Egoístas Requintados

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “Paz no Mundo”: A verdade é que a raiz de toda essa desordem dentro de nós não é mais do que o atributo acima mencionado da singularidade, que existe dentro de cada um de nós, seja mais ou menos.

E apesar de termos esclarecido que se trata de uma sublime razão, que este atributo se estende a nós diretamente do Criador, que é único no mundo e a Raiz de todas as criações, ainda assim, como resultado da sensação de singularidade, quando ela se assenta dentro do nosso egoísmo estreito, ela influi ruína e destruição até se tornar a fonte de todas as ruínas que houve e haverá no mundo.

Ninguém vai fazer qualquer progresso até que nós percebamos o grau de nossa singularidade que nos foi dado pela natureza. Todos devem ver plenamente seu egoísmo em sua forma autêntica. Isto é, neste plano material, neste mundo (a maneira como o percebemos) antes de tudo, nós devemos compreender os fundamentos e perceber a magnitude do nosso desejo de agir exclusivamente por nossa própria causa.

No final, nós vamos descobrir que nós somos os únicos a quem levamos em conta e que nunca hesitamos quando se trata de “negligenciar” os outros; nós sempre fazemos o que queremos com os outros, se isso nos traz inclusive uma pequena gota de prazer. Quando analisamos os nossos cálculos, nós vemos que não nos importamos com nada além de nós mesmos, e que, aos nossos olhos, uma partícula mínima do nosso prazer é igual às aflições de todo o mundo. Deixe este reino desaparecer, queimar ou continuar sofrendo para sempre!

A menos que nós descubramos esta condição internamente, nós não nos “familiarizamos” conosco mesmos. Na verdade, é a realização do atributo de singularidade, ou seja, a realização da inclinação ao mal.

É extremamente difícil revelar isto dentro de nós mesmos. Mesmo se admitirmos a nossa maldade, ainda assim não concordamos com ela internamente. A inclinação ao mal não nos permite atravessar o processo de autoanálise, nem nos deixa visualizar ou sentir a nossa natureza, nosso egoísmo requintado, nosso “eu-ismo”, que nos obscurece a imagem inteira do mundo, nem deixa qualquer espaço para outra coisa. É como se os outros simplesmente não existissem; nós somos simplesmente incapazes de levá-los em consideração. Eles estão fora do nosso alcance de percepção. Este tipo de consciência é um passo essencial no caminho para a correção.

Pergunta: Por que o nosso egoísmo oculta a verdade de nós?

Resposta: É uma defesa natural. Nosso egoísmo não quer que soframos. Se nós víssemos todo grau de maldade que temos, nos esforçaríamos em nos livrar dela. É por isso que o nosso egoísmo esconde a verdade de nós: ele mostra um pouco a borda da tampa e depois volta a cobri-la. Isso é organizado desta forma para nos fazer afundar cada vez mais fundo, até que atinjamos o fundo, a realização máxima. Nesse momento, nós estamos prontos para a ajuda da Luz.

Até então, nós não estamos “equipados” para isso; nós só iríamos resistir ao nosso desejo de autocorreção, fugiríamos no último momento. Se nosso egoísmo não nos protegesse das sensações negativas que experimentamos por causa da nossa consciência de nossa essência egoísta, não seríamos capazes de continuar o nosso trabalho.

Isto explica por que um processo cognitivo acontece em “solavancos”. Há pouco nós fomos surpreendidos por nossas iniquidades, mas a cortina se fecha, e mais uma vez nos pegamos tendo pensamentos vis sobre os outros: “quem me dera que ele estivesse morto! Por que eu preciso dele afinal? Ele está no meu caminho…” E mais uma vez ficamos chocados com nossa malevolência, mas nos esquecemos disso novamente. Geralmente, cada atributo é emparelhado com o seu oposto. Caso contrário, não seríamos capazes de penetrar na profundidade.

De qualquer forma, se não aspirarmos ao bem, nunca vamos reconhecer nossa malevolência. É uma regra universal que funciona em todos os estados que atravessamos. Nós buscamos benevolência e doação; nós queremos ficar com nossos amigos; nós levamos a cabo nosso grande objetivo sem hesitação, sem olhar ao redor, sem “rodeios”. No entanto, em vez de benevolência, nós descobrimos solidão, destruição e caos.

Diz-se: “Faça o que puder”. Isso significa que o indivíduo deve ser um “bom menino” e aspirar ao objetivo teimosamente e firmemente. Neste caminho, a pessoa aprende muitas coisas e se torna mais inteligente, mas o principal é continuar avançando e agindo.

Pergunta: Nós podemos nos preparar com antecedência para a revelação do mal, , para que possamos corrigi-la imediatamente?

Resposta: Não, nós nunca devemos nos preparar para o mal. Uma pessoa que trabalhou num circo me disse uma vez que os acrobatas têm uma regra muito importante: antes da apresentação, eles verificam onde poderiam cair. Eles sabem de antemão onde aterrissarão se caírem, e que posição vão manter enquanto caem.

Na espiritualidade, há um análogo para este treinamento. No entanto, nós trabalhamos para não cair. Nós sempre devemos aspirar a avançar. Sim, nós temos que preparar a “retaguarda”, mas nossos olhos devem ver o objetivo à frente. Nós ão temos a intenção de recuar.