O Coração Não Pode Sobreviver Sem Amor

Dr. Michael LaitmanO coração é o centro de tudo. Não é por acaso que associamos as paixões e desejos humanos com o coração. Nós dizemos, “do fundo do meu coração”, ou “meu coração está sangrando”, “meu coração está derretendo de alegria”, ou “siga seu coração”. O coração pode ser “afável”, “terno”, “apreensivo”, “partido”, etc. Em geral, o coração significa a essência da vida, tanto no sentido material quanto no espiritual. Claro, nós usamos esta palavra simbolicamente. Por si só, o coração é um órgão corporal; ele pode ser implantado ou substituído até mesmo por um dispositivo artificial. Basicamente, o coração é uma “bomba”.

No entanto, é difícil superestimar a importância deste órgão, pois ele denota a ação principal da natureza: o ato de receber e dar. O coração “recolhe” o sangue do corpo inteiro e, em seguida, entrega-o para todos os outros órgãos através da aplicação de pressão; assim, ele fornece alimento a todas as partes do corpo e as limpa de toxinas.

Por todos os meios, o coração não funciona por conta própria. Ele simplesmente não pode bombear o sangue através do corpo inteiro sem os vasos sanguíneos que interagem com o coração, empurrando o sangue para cada célula do organismo. O coração trabalha não porque seja tão forte, mas em vez disso, ele define o ritmo e instiga o impulso original no corpo. Em seguida, vários mecanismos do sistema arterial (que ainda não foram explorados suficientemente bem pela ciência contemporânea) começam a trabalhar em conjunto com o coração. Portanto, o coração não é apenas uma “bomba” corporal; ele coordena também outros sistemas.

Existem vários problemas associados com o trabalho do coração, pois “receber e doar” têm que estar bem equilibrados. A saúde do corpo inteiro depende da harmonia entre estes dois estados, o que torna possível avaliar os componentes físicos e espirituais (internos) de uma pessoa. Se o sistema de recepção e doação está bem equilibrado (semelhante a como ele está sintonizado no coração), a pessoa inerage harmoniosamente  com os outros e mantém relações corretas com seu entorno. Nós podemos receber e dar (da mesma forma como o coração), fornecendo uma colaboração saudável com outras pessoas.

Em outras palavras, no nível interpessoal, nós estamos todos conectados uns com os outros através de nossos “corações”, ou seja, através de nossas qualidades. Idealmente, nós temos que usar nossas qualidades para perseguir um objetivo, que é manter relações harmoniosas com os outros, isto é, dar e receber tudo que for necessário.

Ao mesmo tempo, o coração por si só não precisa de nada, exceto a energia mínima para fornecer o trabalho normal. Ele não consome o sangue que flui através dele, nem recebe nada específico; ele simplesmente funciona. O “prazer” que ele recebe (se podemos usar esta palavra neste contexto) é o fato de que serve todo o corpo e derrama energia nele.

Este é um bom exemplo de saúde mental/espiritual com comportamento de acordo com os princípios: “Não faça aos outros o que você odeia para si mesmo” e “Ama o teu próximo como a ti mesmo”. A pessoa tem que considerar as necessidades do seu entorno como suas próprias e fornecer aos outros tudo o que está em seu poder para satisfazer todas suas necessidades externas. É exatamente assim como funciona o coração.

A pesquisa atual afirma que nós estamos intimamente interligados de várias formas diferentes, não excluindo a união das nossas almas. Assim, nós podemos dizer que os sistemas aos quais pertencemos têm influências recíprocas uns sobre os outros. Como resultado, quando temos um colapso nervoso ou mau humor, eles refletem por todos os meios sobre o nosso coração. O nosso coração é muito sensível ao nosso ânimo; o coração pode ficar “doente” não somente como resultado de alguma doença física. Não é por acaso que quando entramos numa situação crítica colocamos nossa mão em nosso coração, uma vez que nosso sistema nervoso instantaneamente afeta o coração e o força a responder.

A partir daqui começa a nossa compreensão do que está acontecendo nos sistemas superiores das relações egoístas entre nós. Até agora, nós estamos usando nossos “corações” exclusivamente para a recepção mercenária que não tem nenhum sinal de doação, ou seja, que nós usamos o coração de uma forma completamente errada, enquanto que tudo o que ele precisa é de harmonia. Além disso, nós podemos influenciar nosso coração físico a partir do nível de nossos desejos e relações corruptas.

Até agora, não estávamos envolvidos nas conexões integrais da comunidade global; isso explica porque o impacto desses mecanismos permaneceu tão fraco. No entanto, em meados do século passado, surgiu uma conexão estreita entre todos nós; no entanto, ainda assim, nós continuamos agindo de forma egoísta em vez de cultivar as nossas relações. Como resultado, interações egoístas erradas impactam sobre os nossos corações físicos. Não há nada de estranho na intensificação dos problemas cardíacos que se tornaram um dos problemas de saúde mais perigosos hoje em dia.

Não é difícil curar o coração, pois ele não é um órgão muito complexo. No entanto, tudo que fazemos agora é “remendá-lo”, usando vários remédios sintomáticos; entretanto, as estatísticas continuam mostrando tendências sombrias. Isso acontece porque ainda não começamos a corrigir as relações entre nós. Somente através da construção do mecanismo correto de recepção e doação no nível humano, o nível mais elevado, somente “bombeando” o sistema com relações corretas e iguais que transmitam harmonia e paz, nós poderemos alterar nossos sistemas corporais, acima de tudo, nosso sistema cardiovascular.

Vale ressaltar que a configuração do nosso coração, sua válvula mitral, o modo de operação e os sistemas relacionados, estão de acordo com nossa estrutura espiritual. No entanto, nós não levamos em conta a totalidade do nosso organismo, mas sim tratamos os sintomas visíveis e não a causa real da doença.

Até mesmo os médicos concordam que “tudo vem da cabeça”, e a “cabeça de tudo” é nossos relacionamentos, pensamentos e desejos. Na espiritualidade, o “coração” é o núcleo de nossos desejos que se originam nas qualidades espirituais de uma pessoa.

Na verdade, a única cura para o coração é o amor. Diz-se: “O amor cobre todos os crimes”. Em outras palavras, se o nosso coração trabalha exclusivamente para doar e se esforça para satisfazer as necessidades externas, significa que “a pessoa trabalha com amor”, seja para o próprio corpo como para o do próximo. Sem dúvida que este tipo de trabalho, por todos os meios, deve resultar numa cura completa. Assim, em vez de “institutos de pesquisa do coração”, eu iria abrir “institutos de amor”. Será sempre o melhor método preventivo.

De KabTV “Uma Nova Vida”, 10/10/12