A Cabalá Não É Uma Seita

laitman_214Pergunta: Como você reage ao fato de que, às vezes, sua organização é chamada de uma seita? Uma seita é algo que está fora da visão de mundo geralmente aceita. Em outras palavras, o Judaísmo apresenta certas coisas de uma maneira, enquanto que você as explica de uma forma completamente diferente. Aqueles que representam o Judaísmo Ortodoxo estão muito frustrados com este fato.

Resposta: Naturalmente, aqueles que estão envolvidos com a Cabalá permanecem sob o olhar atento do Judaísmo tradicional. Afinal de contas, até que os Judeus foram expulsos, não havia nenhuma coisa como o Judaísmo por si, já que o nosso povo observava a grande lei da existência: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”. E agora temos que voltar a ela. Mas ela contradiz a religião convencional, porque a religião esqueceu que amar nossos próximos é sua fundação…

Três mil e quinhentos anos atrás, na antiga Babilônia, Abraão, o fundador de todas as religiões do mundo, revelou o propósito da evolução humana: harmonizar todos com a natureza (o Criador – Elokim, cujo valor numérico na Gematria é idêntico à palavra “Teva” – natureza).

Tendo revelado essa questão, Abraão escreveu seu primeiro livro sobre Cabalá, o Sefer Yetzira (O Livro da Criação). Ele ainda hoje é vendido em livrarias mesmo que tenha sido escrito há muitos séculos atrás.

De acordo com o entendimento de Abraão, a humanidade enfrenta o desafio de alterar nossa natureza egocêntrica e substituí-la por uma natureza autêntica, altruísta, ou seja, atingir a condição de amar nossos próximos como a nós mesmos.

Não somos um povo no sentido convencional da palavra. Pelo contrário, somos um grupo que três mil e quinhentos anos atrás se uniu sob um princípio ideológico.

Portanto, você pode chamar todos os Judeus de uma seita, embora a maioria deles ainda não saiba de onde veio ou por que está aqui.

Pois mil e quinhentos anos antes do ano zero da nossa era, nós vivíamos acima dos nossos egos e observávamos a lei de amar nossos próximos como a nós mesmos. Elas não são apenas palavras, mas uma indicação da necessidade de mudar a natureza humana.

Mais tarde, nós caímos para o nível chamado “a destruição do Templo” ou “o exílio”. Nos últimos dois mil anos nós temos vivido no exílio.

É por isso que a religião apareceu em vez da Cabalá. A religião alegava que, se a pessoa cumprisse mecanicamente todos os mandamentos, ficaria saudável e feliz, e depois da morte receberia um lugar no paraíso.

Até o século XVI, a sabedoria da Cabalá estava oculta da humanidade, e no século XVI ela foi redescoberta para nós pelo grande Cabalista ARI que viveu em Tzfat. Mais tarde, o famoso Cabalista Baal Shem Tov começou a disseminar a Cabalá na Rússia, Bielorrússia e Ucrânia.

Os escritos dos discípulos do Baal Shem Tov não são apenas Hassidismo! É a Cabalá autêntica e verdadeira! Portanto, da época do ARI em diante, a Cabalá foi revivida mais uma vez sob a forma do “ama o teu próximo como a ti mesmo”, porque ao observar esta lei alcançamos a similaridade com a natureza que é totalmente fechada, e dentro está no nível da sinergia, perfeição e harmonia.

Mais tarde, a grande Cabalista do século XX, Baal HaSulam, escreveu comentários sobre obras do ARI e o Livro do Zohar. Ele simplificou a linguagem e disponibilizou essas fontes para nós.

Nós acreditamos que a lei do “amar nossos próximos como a nós mesmos” é o núcleo da nossa existência. Hoje é essencial reviver essa lei porque o mundo atingiu uma crise geral, global. A ciência da Cabalá diz que esta não é apenas uma crise menor, transitória; pelo contrário, é um ponto de transição para o próximo nível existencial.

Nós estamos diante de um desafio transformacional: nós também vamos chegar à similaridade com a natureza, ou seja, construir uma sociedade homogênea, comum, inclusive com a ajuda da Cabalá, que nos explica como nos tornar novamente um povo e nos ensina os caminhos para conduzir a humanidade à unidade ou… O importante é que temos que fazer isso voluntariamente, conscientemente, intencionalmente, ter uma profunda compreensão do que está acontecendo e o que estamos fazendo.

Caso contrário, nós seremos forçados a prosseguir esse caminho pela natureza, a qual nos tornamos ainda mais opostos.

E aqui nós podemos enfrentar um problema grave, um enorme recrudescimento do antissemitismo está a caminho. Não é um fenômeno temporário. É uma condição permanente, profunda que pode fazer as nações do mundo odiar o povo de Israel. Será a maior animosidade já vista; conduzirá o mundo inteiro a tremendas dificuldades, até mesmo à próxima guerra mundial.

Isso explica por que não podemos ficar calmos ou indiferentes. É essencial explicar a todos que a mensagem “ama o teu próximo como a ti mesmo” não é apenas belas palavras que usamos para acalmar nossos filhos quando lhes dizemos “não briguem! Sejam legais com seus amigos”. Na verdade, é a lei geral da integridade e interconexão global da natureza, enquanto que a humanidade age como um tumor canceroso que devora a si mesmo.

Portanto, de acordo com a lei natural do desenvolvimento, nós devemos chegar à conformidade com a lei básica, a lei da homeostase.

Da Coletiva de Imprensa 11/03/15