Não Arranque As Ervas Daninhas

629.4Pergunta: Havia um homem que tinha muito orgulho de seu lindo gramado. Um dia, ele viu dentes-de-leão crescendo na grama. Não importa o quanto ele tentasse lutar contra isso, para seu desânimo, os dentes-de-leão continuavam a crescer rapidamente. Ele se virou para um sábio e perguntou: “Como você pode me ajudar a limpar o campo de dentes-de-leão?” “Você precisa começar a amá-los”, disse o sábio.

Queremos ver um certo tipo de campo, um certo tipo de vida, mas a vida está cheia de dentes-de-leão. Continuamos lutando contra eles, mas a luta nunca leva a nada. Temos que amá-los para que desapareçam?

Resposta: Claro que não.

Pergunta: O que vai acontecer?

Resposta: Não haverá apenas dentes-de-leão, mas todos os tipos de ervas daninhas e espinhos. E você vai perceber que isso é o que deveria existir neste campo. Mas você se encontrará na interação correta com eles. Você verá uma nova vida, um novo mundo, em suas manifestações em relação a você.

Pergunta: Então, minha tarefa não é limpar o campo de ervas daninhas?

Resposta: Não faça nada. O que aparece diante de nós deve aparecer exatamente como é. Só tiramos dele o que precisamos para nossa existência e deixamos tudo como está. Vai mudar dependendo de nossas mudanças internas.

Pergunta: Então, eu nunca destruo nada?

Resposta: Você nunca deve destruir nada!

Pergunta: E se eu encontrar o mal, todos os tipos de problemas, inimigos?

Resposta: Não faça nada! Você não pode destruir nada. Você não pode fazer nada sobre o bem ou o mal. Você nem consegue entender o que é mau e o que é bom. Isso só é possível quando nos comportamos corretamente e, então, por meio do nosso equilíbrio interno entre todas as nossas qualidades más e boas, cada uma dentro de si e entre nós, causamos mudanças na natureza circundante: animada, vegetativa e inanimada, bem como mudanças em seu equilíbrio.

Pergunta: Como ajo corretamente em relação ao que vejo?

Resposta: Devo trabalhar no nível do “ama o seu próximo como a si mesmo” e perceber tudo ao meu redor como uma manifestação do Criador. Eu deveria me destacar em amar toda a natureza sem tentar ver algo bom ou ruim nela, o que vejo através do meu egoísmo quando algo parece bom ou ruim para mim com base em alguns critérios de gosto, ou cheiro, ou sua utilidade, enquanto outra coisa não.

Devo aceitar tudo como a força superior e tentar me moldar como o componente correto dessa força, para estar em harmonia com ela, e tudo se encaixará. Minhas visões vão mudar: tudo o que tiver que sair, sairá, e o que precisa ficar, ficará. Se necessário, os dinossauros reaparecerão, mas serão amigáveis.

Pergunta: Então, estou sempre tentando quebrar essa conexão com a natureza. Esse é meu problema principal?

Resposta: Não quebrá-la, estou tentando mutilá-la.

Pergunta: E ela responde com ervas daninhas, cada vez maiores?

Resposta: Sim.

Pergunta: E se eu tentar encontrar uma conexão com ela, para ressoar com ela, eu praticamente não notarei as ervas daninhas?

Resposta: Simplesmente não a criticarei. Se eu precisar de algo, tirarei com muito cuidado, mas nunca a machucarei.

Tudo depende da atitude. Atitude não é uma ação física. Acontece depois. É o sentimento de amor por tudo ao meu redor porque vem do Criador.

Eu vejo tudo como nojento, sujo, como crueldade entre os animais e assim por diante, e vejo que tudo é natureza, vindo do Criador.

E a razão de ser assim também é explicada para mim na Torá. Se o homem fosse gentil, todas as outras partes da natureza sob ele também seriam gentis umas com as outras. E, naturalmente, o leão se deitaria com o cordeiro, e a criancinha brincaria com eles, e tudo ficaria bem. Depende apenas da atitude das pessoas em relação à natureza. Acho que veremos isso. Está muito perto.

Pergunta: Por natureza, você quer dizer praticamente todo o universo?

Resposta: O universo inteiro, incluindo nosso mundo e todas as interações nele. Até o ponto em que podemos mudar nossa relação com a natureza de tal forma que, com nossa boa atitude, nunca teremos uma reação negativa dela. Pelo contrário, se você precisa tirar algo da natureza – como água ou pão – você é bem-vindo. Tudo vai crescer e florescer lindamente e haverá o suficiente para todos! Tudo o que precisamos fazer é corrigir nossas relações.

Esse não é um conto de fadas. Acho que as pessoas vão começar a entender isso. Então irão restringir todos os seus grandes planos, como voar para Marte ou outros. Elas não precisarão de nada disso.

O mais importante é tornar nossa vida na Terra autossuficiente, bela e nos envolvermos na contemplação interior. Não por meio da expansão externa física. Não alcançaremos nada com isso. Nós apenas nos queimaremos e exauriremos todos os nossos recursos. Mas, ao contrário: por meio de um profundo escrutínio interno da natureza, começaremos a atingir sua eternidade, seu infinito e sua estrutura totalmente diferentes. É aqui que está tudo.

Acho que agora as pessoas vão passar por um certo estágio de percepção da inutilidade de seu desenvolvimento científico e tecnológico e se convencerem de sua futilidade.

Vemos hoje que todos esses anos de progresso não deram em nada. Ele nos permitiu crescer para oito bilhões de pessoas em vez de dois bilhões no decorrer de 100 anos. Mas de que adianta? Quem entre essas pessoas que nasceram e cresceram é feliz ou satisfeito? O que elas estão fazendo de bom para si ou para o mundo? Talvez fosse melhor não trazê-las ao mundo ou desenvolvê-las, mas deixá-las existir de uma forma diferente, não se desenvolvendo, não nascendo.

Pergunta: É possível existir sem nascer?

Resposta: Claro. O que há de bom em elas virem a esse mundo? Está escrito na Torá, os sábios se sentaram e discutiram: quem é feliz – aquele que nasceu ou aquele que não nasceu? E eles decidiram, feliz, claro, é aquele que não nasceu, mas se você nasceu, deve se comportar corretamente.

Pergunta: Então, você ainda deve escolher corretamente o objetivo da vida?

Resposta: Sim. Mas quem não nasceu é mais feliz. E o que ele faz? Ele tem uma vida diferente da qual nada sabemos em uma forma não física.

De KabTV, “Notícias com o Dr. Michael Laitman”, 15/02/21