A “Multidão Mista” E O Maná Do Céu

Laitman_632_4A Torá, “Números”, 11:1-6: Aconteceu que o povo começou a queixar-se das suas dificuldades aos ouvidos do Senhor. Quando Ele os ouviu, a sua ira acendeu-se e fogo da parte do Senhor queimou entre eles e consumiu algumas extremidades do acampamento. Então o povo clamou a Moisés, este orou ao Senhor, e o fogo extinguiu-se. Por isso aquele lugar foi chamado Taberá, porque o fogo da parte do Senhor queimou entre eles.

Uma multidão de estrangeiros que havia no meio deles encheu-se de gula, e até os próprios israelitas tornaram a queixar-se, e diziam: “Ah, se tivéssemos carne para comer! Nós nos lembramos dos peixes que comíamos de graça no Egito, e também dos pepinos, das melancias, dos alhos porós, das cebolas e dos alhos. Mas agora perdemos o apetite; nunca vemos nada, a não ser este maná!”

Por que razão o povo começou a se queixar? Afinal, eles não tinham presunções antes disso.

Foi porque havia uma “multidão mista” (ou “misturada”) entre eles. Isso significa que todos os desejos das pessoas ainda não tinham sido purificados do egoísmo, uma vez que havia desejos como estes entre eles que são chamados de multidão mista. Eles estavam com medo do Criador, mas trabalhavam para si mesmos, para o seu Faraó.

Imagine uma pessoa que tem medo do Criador e realiza tudo o que é dito nos livros sagrados, nos livros de oração, e no Shulchan Aruch. Para que? “Eu estou realizando tudo o que você me disse para fazer, então você deve realizar o que você me prometeu!” Isso é chamado de multidão mista.

A pessoa aparentemente está vivendo perto do Criador, e, supostamente, está provendo a si mesma um paraíso futuro. Ela poderia até mesmo morrer, sabendo que o nirvana (descanso completo) está esperando por ela. Há casos conhecidos quando pararam terroristas no último minuto, e eles gritaram que queriam morrer. Isso é porque eles já estavam prontos para entrar no paraíso, no minuto seguinte.

A multidão mista tenta o povo – ou seja, desejos que existem em cada pessoa – e eles começam a reclamar. Eles não obtêm o que precisam. Todo o movimento no deserto é um movimento dentro do nada. A pessoa não obtém nada. Ela deve se mover para a frente, e isso é tudo. Eles só lhe dão um pequeno sinal, uma pequena nuvem imaginária de que ela está indo em direção a algo.

Quando ela será capaz de sentir mais claramente a presença do Criador? Quando ela violar alguma coisa e sofrer um golpe, “Oh! Agora eu estou convencida de que isso é proibido”. Então, segue-se que é preciso fazer alguma coisa. Estes desejos egoístas dizem: “Nós não queremos ser satisfeitos com um pedido ao Criador”.

Pois qual era a intenção de MAN no deserto? É precisamente graças a minha presença no deserto e não ter nada. De um estado de completo desespero, eu posso encontrar o único caminho, o caminho para o Criador. Eu não tenho mais ninguém a quem me voltar, e quando me volto a Ele, isso é chamado de MAN.

Isto significa que MAN é a elevação da minha oração, o meu pedido especificamente ao Criador e só no deserto! Só quando estou completamente vazio e não tenho nada – nem em prol do corpo, nem em prol do que está por vir, e nem mesmo em prol do mundo vindouro – eu posso me voltar a Ele e sou preenchido por isso. Esse voltar-se ao Criador me preenche.

Na verdade, eu não obtenho nada além de uma conexão unilateral com o Criador. Se eu atuo assim, o maná vem até mim do céu. Eu sou alimentado com ele, e começo a preencher a minha alma.

No entanto, ela é preenchida apenas quando eu me dirijo ao Criador! Portanto, isso não se refere a MAD, à satisfação de cima (a resposta do Criador), mas, especificamente, ao voltar-se de forma unilateral, imaginária, sem uma resposta que não se baseie em nada pelo Criador, de um estado de desespero.

Se eu não quero nenhum favor e prazer do mundo, se não quero outra coisa senão um deserto que me possibilite me voltar a Ele unilateralmente (quando, em geral, eu não sei se estou me voltando ou não), isso é o suficiente para mim. Isso preenche a minha alma. Se eu posso avançar desta maneira, eu entro no deserto e passo por ele.

É dito que havia todos os tipos de gostos do maná. Portanto, tudo o que eu sinto no maná depende do quanto posso juntar meus desejos egoístas ao meu relacionamento com o Criador. Assim, de acordo com isso, eu vou sentir que estou cheio de todos os tipos de coisas.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 11/02/15