A Linguagem Especial Da Torá

Dr. Michael LaitmanA Torá, Êxodo, “Tetzaveh“, 29:43-46: Lá me encontrarei com os israelitas, e o lugar será consagrado pela minha glória. Assim consagrarei a Tenda do Encon­tro e o altar, e consagrarei também Arão e seus filhos para me servirem como sacerdotes. E habitarei no meio dos israelitas e serei o seu Deus. Saberão que eu sou o Senhor, o seu Deus, que os tirou do Egito para habitar no meio deles. Eu sou o Senhor, o seu Deus. Na presença da força Superior (o Criador), a Luz se veste num Kli (vaso) corrigido; então, desejos modificados “saturam” o universo inteiro com a Luz superior da espiritualidade.

Pergunta: Em geral, tudo o que está escrito na Torá pode ser entendido da seguinte forma: “Aja como está escrito, e o Senhor aparecerá em você como uma marca”. É isso mesmo?

Resposta: Se você considerar literalmente o que está escrito na Torá, você verá imagens extremamente duras e sangrentas. É realmente difícil entender como todos conseguem considerar estas imagens sagradas e adorá-las se tudo o que elas descrevem é uma vida muito primitiva de “selvagens” que viveram milhares de anos atrás.

Ainda hoje nós vemos pessoas se matando e se relacionando com assassinatos como uma espécie de “sacrifício”. Esta é uma enorme dissonância com a grandeza de doação e amor! Estas imagens simplesmente não são sublimes ou espirituais!

Eu não me surpreendo com o conteúdo da Torá (afinal de contas, as pessoas que a escreveram entendiam do que se tratava). Pelo contrário, eu me espanto que hoje as pessoas continuem percebendo essas imagens como “santidade” ou “ações especiais” que o Criador nos manda seguir.

Como pode algo escrito na Torá não nos encorajar pelo menos a esclarecer a essência das palavras da Torá? Isso contradiz o nosso intelecto, a vida… tudo! No entanto, as pessoas vivem “felizes” e a consideram Escrituras Sagradas.

Como ela é sagrada? Se nos damos conta de que se trata de doação, amor, conexão entre nós, e correção do nosso egoísmo, então é santidade. Se percebermos tudo literalmente, digamos, queimar um touro, então o que há de sagrado nisso?!

Está em total dissonância, com o que está acontecendo na materialidade e na espiritualidade, e, portanto, tem que levantar várias questões. No entanto, nós não fazemos essas perguntas. Parece que a humanidade está num estado de hipnose profunda.

Mesmo hoje, todas as religiões do mundo preservam certos rituais pagãos antigos para que as pessoas atribuam propriedades superiores. Por causa de sua ignorância e falta de compreensão, elas são como crianças pequenas que jogam jogos definidos diante delas, e sua participação coletiva e a ignorância coletiva se apoiam.

Para quem escreveu a Torá, estes “cenários” eram apenas símbolos, uma linguagem específica que descrevia o processo da correção humana. As pessoas tinham uma visão clara do que é descrito. É por isso que nós devemos sempre ter em mente que “amar o próximo” é a essência geral da Torá. É o principal pensamento que a permeia.

Não há outras ações! Se eu queimo um touro ou construo um templo nada vai mudar! Tudo o que nós podemos esperar é o surgimento de novas religiões, que brigam entre si e usam slogans “sagrados” para se matar, agindo, assim, diretamente em oposição à Torá que nos ensina a “amar o próximo”.

Eu sinto muito pela humanidade quando leio as porções da Torá. As pessoas são incapazes de compreender e aceitá-las corretamente. Eu espero que no futuro próximo essa situação mude e que as pessoas entendam que somente ações espirituais que levem à autocorreção são o conteúdo da Torá.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 28/08/13