O objetivo da criação é fazer o bem aos seres criados, o que significa permitir que os seres criados alcancem o nível do Criador. Não pode haver um presente maior ou um presente do que esse: o desejo de receber tem que ser igual à Luz, ao desejo de doar.

Todo o processo de evolução do desejo ocorre no próprio desejo, na sua compreensão, realização e impressões. Não há mudanças físicas; todas as modificações são nas impressões internas do desejo de receber em comparação com a Luz. Mas o ser criado sente essas alterações como se movendo de um lugar para outro ou no tempo, e discerne as mudanças dentro e em torno dele.

Embora o ser criado possa ver uma imagem totalmente oposta a qualquer momento e acha que está se movendo de um mundo para outro, de um nível para o outro, tudo isso ocorre apenas em seus atributos internos. É difícil de entender no momento porque nós ainda não sofremos quaisquer alterações que nos levam de um mundo para outro, ou de um nível para o outro. O processo que o desejo de receber sofre é um processo de esclarecimento e correção que é cumprido pelos esforços que o desejo faz. Assim, o ser criado constrói seu vaso. Se o processo continua de forma natural, sem esforço, ele é chamado de nível inanimado, vegetal e animal da natureza, os quais são geridos pela Luz.

Mas se o ser criado faz um esforço antes que a Luz o afete, é como se ele mesmo gerisse a Luz e, assim, expressasse o seu livre-arbítrio, a sua independência. Portanto, de tudo que passamos, somente aquilo que fizemos pelos nossos esforços, de acordo com a nossa decisão nos curtos lapsos de livre arbítrio que nos foram dados, que é levado em conta.

Isso é tudo o que somos obrigados a fazer. Mas onde quer que possamos ficar mais fortes a fim de alcançar uma equivalência de forma com a Luz, nós podemos cumprir o nosso livre arbítrio. Nós estamos num estado especial, cercado por muita gente, e, por enquanto, temos a chance de realizar ações corporais em vez de ações espirituais.

Por enquanto, essas ações não são a fim de doar, mas são, na verdade, egoístas, mas através delas nós expressamos o nosso desejo de chegar à doação, garantia mútua, ajuda mútua, apoio e conexão. Assim, nós mostramos que queremos chegar a uma equivalência de forma com o Criador e atingir o nível de ser humano.

A conexão entre nós é chamada de Shechina, o lugar para a revelação do Criador. Nós queremos construir uma rede de conexões entre nós, de ajuda mútua, apoio e unidade, até que, por fim, a rede seja tão apertada e cheia que se torne um vaso, um volume onde o atributo do amor mútuo e da doação possa ser revelado. Nosso vaso irá conter a Luz na medida em que fazemos um esforço para nos assemelhar à verdadeira doação.

Se os nossos esforços ainda não são verdadeiros, nem destinados à verdadeira doação, mas para o nosso próprio benefício, a Luz não pode ser revelada no vaso e ilumina acima de nós na forma de Luz Circundante. Na verdade, ela está dentro de nós, mas nós vemos sua iluminação à distância, pois ainda não podemos usá-la corretamente.

Graças à Luz que nos rodeia, nós gradualmente corrigimos nossos desejos, de tal forma que eles já podem ter verdadeiras intenções de doar em certo nível dos 613 desejos, o que significa se conectar para o bem geral e não para o nosso benefício privado, como cada um pensava anteriormente. Então, a Luz é revelada gradualmente na medida em que somos equivalentes em forma à Luz. Assim, o vaso geral é chamado de Shechina, a Luz dentro dele é chamada de Shochen (o morador) e a revelação da Luz é chamada de “redenção”. A Luz é revelada no interior do vaso.

Nesse meio tempo, o nosso vaso não pode receber a Luz, o que significa que seus componentes (os amigos) não estão conectados em doação e garantia mútua, mas anseiam por chegar a isso, um estado que é chamado de “exílio”. O exílio pode ser em diferentes níveis em diferentes estados. Aumentar o anseio e o desejo pela Luz determina a tristeza que sentimos por estar no exílio. Se a nossa tristeza não for egoísta, mas porque não podemos chegar à conexão para deleitar o Criador, a fonte de Luz, ela evoca a ação da Luz Circundante, que nos corrige e nos dá o poder de conectar e nos eleva ao nível da Shechiná. Assim, nós saímos do exílio e nos conectamos com o Criador.

Esses estados mudam: exílio-redenção, e depois novamente exílio-redenção. Hoje nós estamos no final do último exílio, à beira da última redenção. As leis da correlação entre as Luzes e os vasos nos trouxeram até o fim deste processo, à última ação. Vamos esperar que sintamos que a Shechiná está no exílio e, como resultado, alcancemos a redenção!

Da Preparação para a Lição Diária de Cabalá 27/03/14

Categoria: Lição Diária de Cabalá, Trabalho em Grupo, Trabalho Espiritual |