A Gematria Dentro de Mim

Laitman_405Uma pergunta que recebi: Eu estudei a Torá, falo cinco línguas, escuto suas lições, e tornei-me mais ou menos familiarizado com a terminologia Cabalística. Habitualmente, quando a pessoa estuda uma língua e aprende as palavras, ler algo nessa língua é suficiente para a compreender. Todavia quando a lição é sobre  O Estudo das Dez Sefirot, eu leio o texto e não compreendo uma única coisa, embora eu conheça todos os termos. Podia bem ser Chinês para mim. O que se está a passar?

Minha Resposta: Você precisa de continuar a aprender esta linguagem. A palavra “linguagem” origina-se da noção de uma “balança” com um indicador de medida localizado directamente no meio. À medida que você continua a alcançar conceitos espirituais, sua linguagem irá continuar a tomar forma, entre o bem e o mal.

Quando nós construímos a linha do meio dentro de nós, nós começamos a compreender e sentir as diferentes gradações de qualidades. Até que alcancemos uma sensação da espiritualidade, nós nunca retemos nada do estudo, não importa quão longamente nos mantemos nele. É tão inútil como repetidamente explicar o sabor de um prato a uma pessoa que nunca o provou.

Toda e cada uma das nossas percepções é um sabor. A partir da Luz que entrou no desejo (Toch Kli) com a intenção de doação, os Cabalistas “provaram” (Taamim) cada conceito existente em O Estudo das Dez Sefirot, de acordo com a lei da equivalência de forma.

A Primeira Restrição está a trabalhar, prevenindo-nos de receber a Luz, uma vez que não temos qualquer similaridade com ela. Sem a tela (a intenção de doar) nós não podemos sentir a Luz. Desta forma, enquanto nos falta a tela, é impossível compreendermos o texto, pois tudo é alcançado via sensação. Daí estar escrito: “Prova e vê que o Criador é bom” (Salmo 34:8). Nós temos de O “provar”, e esta realização ocorre no interior.

É por isto que esse é um problema genuíno. Não importa quanto tempo nós estudamos aqui, esta linguagem escapa-nos, invariavelmente. Por outro lado, ela prepara-nos para começar a senti-la. Subsequentemente, estas sensações começam a aparecer dentro de nós e nós começamos a compreender o texto. Eventualmente nós não precisamos mais de estudar, e subitamente conhecemos os nomes de tudo mesmo sem ler sobre isso nos livros. Nós saberemos o nome de um fenómeno espiritual simplesmente ao senti-lo. Como, quem nos ensinará isto? Ninguém.

À medida que a Luz veste nossos desejos, ela transfere sua impressão a eles em quatro fases: Taamim (sabores), Nekudot (vogais, pontos acompanhando as letras), Tagin (coroas acima das letras), e Otiot (letras), construindo uma Gematria dentro de nós (o valor numérico das palavras).

Então, esta Gematria torna-se uma palavra. Nós “lemos” e subitamente nos apercebemos que um desejo é chamado “árvore,” outro desejo é chamado “sol,” e assim por diante. Além do mais, nós chegamos a conhecer isto como facto, independentemente de onde vivemos no mundo ou se falamos ou não a língua. Logo, nós começamos a compreende-la.

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabala 16/04/10, Prefácio à Sabedoria da Cabalá