Familiaridade Com A Inclinação Ao Mal

Dr. Michael LaitmanTudo o que vemos nesta realidade é o desejo de receber. Ele foi criado em sua forma original e podemos senti-lo. Nós, de fato, somos um desejo de receber.

No entanto, além de sermos um desejo de receber, também temos uma capacidade de pensar, nossa inteligência nos permite verificar se estamos dentro do desejo, se sentimos o desejo. Os animais não são capazes de dizer tais coisas. É um privilégio exclusivo do ser humano.

É aqui que reside a diferença. Com a ajuda da minha mente, eu posso me separar dos meus desejos, analisar e medi-los, e até mesmo olhar para eles de fora. Portanto, eu recebi a chance de ser um “psicólogo” para os outros e para mim mesmo.

Há vida dentro dos meus desejos, e há uma capacidade de analisar esta vida. O que eu sinto dentro de um desejo particular? O que está dentro dos outros desejos que eu tenho? Como eu faço a transição de um desejo para outro? O que eu faço com eles?

À medida que eu vivo dentro do meu desejo, eu posso controlar a minha vida com a ajuda do meu intelecto, memória e capacidade de análise. No entanto, será que eu tenho uma chance de mudar algo na minha vida? Não, só posso “fluir”, juntamente com os desejos.

Isso é o que nós fazemos neste mundo, embora pensemos que somos nós que agimos e fazemos mudanças, escolhendo o “bem” e evitando o “mal” ao usar o nosso cérebro. Na verdade, nós somos incapazes de fazer qualquer coisa com a nossa natureza ou com os nossos desejos.

Há uma interconexão geral entre os desejos chamada de “humanidade”. Por outro lado, há uma unidade entre os pontos no coração (um sistema dos mundos superiores, Malchut do mundo de Atzilut, Shechiná).

Esta unidade representa algo de uma natureza completamente diferente. Se eu receber o seu brilho (um ponto no coração), eu sou capaz de construir outro tipo de atitude para com os meus desejos.

O sistema de interconexão entre as pessoas neste mundo é destinado somente a trazer dificuldades e problemas para elas. Como resultado, as pessoas avançam continuamente. Elas desejam poder mudar o sistema e alcançar mais sucesso na economia, segurança, condições de vida, saúde e assim por diante. A cada vez, ao subir um degrau a mais, as pessoas atingem um resultado oposto. Elas descobrem que a sua situação atual traz mais danos do que benefícios.

Por outro lado, as pessoas que revelam a unidade entre os pontos no coração podem entrar num novo sistema, um sistema de mundos e conexões quebradas. Aqui, separação e animosidade (isto é, a inclinação ao mal) se manifestam de forma plena.

Desejos e relações entre as pessoas neste reino não são parte da inclinação ao mal. Eles ainda estão no estágio “animal” de desenvolvimento. A inclinação ao mal é algo que nos impede a revelação do Criador, a propriedade de doação e amor.

Assim, as pessoas que revelam a força que confronta a unidade dos pontos no coração (amigos no grupo) começam a revelar a inclinação ao mal. Ela se revela apenas entre amigos conforme sua intenção de melhorar a sua conexão. Já é uma revelação da força espiritual, a primeira realização espiritual.

Ao reforçar sua unidade, os amigos do grupo começam a perceber que sabem o que é a inclinação ao mal. Ela nos obriga a necessitar a força de correção que está dentro de nós e para a qual devemos nos referir.

Todos juntos, nós devemos dirigir nossas orações e pedidos ao centro da nossa unidade, ao centro do grupo. Então, devido à “Oração Coletiva”, nós vamos receber a força, e ela vai corrigir a conexão entre nós. É assim que o nosso progresso está sendo implantado.

A força do mal que se apresenta entre nós é o Faraó, rei do Egito. Dependendo das especificidades de nossa percepção, é também chamado de Bilam, Balak, Aman, e assim por diante. De qualquer forma, a nossa única tarefa é unir. Diz-se que o mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, é a grande regra da Torá.

A unidade é a única solução que nos permite percorrer os vários tipos de conexões e alcançar sua maior e mais perfeita regra, para atingir o nível de amor. Como podemos amar os outros? É “como a nós mesmos”.

Este critério permite monitorar constantemente a nós mesmos. Será que eu me esforço para sair de mim mesmo? Os Cabalistas  explicam que “como a ti mesmo” significa mais do que a ti mesmo. Eu, naturalmente me coloco acima de todos os outros. Agora, eu tenho que favorecer e elevar os outros acima de mim. É assim que eu cresço.

Em geral, tudo está sendo revelado de acordo com o princípio: “O que você odeia, não faça a seu amigo”, e, em seguida, a transição para “Ama o teu próximo como a ti mesmo”. Esta é toda a Torá. Portanto, isso explica por que devemos trabalhar em grupo, estudar, e fazer tudo o que fazemos para o bem da unidade. Caso contrário, não vamos avançar. Esta é a sabedoria da Cabalá .

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 25/09/12, “Matan Torá (A Entrega da Torá)”