“Infelizmente, A Mediação Não Conquistará O Coração Do Mundo” (Times Of Israel)

Michael Laitman, no The Times of Israel: “Infelizmente, A Mediação Não Conquistará O Coração Do Mundo

Nos últimos dias, o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, tem voado de capital em capital na tentativa de fazer a mediação entre a Rússia e a Ucrânia. Ele tem feito longas ligações telefônicas com líderes de todo o mundo e parece ter posicionado Israel em território desconhecido – o intermediário. Israel, o país que costuma ser alvo de críticas e condenações, e que muitas vezes usa intermediários para se comunicar com seus inimigos, se viu na cadeira do conciliador. Infelizmente, mesmo que Bennett tenha sucesso, a posição de Israel no mundo não melhorará, pois o mundo não precisa de nós como mediadores, mas para fazer a paz entre nós e ser um modelo de unidade interna.

Israel sempre foi uma nação especial entre as nações. Desde a sua criação, seu lugar no mundo não é claro. As pessoas não entendiam o papel ou o propósito da nação israelense, mas sentiam que havia uma razão para nossa existência.

Como foi no passado, assim é hoje: o mundo não nos acolhe entre eles. No entanto, tanto a Rússia quanto a Ucrânia parecem ter aceitado a mediação de Bennett e, pelo menos na aparência, parecem se alinhar. Por sua vez, o resto do mundo também parece bastante confortável com a posição incomum de Israel, pois o primeiro-ministro israelense relata aos EUA, França e Alemanha sobre seus esforços e recebe suas bênçãos.

No entanto, por todos os seus esforços, Bennett não fará a paz entre os adversários. Talvez ele consiga negociar um armistício, na melhor das hipóteses, mas não a paz. Para alcançar a paz, primeiro precisamos saber o que isso significa.

O Dicionário Webster define “paz” como “um estado de tranquilidade ou sossego: como a ausência de distúrbios civis” ou “um estado de segurança ou ordem dentro de uma comunidade previsto por lei ou costume”. Em outras palavras, “paz” significa ausência de violência ou guerra ativa. Nesse sentido, se a Rússia e a Ucrânia parassem de lutar amanhã, haveria paz entre eles. Mas poderíamos contar com essa “paz”? Será que esperaríamos mesmo que ela durasse? Provavelmente não, e por uma boa razão: não duraria.

A palavra hebraica para “paz” é shalom, das palavras shlemut (totalidade) ou hashlama (complementaridade). A paz, portanto, requer a existência de duas partes opostas e conflitantes que possuem o que a outra parte não possui, e decidem unir e complementar as deficiências uma da outra. Desta forma, o todo é mais forte do que a soma de suas partes, porque quando estão em paz e se complementam, ambos têm todas as qualidades, inclusive aquelas que não possuíam antes de se unirem ao seu antigo adversário.

Nossos sábios escreveram sobre isso em muitos lugares. O livro Likutei Etzot (Conselhos Variados), por exemplo, define “paz” da seguinte forma: “A essência da paz é conectar dois opostos. Portanto, não se assuste se você vir uma pessoa cuja opinião é completamente oposta à sua e achar que nunca poderá fazer as pazes com ela. Ou, quando vir duas pessoas completamente opostas, não diga que é impossível fazer as pazes entre elas. Pelo contrário, a essência da paz é tentar fazer a paz entre dois opostos”.

A nação israelense foi formada quando pessoas de numerosas tribos e clãs se uniram no espírito do lema acima de complementaridade mútua e geraram uma nova nação feita de todas as nações do mundo antigo. Em certo sentido, eles demonstraram o método pelo qual a humanidade pode alcançar a paz mundial.

Porque o povo judeu consiste em membros de todas as nações, todas as nações sentem que têm interesse no povo judeu. E por causa do nosso papel único, para demonstrar o método para alcançar uma paz forte e duradoura, elas se sentem no direito de nos criticar quando sentem que estamos traindo nosso chamado.

Quando fazemos a paz dentro de nós, indiretamente fazemos a paz entre todas as nações do mundo, precisamente porque as temos dentro de nós e elas são nossa origem. Portanto, se quisermos acabar com as guerras de uma vez por todas, precisamos cumprir a única tarefa que o povo judeu já recebeu: ser um modelo de unidade, uma luz para as nações, e o mundo nos apoiará em nossos esforços.