equilíbrio depende de nós, no nível humano. É por isso que temos que construir um enorme vaso (Kli) espiritual com aqueles que estudam Cabalá. Nós temos que nos unir através de uma conexão muito forte, de modo que as pessoas de todo o mundo sentirão este poder e serão obrigadas a se unir com as demais.

É assim que acontece. Afinal, de onde vêm todos os nossos diferentes pensamentos e desejos? Nós não sabemos sobre isso, mas eles surgem interiormente, e passam de uma pessoa para outra ao longo da rede de conexão entre nós.

Nós estamos vivendo numa época especial. O Baal HaSulam escreve que devemos ser muito gratos ao Criador por viver numa geração que recebeu a oportunidade de disseminar a ciência Cabalística, que chegou até nós da Antigüidade.

Nós somos a primeira geração capaz de usar essa ciência e alcançar a eternidade, de elevar-se acima desta vida, para sair das fronteiras de todas as limitações terrenas e entrar numa nova dimensão, o mundo espiritual.

Da 6ª Lição da Convenção Mundial do Zohar 09/05/10