No Exílio Da Conexão

Laitman_119Pergunta: A pessoa deve sentir a escuridão do Egito como um estado intolerável, para que queira sair dele. O que ela deve fazer para não escapar simplesmente da sensação desagradável, mas aceitar o domínio do Criador?

Resposta: De acordo com a nossa natureza, não somos capazes de permanecer num estado desagradável, a menos que não tenhamos escolha: se alguém me pressiona e me abraça. Eu quero fugir, mas não posso, então eu permaneço na condição desagradável. Isso pode ser físico, quando alguém me segura para me dar uma injeção, por exemplo, como fazemos com os bebês. Ou a sociedade pode me pressionar, e, assim, não tendo escolha, eu faço o que é exigido de mim. Ou seja, eu estou numa condição em que sofro, mas estou sendo pressionado e não posso escapar.

Por natureza, eu fujo de qualquer coisa que não gosto. Este é o desejo de desfrutar. Se eu sinto inclusive “um grama” de desconforto, eu quero ficar longe dele. No entanto, existem diferentes circunstâncias imperiosas, problemas e cálculos que me forçam a continuar a sofrer, sem ter escolha, não porque quero, mas por causa da pressão que é colocada em mim. Esta pressão é chamada de exílio; eu estou sob pressão e permaneço nesse estado e sofro.

Você está pedindo o oposto: Como posso sentir um sofrimento maior para que possa sentir que estou na escuridão egípcia, em tão grande mal, de modo que queira sair disso? Assim, parece não haver problema se eu me coloco num estado de sofrimento.

Mas eu não posso alcançar tal estado de sofrimento; ele deve ser justificado de algum modo: por pressão da opinião pública ou por uma causa que ilumine de longe, como um presente ou uma recompensa. Se eu sou o desejo de receber, não posso causar dano a mim mesmo, a menos que receba uma recompensa que exceda a pressão que experimento ou os esforços que faço em troca. Como posso chegar a sentir o exílio no Egito?

Em primeiro lugar, eu alcanço o exílio no Egito em diferentes maneiras que não estão relacionadas à espiritualidade. Isso significa que não inflijo dor a mim mesmo ou vivo uma vida dura. Não consigo fazer isso. O Egito deve ser um estado muito especial para mim, onde eu sofro porque não posso me conectar com as outras partes quebradas da alma única porque o Faraó nos domina. Esse estado me pressiona e não há nada que eu possa fazer. Eu não posso me livrar de sua presença na conexão entre nós, apesar de todos os meus esforços. Isso é chamado de Egito, quando eu estou pronto para dar qualquer coisa para matar o faraó, para tirá-lo do meu sistema, ou para elevar-me acima dele.

Há muitos discernimentos internos aqui: dentro dele, fora dele, por que é dito “Deixa meu povo ir”, por que é impossível ser livre no Egito, como vamos sair do Egito, e porque nós tomamos os vasos e só o Faraó permanece no Egito? Na verdade, nada permanece no Egito, exceto o Faraó. Tudo o resto é levado para fora do Egito. Esses desejos morrem lá ou são retirados.

Todas essas definições não têm nada a ver com sofrimentos terrenos, mas se referem a uma coisa só: à conexão entre nós, a fim de descobrir o Criador nela e, assim, agradá-Lo. Afinal, o Criador quer que o descubramos. Portanto, nós devemos trabalhar continuamente nesse ponto no grupo e sentir que a única coisa que falta é a conexão. Se você simplesmente quer sair do seu ego (e, talvez, isso seja realmente o que você quer), é apenas porque isso lhe traz muitos problemas. Assim, você tenta mudar o pequeno ego para um ego maior, mais sofisticado, mas ainda quer trabalhar para o Faraó.

Trabalhar fora do Faraó só é possível se você anseia pela conexão, a fim de descobrir o atributo do Criador e, portanto, agradá-Lo quando você assume Sua forma e deseja se parecer com Ele. Você deve examinar este ponto com cuidado.

Da 3a parte da Lição Diária de Cabalá 13/04/14, O Zohar