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As Leis Da Natureza Contém Tudo O Que É Bom

laitman_761_2A Torá, “Levítico” 26:3 – 26:4: Se andardes nos meus estatutos, e guardardes os meus mandamentos, e os cumprirdes, eu vos darei as chuvas a seu tempo, e a terra dará a sua colheita, e a árvore do campo dará o seu fruto.

Os mandamentos do Criador são as leis da natureza – tanto as leis da natureza do nosso mundo que parcialmente vemos, entendemos e sabemos, como as leis da natureza superior que está oculta de nós – que se baseiam nos atributos de amor e doação, cooperação mútua e compreensão.

E a debulha durará até a vindima, e a vindima durará até a semeadura; e comereis o vosso pão a fartar, e habitareis seguros na vossa terra. (Levítico 26: 5).

Isso significa que tudo vai voltar ao seu estado normal, não só na nossa vida corporal, quando uma pessoa tem tudo o que precisa, mas também na vida espiritual. Se começarmos a manter as leis da Torá, receberemos uma recompensa no nível que nós as cumpramos, seja no nível espiritual ou corpóreo, ou em ambos os níveis juntos.

O sistema é construído de modo que se normalmente nos incluímos nele e cumprimos o nosso papel, tomando nosso lugar na natureza, toda a natureza opera harmoniosamente, preenchendo cada um de nós com harmonia.

Pergunta: Qual é o significado de: “e comereis o vosso pão a fartar, e habitareis seguros na vossa terra”?

Resposta: Refere-se aos dois níveis. Um nível é o nosso nível humano, que sentimos a fim de nos trazer e nos adaptar para o segundo nível, o nível espiritual. Pão é a personificação do atributo de Hassadim (doação, Bina). “E comereis o vosso pão a fartar” significa se conectar a Bina e alcançar plenamente esse atributo. A palavra “terra” deriva da palavra “desejo” (Ratzon). “E habitareis seguros na vossa terra”, significa que temos que cumprir todas as condições em nosso desejo, e, assim, todos os desejos serão satisfeitos.

A Torá descreve a estrutura do sistema que opera e nos influencia, chamado sistema dos mundos espirituais: Adam Kadmon, Atzilut, Beria, Yetzira e Assia. Nós avançamos neste sistema, e a nossa cooperação mútua com ele só é possível quando estamos conectados mutuamente de uma maneira correta, harmoniosa, complementando um ao outro e criando uma esfera plena com toda a humanidade dentro dela.

Se mantemos esta condição, nos encontramos em total harmonia com o sistema externo como resultado de nossos desejos comuns (desejo = terra), e tudo o que é bom nos preenche. Nós sentimos este sistema de uma maneira perfeitamente precisa, e ele nos sente da mesma maneira, e, portanto, nós trabalhamos juntos.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 12/11/14

Quando “Pão Frugal ” Se Transforma Em “Pão Do Amor”

Laitman_633_4Pergunta: Pessach é um feriado especial. Todo mundo o respeita, tanto as pessoas seculares como as religiosas. Todo mundo se prepara para o Seder de Pessach (refeição festiva), limpa a casa, compra roupas novas, convidando hóspedes e contemplando a melhor forma de comemorar o Seder de Pessach.

Eu quero entender a essência e o significado simbólico deste feriado. O símbolo mais importante de Pessach é Matzá. O que ele representa?

Resposta: Matzá simboliza o estado em que usamos apenas nossos vasos de doação sem a interferência do nosso ego, do nosso desejo de receber. Nós estamos proibidos de usar desejos egoístas, uma vez que são de propriedade do Faraó. Nós temos que ascendê-los. Desprender-se de nossos desejos egoístas significa o “pão frugal” ou Matzá.

Nós temos que nos relacionam entre nós apenas com amor e doação na medida em que isso está disponível para nós. Nós não estamos prontos para isso ainda, nem entendemos plenamente o que significa. Pessach é um “pequeno estado” (Katnut) que está associado com a falta de energia. O feriado significa o nosso êxodo do poder interno do egoísmo e fazer a transição para a jurisdição da união e do amor entre nós.

O nome do feriado, Pe-sach, significa transição, saltar do egoísmo para o amor e doação. Esta travessia é o símbolo do feriado.

Pessach é uma celebração da liberdade; é uma fuga do ego devastador que nos enterra vivo. Como resultado da redenção, nós começamos a ser uma nação livre na terra livre, ou seja, independentes de nossos desejos (país ou Eretz deriva de Ratzon ou desejo). Nós paramos de nos “devorar” como antes. Em vez disso, nos esforçamos para nos tornarmos o povo de Israel, para unir e se tornar um todo.

Isto é o que significa o êxodo do Egito. Não é uma noção geográfica ou física; é uma sensação interna de alcançar a liberdade interior do anjo da morte. Nossa vida cotidiana é a prova de que a nossa natureza má funciona como um anjo da morte que nos enterra. Ele não nos deixa receber prazer, e constantemente nos força a lutar e discutir, e até mesmo nos leva a guerras internacionais.

O egoísmo não é sobre o nosso desejo de receber prazeres padrões da família, crianças, boa comida, férias ou viagens. O ego significa uma má atitude de um ser humano para com outro ser humano. É um desejo de receber prazer à custa dos outros. Isso explica por que o êxodo do ego significa fugir do ódio aos nossos próximos, da inveja constante, da nossa incapacidade de tolerar os outros, desapego, e dividir-se em numerosos partidos e setores.

Pergunta: Será que isso nos obriga a desistir de algo?

Resposta: Você deve rejeitar o seu ego que é medido apenas pelo grau de seu negativismo em relação aos outros.

Pergunta: No longo prazo, eu vou ganhar ou perder em minha sensação interna de felicidade e contentamento?

Resposta: Eu sou totalmente positivo que só podemos vencer e não temos nada a perder. Nós sofremos danos porque tratamos mal uns aos outros.

Pergunta: Se voltarmos aos símbolos de Pessach, o que o Matzá significa hoje, em Israel de 2015?

Resposta: Nós temos que começar a tratar bem um ao outro. Isso irá desencadear uma atmosfera boa e especial entre nós. No início, as nossas relações futuras parecerão muito “simples”, já que não terão muitas nuances e sabores que resultam de nossas intermináveis discussões ​​e mal-entendidos.

Nós seremos como bons filhos cujas mães lhes pedem para não brigar entre si, mas eles não sentem vida num comportamento pacífico. Só depois que eles se envolvem em conflitos com seus amigos eles obtém impressões coloridas.

É por isso que, a princípio, ele é chamado de “pão frugal” ou Matzá. Mais tarde, nós começamos a desenvolver nossas relações, que não só nos permitem nos separar da maldade, diminuindo-nos na medida em que já não tratamos mal os nossos próximos, mas promovemos a abstinência aos outros que nos permite alcançar bons relacionamentos benevolentes entre nós.

É como se nós rastejássemos por um túnel estreito e gradualmente chegássemos a uma ampla e poderosa estrada de relações benevolentes entre todos nós. Assim, o “pão frugal” se transforma no melhor bolo, o chamado “pão do amor”.

De KabTV “Uma Nova Vida” 24/03/15

Diga A Seu Filho E A Todo Mundo

laitman_622_02Pergunta: É dito que durante o jantar festivo em honra do início de Pessach (Páscoa Judaica), nós temos que conversar com os nossos filhos sobre o êxodo dos judeus do Egito. O que exatamente devemos dizer-lhes? Qual é a coisa mais importante que eles deveriam saber?

Resposta: Em primeiro lugar, eu não acho que exista uma diferença entre adultos e crianças. É dito, “Diga ao seu filho”, ou seja, cada um que não sabe essas coisas e queira aprendê-las é como um filho para nós.

Todo mundo deve descobrir o que o “êxodo” significa e como ele é diferente da libertação. Nós devemos saber se ainda estamos no estado de exílio e continuamos a buscar a redenção.

Exílio é um estado que é oposto à redenção. Eles significam duas sensações internas opostas; até o momento, não somos capazes de definir qualquer um desses estados em nós.

Falando do Egito… Ele era tão ruim para os judeus? No início, eles desfrutavam uma abundância de alimentos e levavam uma “vida de reis”. O Faraó os tratava muito bem, era um verdadeiro paraíso. Por que, de repente, os sete anos de saciedade foram substituídos por sete anos de fome e os judeus reconheceram que estavam no exílio?

As pessoas perderam o propósito da vida. A pessoa parou de entender por que ela vive. Hoje, muitas pessoas podem fazer a mesma confissão: “Eu não sei por que eu vivo. Isso envenena minha vida na medida em que não quero me manter vivo”.

As pessoas escolhem se tornar terroristas pelo desespero, em busca da Luz em suas vidas. Elas buscam um ideal que vale a pena viver. Lutar com coisas que não combinam com seus ideais as fazem sentir que são heróis conquistando inimigos. Essa sensação faz com que suas vidas tenham um propósito; caso contrário, elas se sentem mortas.

Hoje em dia, muitas pessoas estão preocupadas com a descoberta do propósito na vida. Sem nenhum objetivo vital, nossa existência perde o gosto e até mesmo a morte parece melhor para nós do que esse tipo de vida. A abundância da carne e do alho egípcios não satisfaz mais.

O Egito reunia todo tipo de desejos humanos: comida, sexo, família, dinheiro, poder e conhecimento. Era um paraíso para todos, e os judeus eram os mais respeitáveis e ricos de toda a população egípcia. Portanto, o que lhes faltava? Apenas o propósito da vida. Quando esse tipo de pergunta desperta numa pessoa, ele envenena a própria sensação de ser. Nós sentimos que vivemos numa gaiola dourada e somos incapazes de sair dela.

Isto é o que é chamado de “escravidão”. Nossa vida próspera nos sufoca e mata. Se a nossa existência não fosse tão “saciada” justificaria o nosso desejo de fugir dela. No entanto, o nosso egoísmo não nos permite rejeitar uma existência confortável.

Nosso ego recebe prazer da vida egípcia. Ao mesmo tempo, nós somos conduzidos por uma pergunta: “Por que vivemos? Somos pessoas ou apenas animais?” Isto é o que está acontecendo no mundo hoje em dia.

Nós podemos prover tudo o que precisamos para viver uma boa vida, mas tudo o que temos é embebido com amargura. A pergunta sobre a essência da vida é muito mais importante do que benefícios materiais regulares. Ela nos atira do topo da montanha para o abismo, fazendo-nos reconhecer a nossa total obscuridade.

Isso é muito comum no mundo moderno, especialmente entre as gerações mais jovens. Nós começamos a sentir que estamos no exílio, em nosso egoísmo que nos mantém sob seu domínio e não nos deixar ir. Esse estado é chamado de “escravidão do Egito”. Nós temos que nos libertar dele.

De KabTV “Uma Nova Vida” 31/03/15

A Arte Do Amor

Laitman_201_01Pergunta: Quem não se apaixonou em sua vida? Forças poderosas estão escondidas nesse sentimento. Estas são as forças que movem todos nós e ativam toda uma cadeia de impulsos internos. Dentro desses estados de fluxo e refluxo estão incluídos vários componentes com os quais não sabemos como trabalhar corretamente.

Por um lado, se apaixonar é um forte desejo sexual, e, por outro lado, é um sentimento mais profundo, amor, algo que requer um sentimento mais íntimo e interno.

Do que é composto o amor? Que cores são encontradas no seu espectro? O que faz com que esse diamante brilhe, e como vamos aperfeiçoá-lo para que ele brilhe mais e não desapareça? Parece que se as pessoas não aprenderem isso, elas vão continuar a se afundar no curso dos obstáculos que a vida compartilhada lhes apresenta.

Hoje, como em todas as áreas da vida, até mesmo o amor foi arremessado numa crise, e nós começamos a entender que, basicamente, o amor é uma arte que temos que adquirir. Nós não possuímos as habilidades para o amor.

Resposta: Em primeiro lugar, é preciso definir o que é o amor. Afinal, o que nós consideramos “amor” é, de fato, um impulso sexual que desperta desde dentro e exige satisfação, como em todos os animais.

A sensação de se apaixonar não está conectada ao amor verdadeiro. Não é por acaso que está escrito na Torá: “…não seguireis o vosso coração, nem os vossos olhos…” (Números 15:39). Isso não é amor.

Este tipo de crise geral foi causado quando começamos a chamar o impulso sexual de “amor”. Como se entende, é necessário satisfazê-lo, mas, em qualquer caso, o impulso sexual é como o resto dos impulsos por comida, família, dinheiro, respeito, controle e conhecimento.

O impulso sexual típico é único na espécie humana. Com os animais, ele é ditado por épocas para reprodução ou outras limitações e destina-se apenas à continuação da espécie, ao passo que, conosco, ele não está conectado às estações do ano, pois, afinal de contas, a pessoa transcende os ciclos naturais de vida e, em geral, está desconectada da natureza.

De uma forma ou de outra, essa paixão se desenvolve junto conosco e assume diferentes formas de acordo com os períodos históricos. Por exemplo, nos tempos antigos, a homossexualidade era moda, mas, mais tarde, a religião escreveu suas próprias leis nessa área.

Em princípio, o que motiva o nosso desenvolvimento é o ego, que tem crescido de geração em geração. Assim, o desejo sexual começou a queimar em nós cada vez mais, juntamente com impulsos adicionais em todos os tipos de direções. Ao longo do tempo, nós realmente mudamos nossos desejos egoístas para o prazer pessoal em vários graus.

No entanto, hoje, a situação já piorou. Nós não estamos mais preparados para viver um com o outro por um longo período de tempo. Estatisticamente, após vários anos, algo como um explosivo é criado entre nós, levando a uma explosão inevitável e o agravamento da conexão.

Assim, em nossos dias, a opinião pública está inclinada à possibilidade de viver sem família ou substituí-la depois de um determinado período de tempo, e com isso o potencial familial desperdiçado se renova de tempos em tempos. Além disso, o que deve ser levado em conta é que vivemos duas vezes mais que se vivia nos séculos anteriores, e isso traz problemas adicionais.

No entanto, de fato, não há nenhuma conexão entre sexo e uma verdadeira família, entre sexo e amor verdadeiro. O sexo, em si, é apenas um impulso físico. Se eu me entendo corretamente, quando eu sou guiado por esse impulso no fundo dos valores da sociedade, eu noto algum “objeto” apropriado para eu “descarregar”.

Seja como for que chamamos essa dominância por hormônios, certamente não estamos falando do amor, que queremos associar com o sexo. O sexo é, basicamente, uma unidade que tem o seu lugar na vida normal.

No entanto, se quisermos falar de amor, é irrelevante para o que estamos acostumados a imaginar sobre sexo, mas é de fato relevante para a família.

Pergunta: O amor está completamente separado dos nossos conceitos anteriores ou é construído como uma nova camada acima deles?

Resposta: O sexo estará conectado ao amor, mas o amor é criado sem qualquer conexão com os hormônios. Especificamente desta forma, nós podemos criar algo positivo, poderoso, profundo e eterno.

Pergunta: Em outras palavras, é uma conexão contínua e poderosa de corações apaixonados que não começa com uma “paixão hormonal”?

Resposta: Certo, nós estamos falando de uma maneira totalmente diferente de conectar essa necessidade de ser ensinado sobre o desenvolvimento de novas relações formadas acima do nosso ego, acima de nossos desejos. Esta é uma paixão por uma conexão interna com uma pessoa que se torna um amigo para você, um verdadeiro amigo, alguém que lhe dá seu ombro, tranquilidade e compreensão, completando e acompanhando-o para sempre.

No entanto, isso ocorre com a condição de que essa conexão seja eterna e não “substituída” por outras alternativas que existem simultaneamente, como acontece nas relações sexuais, que hoje estão sujeitas a impulsos momentâneos e livre de obrigações. O amor não pode habitar acima delas. Pelo contrário, apenas quando há amor verdadeiro, uma conexão interna entre as pessoas, é possível conectar a proximidade sexual a ele.

Pergunta: Será que isso significa que os valores sexuais são derivados de um curso geral de desenvolvimento como qualquer outra paixão humana?

Resposta: Claro. Por exemplo, nosso alimento hoje é totalmente diferente do alimento que as pessoas consumiam 100 ou 200 anos atrás. No passado, as pessoas comiam coisas simples, ao passo que, hoje, a família média coloca uma mesa que reis teriam invejado e desfruta de uma gama sem precedentes de produtos.

Comentário: Os dados atuais realmente tornam possível definir a paixão como uma estimulação hormonal, como um resultado do qual a pessoa é “inflamada” por alguém.

Resposta: Alguns estão acostumados a se conectar com um determinado parceiro. Outros, pelo contrário, não estão preparados para alcançar a satisfação sexual com o mesmo parceiro. De acordo com sua natureza, alguém precisa de vários parceiros ou um novo parceiro o tempo todo; é assim que ele é construído. Não é possível arrancar essa inclinação.

Nós somos testemunhas de tais desvios, de várias diferenças que já são consideradas normais e legítimas hoje.

De um modo geral, isso fala sobre uma característica corporal que deve ser satisfeita como a fome. Portanto, a sociedade deve ser construída de modo que seja possível para uma pessoa satisfazer esses tipos de necessidades corpóreas assim como suas necessidades por alimentação.

Pergunta: Se for assim, como características congênitas ou adquiridas de uma pessoa devem ser integradas com a influência ambiental?

Resposta: O ambiente influencia apenas a forma de expressão dos desejos naturais. Por exemplo, alguém prefere uma dieta vegetariana desde o nascimento, alguém prefere grãos, uma terceira prefere peixes, e assim por diante. A influência do ambiente não pode realmente mudar gostos inatos que são condicionados pela fisiologia e até mesmo conectados às características típicas da pessoa.

Da mesma forma, o impulso sexual é principalmente determinado geneticamente, e as influências externas basicamente não podem mudar a sua forma de expressão. A natureza de uma pessoa determina seus hábitos sexuais exatamente como seus hábitos alimentares.

No entanto, quanto ao grau de crescimento dos desejos, o ambiente pode influenciá-los mais, e hábitos adquiridos se tornam uma segunda natureza na dieta, sexo, relacionamentos familiares, e assim por diante.

No entanto, em última análise, eu deixo tudo isso de lado. Eu atribuo isso às características corporais de uma pessoa e não lhes dou um significado ainda maior. Elas são inevitavelmente condicionadas pela nossa fisiologia. Desejos podem ser aumentados ou reduzidos por meio da injeção de hormônios. Houve um tempo em que era muito difícil para mim aceitar isso, mas, em última análise, eu absorvi o aspecto físico das emoções e sensações que todos experimentam.

Eu creio que essas ideias estão faltando na juventude de hoje e não só para elas. CIsso se refere a coisas que são fatos totalmente claros e científicos. No entanto, não queremos saber deles. Talvez seja porque preferimos uma misteriosa incerteza em vez da verdade inequívoca. Afinal de contas, o valor de uma série de livros e filmes de Hollywood seria negado. É agradável para as pessoas conectarem o conceito de amor ao impulso sexual.

Comentário: Vamos voltar ao relacionamento correto com um parceiro que pode se tornar, como você disse, um parceiro fiel.

Resposta: Este é um parceiro do sexo oposto, tanto física como mentalmente. Eu sinto que nós completamos um ao outro. No entanto, este não é um desejo sexual, e eu não posso completá-lo com um parceiro do mesmo sexo.

Um homem pode se tornar um amigo querido. “Haver (amigo) é derivado da palavra “Chibur” (conexão), e nestas relações o amor é diferente, o amor dos amigos. No entanto, aqui, isso se refere ao amor que é suportado pela própria natureza. Afinal de contas, juntamente com o meu parceiro para a vida, eu completo tudo o que está conectado à comida, sexo e família. Além disso, junto com essa pessoa, eu adquiro dinheiro, respeito e conhecimento. Portanto, eu materializo todos os meus desejos internos numa conexão mútua que é absorvida com o verdadeiro e profundo amor.

O amor é um espaço no qual eu adquiro a forma correta para os meus desejos, e esse é o lugar para minha esposa (ou marido), e, num sentido mais amplo, o amor é uma conexão mútua interna entre as pessoas. Quando eu tenho amigos e estou conectado, ligado a eles internamente, uma sensação se desenvolve entre nós e nos domina, a qual é chamada de amor. Se eu quiser dar prazer a outro, satisfazer seus desejos e necessidades, se estou pronto para isso, é um sinal de que eu o amo, e, em geral, o sentimento é mútuo.

Comentário: Voltando à conexão entre um homem e uma mulher, você está descrevendo uma conexão muito íntima entre os parceiros.

Resposta: É uma conexão que é tão plena e estável que uma terceira pessoa não pode entrar nesta área. Ninguém vê o abraço de almas. Ninguém pode sentir o quanto elas se entrelaçam, são absorvidas uma na outra. Este é um tipo particular de proximidade física que é copiado no nível da alma.

Basicamente, o acoplamento físico deve despertar em nós a necessidade deste “jogo”, de procurar os desejos de cada um, despertar o apetite pela conexão interna. Este romance entre as almas me obriga a entender o que o meu parceiro gostaria de receber de mim. Como eu posso prover isso, ajudá-lo? Como podemos procurar juntos, um dentro do outro, as ferramentas da vida, sem as quais nos sentimos vazios?

Tudo isso está acontecendo precisamente nas emoções no nível da alma e não entre os corpos.

Comentário: Os psicólogos chamam essa conexão de “amor romântico”.

Resposta: O amor romântico é baseado em hormônios, enquanto que nós somos o oposto. Primeiro, cultivamos a verdadeira emoção e, depois disso, adicionamos o aspecto hormonal a ela.

Por outro lado, nós realmente nos voltamos às pessoas onde já existe uma conexão física. Então, cabe a nós aprofundar e expandir a conexão existente como é habitual no mundo, para transmitir “laços” de um coração para outro.

Comentário: Então, vamos passar da primeira explosão de emoção, da excitação de se apaixonar, para relações que se estabilizaram depois. Nessas relações, existem dois componentes: paixão sexual e um desejo de fortalecer uma conexão mais íntima.

Resposta: Eu suponho que este é um desejo muito frágil que vem com o espírito dos filmes românticos. As pessoas não entendem que, a fim de realmente realizá-lo, é preciso investir uma enorme força, compreensão mútua, e matar o ego dentro delas para possibilitar que o parceiro entre em mim, assim como suavemente penetrá-lo.

Pergunta: Como é criada uma conexão profunda e íntima entre duas pessoas? Onde a pessoa começa?

Resposta: Aqui, há uma necessidade de palestras educativas sobre a natureza humana e a psicologia, bem como sobre a nossa alma, sobre o desejo constante de um amor mais profundo, de onde ele vem e por quê. Afinal, a paixão é característica apenas da espécie humana.

Estas explicações são integradas com workshops que reforçam a compreensão do material e despertam as pessoas para uma busca interior, de modo que elas tentariam construir as ferramentas, o anseio pelo amor, em si mesmas.

Eu quero que ele realmente me ame, com a alma, de modo que o meu parceiro entrasse, fosse preenchido, me entendesse, me envolvesse com preocupação, me apoiasse, e me fortalecesse como uma mãe que sempre está preocupada com seu filho pequeno. Eu espero que ele descubra mais e mais possibilidades de me dar prazer, trazendo-me uma sensação de segurança, um abraço caloroso: em resumo, um preenchimento interior.

No entanto, por outro lado, como está escrito: “… amarás o teu próximo como a ti mesmo …” (Levítico 19:18), o que equivale a dizer que eu também preciso desenvolver a mesma atitude para com o meu parceiro, entender que a mesma paixão, a mesma necessidade, queima dentro dele, só que ela é descoberta cada vez de uma forma diferente. Afinal, nós somos pessoas diferentes, bem como de um sexo diferente. No entanto, em princípio, a abordagem é idêntica. Nós dois queremos a mesma coisa, embora cada um queira ao seu modo.

Assim, em workshops, quando eu me volto ao parceiro de acordo com o princípio, “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, nós examinamos como realizar isso, como descobrir essa paixão no outro, como podemos penetrar no outro. Esta não é uma invasão bruta. Pelo contrário, eu deslizo para dentro, para preencher o vazio. Mais corretamente, eu abro-o. Eu expresso o desejo como um apetite antes de uma refeição.

Essa é a forma como cada um analisa essa sensação dentro de si mesmo e tenta compreendê-la no outro, e, de repente, graças ao nosso trabalho mútuo, descobrimos espaços dentro, vastos espaços, que são a alma.

Esta é a maior paixão da espécie humana, reduzir o nível bestial que exige prazeres corpóreos tradicionais. Isso é o que nós precisamos, e, se uma pessoa está pronta para satisfazer esse desejo em outro enquanto obtém a satisfação de seu desejo dele em troca, então nenhuma necessidade, desejo ou outros espaços vazios internos permanecem para ela. Afinal de contas, desta forma, ela adquire a satisfação plena. É assim que somos construídos.

Portanto, todos os problemas da humanidade (terror, guerras, lutas pelo poder, arrogância, conflitos) resultam de não estarmos preparados para descobrir os espaços interiores do amor, abandonando-os como cavernas escuras e vazias nas profundezas da alma. Se começarmos a resolver esse problema, forneceremos uma solução completa para tudo. A chave para o sucesso está especificamente escondida aqui, e, como resultado de usá-la, todos os outros problemas são resolvidos: guerras, conflitos, perversões, e assim por diante.

Nós não precisamos mais vagar em torno das prateleiras sem fim de produtos para o ego, tornando-nos infinitamente confusos com seus caprichos. Em vez disso, começamos nos envolver com a coisa principal. Nós adquirimos uma arte superior, construímos uma cultura superior que nos dará tudo. Nós começamos a entender um ao outro. Começamos a olhar para as pessoas de forma diferente. Afinal de contas, se o amor dos amigos ou so parceiro queima dentro de uma pessoa, ela parece completamente diferente, e isso muda completamente as relações entre nós.

Está escrito: “… o amor cobre todas as transgressões” (Provérbios 10:12). Em nossa sociedade, há muitos defeitos e problemas a partir dos quais muitas pessoas fogem para as drogas, afundando na depressão e até se suicidando. Por todas estas transgressões, o amor está pronto para cobri-las. No entanto, este é o único amor verdadeiro e não o sexo. O sexo é apenas um estímulo curto e negativo que traz consigo muitos problemas relacionados.

Como se entende, eu não sou contra o sexo. Pelo contrário, eu só estou desenhando um quadro da situação que foi criada hoje.

Pergunta: Portanto, a arte do amor está pronta para fazer a humanidade florescer de novo e elevá-la a um novo nível de conexão mútua entre as pessoas. E quanto ao relacionamento com um parceiro de vida? Como eu e ele podemos aprender esta arte?

Resposta: Eu me imagino como uma criança nas mãos de sua mãe. Especificamente, amor e preocupação são a base fundamental para o nosso crescimento, e, pelo contrário, crianças que não têm isso têm problemas em seu desenvolvimento e até mesmo em sua saúde. A relação determina tudo. Nós crescemos a partir da sensação de amor, e aqui eu estou nas mãos de minha mãe, não entendendo nada e não sabendo de nada, como um pequeno animal, embora já sentindo amor.

Quando eu imagino essa situação num workshop, eu começo a descrever a mesma coisa. Como é isso? Que espaços são preenchidos em mim? Eu vou mais fundo em mim e digo que é o amor, sem poupar palavras e sentimentos. Eu não apenas defino o amor. Pelo contrário, eu também puxo essa corda e a descubro cada vez mais.

Então, essa observação interior e autoestudo irão revelar-me que os mesmos vazios, as mesmas necessidades de uma atitude de amor e preocupação, também estão em meu parceiro, e eu começo a cumpri-las como uma mãe.

Então, com a ajuda de uma série de workshops, nós descobrimos o que é a sensação de amor. Ela vem a ser expressa no outro, preenchendo para mim todos os vazios internos, desejos e paixões que eu costumava sentir como um vazio e insatisfação.

A criança nasce com um desejo. Ela quer que eles cuidem dela. Depois, ela sente o amor de sua mãe e é relaxada por suas mãos, mesmo que pareça que, principalmente, nada mudou. Ela anseia por seu cheiro. Ela para de chorar e suaviza.

Tudo isso é porque a necessidade de amor e relacionamento nasce junto conosco e já é expressada no colo da mãe, e agora nos primeiros workshops, cabe a mim entender, esclarecer esses mesmos desejos que eu posso satisfazer apenas com a ajuda da preocupação de parentes: o amor. Eu quero saber mais sobre as sensações negativas dentro de mim, os espaços vazios, os desejos insatisfeitos e as deficiências que exigem satisfação. Eu procuro apenas por aquilo que me falta e que só pode ser recebido dos outros.

Essa é apenas a forma como uma criança pequena precisa de sua mãe e nada vai tomar o lugar dela. Este é um sinal de que o amor é a principal coisa que nos falta, mesmo quando adultos. Toda a vida, do começo ao fim, tem que ser acompanhada pela sensação de amor.

No entanto, nós bloqueamos o fluxo de amor, porque não temos nos preocupado com a sua existência. Na medida em que eu cresço, eu exijo cada vez menos cuidados de minha mãe, e então, naturalmente, me distancio dela, e aqui deve ser entendido que, na medida em que nos afastamos de nossos pais, cabe a nós amadurecer nas crianças e jovens um desejo e uma necessidade de uma verdadeira e profunda conexão cujo nome é amor.

A sociedade, o meu parceiro e o meu relacionamento com todo o universo, a natureza inanimada, vegetal, animal e a humanidade, tudo isso, deve basicamente me dar uma sensação de preocupação maternal. Não é à toa que chamamos a natureza de mãe. É assim que o mundo circundante deve me tratar.

Ao perceber que uma pessoa num workshop, como ela é inflamada, nós consideramos o que é ser uma criança nas mãos de sua mãe e, depois disso, crescemos ao seu lado. O que ela me dá? Como ela me aquece e me permite ter uma sensação de segurança? Como é que ela cuida de mim e prepara tudo para mim que eu não estou pronto para fazer por mim? Ainda é muito cedo para eu comer alimentos sólidos, de modo que ela prepara mingau para mim. Eu não posso tomar banho, então ela me dá banho, e assim por diante.

É assim que a preocupação com os outros é expressada, primeiro no por que eu não posso fazer algo por mim mesmo. É assim que eu descubro a necessidade, a contínua falta em relação ao calor e à preocupação dos parentes, uma relação que eu nunca seria capaz de prover só para mim. Eu não vou ser capaz de preencher o grande vazio interior; só os outros podem cuidar disso.

Eu quero que eles me amem, me apreciem. Eu quero me sentir especial, maravilhoso. Tudo isto pode ser tirado apenas do ambiente. Caso contrário, quando nós não recebemos essa graça, sofremos todas as nossas vidas.

Nós não obtemos nenhum favor assim que o ambiente não compensa a separação da mãe através do parceiro ou dos amigos. Em tribos antigas, as pessoas compensavam essa deficiência. A criança crescia numa família grande e recebia uma relação incessante de amor e preocupação com ela, e, portanto, as pessoas eram então muito mais inteiras, naturais e descontraídas. No entanto, seus desejos eram também menores.

No entanto, isso não é assim conosco. Nós somos mais defeituosos, carentes, estamos sem a satisfação essencial que a sociedade não nos fornece, começando desde a infância. Em contraste com as antigas tribos, começando com a torre de Babel, a sociedade se desenvolveu egoisticamente e, posteriormente, criou uma grande deficiência de amor em nós. O ego crescente trouxe esse vazio para nós.

Esta é a razão de Abraão ter ido à humanidade, que estava começando a ser dividida sob a pressão dos impulsos egoístas, e dizer: “… amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Dessa forma, você vai ser preenchido. Você vai completar tudo.

Pergunta: Essa abordagem não é contrária à unicidade e individualidade?

Resposta: Não, pelo contrário, todo mundo descobre dentro de si um espaço maior, tornando-se ainda mais exclusivo. Voltar à união entre nós preserva a singularidade e a individualidade de cada um. O indivíduo permanece e floresce em condições de cuidados tradicionais, que possibilitam que ele descubra um desejo mais forte de amor das pessoas próximas a ele.

Na verdade, ao examinar os vazios internos, eu descubro que só toda a humanidade possa preenchê-los para mim. Através do contato inicial com o parceiro, eu descubro novos desejos através do ambiente dos amigos, da comunidade e de todo o mundo. Meu amor se expande. Ele ainda é apoiado pelas relações familiares básicas, mas já atinge dimensões globais. É lógico que eu estou vivendo especificamente num espaço que se abre para mim com uma nova sensação de preocupação mútua.

Este é verdadeiramente o amor mútuo e vivo, laços que conectam os corações. Este já não é o meu espaço privado. Afinal de contas, aqui eu experimento a doação de fora, e daqui eu trago doação a todos. Eu os amo como a mim mesmo. Essa reciprocidade é mantida. Caso contrário, eu não os sentiria, nem eles me sentiriam.

Assim, o amor pelos outros se torna satisfação para mim. Quanto mais eu amo aqueles que estão perto de mim, quanto mais eu lhes trago abundância, mais sou satisfeito. Nossas relações se tornam uma coisa completa, e não há mais qualquer diferença entre o meu amor por eles e seu amor por mim. Essa é agora a propriedade de todos.

Então, os nossos espaços interiores começam a se conectar, tanto seu vazio e seu preenchimento, e as necessidades físicas, como comida ou sexo, se tornam acompanhamentos e não mais do que isso.

Em última análise, a pessoa não sente qualquer desapego. Seus desejos crescem quantitativa e qualitativamente, e a sociedade os provê. Como resultado disso, ela é devotada à sociedade, amando todo mundo, e quando recebe abundância deles por si mesma, ela doa isso para aqueles que a rodeiam. Não há alienação. Não há engano. Não há ódio. Tudo flui naturalmente, porque um amor como esse não deixa lugar para fazer qualquer coisa contra a sociedade. Essa sensação nos conquista, nos domina, não pela força, mas por si só.

Pergunta: Eu sinto o vazio dentro de mim, entendo que ele anseia por amor, e só um verdadeiro parceiro pode preenche-lo. E depois?

Resposta: Em primeiro lugar, isso se refere ao parceiro mais natural e próximo a mim. Em nossos relacionamentos, tudo depende de nós, da maneira com a qual nós desenvolvemos a nossa conexão mútua absorvida no amor.

Portanto, primeiro eu descubro um vazio dentro de mim egoisticamente, quando quero que ele seja preenchido por mim. No entanto, depois disso, eu começo a entender que o vazio será preenchido apenas com base nas relações mútuas. Isso significa que eu preciso expressar a mesma atitude para com o meu parceiro.

Então, de repente, descobre-se que quando eu estou preocupado com ele, eu também obtenho prazer com isso. É assim que nós estamos num processo de aprendizagem e desenvolvimento comum.

A mãe sente imenso prazer quando cuida de seu bebê. Ela não tem nada mais desejável, mais sublime, ou melhor. Isso é amor. Eu estou preocupado com alguém e obtenho satisfação, realização e estímulo disso, uma sensação única que não me possibilita ser separado da preocupação pela pessoa amada.

Assim, somente numa fundação de vazio interior, um impulso interno em direção ao amor que eu anseio receber do outro, cabe a mim desenvolver a mesma relação para com ele. Este é o princípio do “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, e, quando nós começamos a trabalhar corretamente em sua realização, eu sinto que a verdade é que eu obtenho prazer não numa situação onde eu me deito como um bebê em mãos amorosas, mas quando trago amor aos outros.

De KabTV “Uma Nova Vida” 23/06/13