A Destruição Do Templo: Não Desprezem Os Caídos

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “Exílio e Redenção”: …um desenvolvimento muito mais rápido do que as outras nações chegou até nós. E como os membros da nação se desenvolveram assim, houve sempre a necessidade de avançar e ser extremamente meticuloso com todas as Mitzvot da Torá. E como eles não o fizeram, mas quiseram incluir seu egoísmo estreito, ou seja, Lo Lishma, isso trouxe a ruína do Primeiro Templo, já que eles quiseram enaltecer a riqueza e o poder acima da justiça, como as outras nações.

Mas como a Torá proíbe isso, eles negaram a Torá e a profecia e adotaram os costumes dos vizinhos para que pudessem aproveitar a vida tanto quanto o egoísmo exigia deles. E como eles fizeram isso, os poderes da nação se desintegram: alguns seguiram os reis e os oficiais egoístas, e alguns seguiram os profetas. E essa separação continuou até a ruína.

Durante o período dos Templos, o povo de Israel experimentou florescimento espiritual, atingindo toda a realidade do universo. No entanto, a divisão não demorou muito. Se uma parte da nação queria manter o caminho reto para a realização da força superior, a outra parte queria usar pelo menos um pouco da realização para as necessidades da vida material.

A vida era muito difícil naqueles dias e as pessoas eram forçadas a trabalhar duro para ganhar o seu sustento. Além disso, as guerras por vezes ceifavam vidas, e às vezes milhares de vidas por dia.

Como consequência, foi um momento delicado para as pessoas decidir a cada vez se era possível usar as forças espirituais que estavam disponíveis. Não foi fácil e é por isso que não devemos acusar falsamente a todos aqueles que se desviaram. As pessoas não estavam no nosso estágio, e elas enfrentaram situações internas graves com os mais difíceis problemas, que estavam em concordância com seus conhecimentos e, assim, alinhados e equilibrados para fazer a livre escolha.

Elas eram incapazes de resistir e, em princípio, não era tanto sua culpa, na medida em que o programa geral da criação, onde a destruição inerente do Templo, os quatro exílios, a completa redenção final, o início do que agora estamos experimentando, era predeterminado. O fim da ação está previsto no plano original e os Cabalistas o conhecessem desde tempos antigos.

Por outro lado, nós não sucumbimos ao fatalismo.

Em geral, é preciso tratar as descrições dos eventos que ocorreram naquele tempo com cuidado. Não devemos superficialmente dividir as pessoas em certas e erradas, boas e más. Eu repito, nós estamos falando de pessoas que tinham realização espiritual e receberam o peso do coração da força correspondente.

No início do processo, tudo acontece no nível do Primeiro Templo, quando a Luz de Hochma foi revelada na comunidade das pessoas. Parece que se o Criador foi revelado, o que mais pode acontecer? De onde virá o ímpio neste estado? No entanto, um potencial corresponde a outro, e nós sempre nos equilibramos no ponto do livre arbítrio.

Baal HaSulam escreve sobre “os reis e os oficiais egoístas”. Naqueles dias, um oficial não era apenas um membro da nobreza ou um comandante de alto escalão, mas um líder governando pessoas com o seu espírito, isto é, a realização espiritual, sem mencionar o rei.

Em suma, hoje não entendemos essas contradições, e a coisa mais importante para nós é não desprezar os “caídos”, que parecem vilões para nós.

De qualquer forma, o programa global leva à libertação completa de todo o mundo, mas primeiro ela se aplica a sua pequena parte que Abraão levou para fora da Babilônia. Portanto, mesmo que o povo de Israel tenha feito enormes e incríveis esforços heroicos, o templo ainda teria sido destruído. Os sinais disso começaram a aparecer 70 anos antes do colapso. Foi impossível parar o processo porque o programa de desenvolvimento deve ser implantado.

Ao mesmo tempo, nós devemos fazer todos os esforços na luta pela doação, contrariando a divisão e a falta de unidade. Uma não anula a outra. Tudo deve ser dirigido para a doação. Nem uma pequena coisa pode ser usada para benefício próprio.

Nos dias do Templo, não se tratava do luxo no nível atual de bem-estar, mas de permitir que as pessoas aliviassem um pouco as condições difíceis de vida, isto é, para trazer alguma gota de amor-próprio à aspiração altruísta, para adicionar uma “sobremesa” puramente simbólica, e aparentemente merecida, à mínima “dieta”.

No entanto, essa gota estraga tudo e perturba o curso geral. Como resultado, ela já não leva diretamente ao Criador, mas desvia, mesmo que só um pouco, mas o resultado é o fracasso.

No Segundo Templo, isso foi ainda mais evidente, já que o início da separação foi exibido publicamente por discípulos ímpios, encabeçados por Tzadok e Bytos.

O cálculo deve ser constantemente atualizado e se tornar mais preciso. Caso contrário, nós perdemos o nosso caminho, procurando um ponto de apoio no ambiente externo e apresentando-o para derrotar os nossos adversários que querem manter a forma antiga e original. Assim, Israel foi capturado pelo Império Romano porque algumas pessoas concordaram em descer para o egoísmo e tomar uma fração para si. No entanto, não há nenhuma parte de si mesma em altruísmo, e até mesmo o básico nós recebemos somente para viver na doação pura.

Hoje, a nação está longe desses cálculos. Quem fala hoje com sinceridade de amor e doação, de unidade e de apoio, de fraternidade e de garantia mútua? Pelo contrário, o homem é orgulhoso de sua superioridade sobre os outros e se orgulha de sua capacidade de pisar nos outros. A principal coisa é ser forte. O poder do punho, o poder do oficial, é o que reina sobre as pessoas hoje em dia.

Da 4a parte da Lição Diária de Cabalá 02/08/13, Escritos do Baal HaSulam