A Era Da Última Geração

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “Introdução ao Livro do Zohar”, p. 57: Se os adoradores do Criador tivessem pelo menos se engajado na internalidade da Torá e estendido a completa Luz de Ein Sof, toda a geração os teria acompanhado. E todos teriam a certeza de seu caminho, de que não cairiam. Mas se mesmo os servos do Criador se distanciaram dessa sabedoria, não é de admirar que toda a geração esteja falhando por causa deles. E por causa da minha grande tristeza, não posso acrescentar detalhes a isso!

Se as massas que estudam a Torá entendessem o que é o verdadeiro ensinamento… É assim que elas chamam a sabedoria da Cabalá, mas elas não querem aprender. Além disso, se elas tivessem tomado essa ciência, é claro, poderíamos ter feito grandes correções, tanto quantitativas como qualitativas. Então, hoje a nossa situação seria diferente.

Quem está mais consciente desta diferença entre o desejado e a realidade do que Baal HaSulam, quando ao invés da internalidade estamos preocupados com a externalidade? O final do século XIX, quando o retorno à terra de Israel foi permitido, foi o marco mais recente. Em geral, este período dura desde o tempo do Ari, o Messias, filho de José.
O rabino Abraham Ben Mordechai Azulai escreve na “Introdução ao livro, Ohr HaChama [Luz do Sol]” 81:

A proibição de Cima para abster-se do estudo aberto da sabedoria da verdade foi por um período limitado, até o final de 1490. Posteriormente, considera-se a última geração, onde a proibição foi levantada e a permissão foi concedida de se ocupar com O Livro do Zohar. E desde o ano de 1540, tem sido uma grande Mitzva (mandamento) para as massas estudar, jovens e velhos. E já que o Messias é obrigado a vir como conseqüência, e não por outra razão, é inapropriado ser negligente.

Disso, nós podemos entender pelo menos um pouco o quanto perdemos, porque ainda negligenciamos a ciência da Cabalá, e que mal isso transmitiu às pessoas até este dia. Em essência, nós fazemos uma grande ofensa.

Pergunta: Baal HaSulam escreve que: “A geração inteira teria nos seguido”. Isso significa que todos devem aprender a sabedoria da Cabalá?

Resposta: Ele não está habituado a falar no modo subjuntivo, e ainda: se as pessoas religiosas nessas gerações estudassem a Cabalá e acrescentassem a parte oculta – os escritos do Ari e o ensinamento do Baal Shem Tov – à parte explícita, ao longo do tempo nós teríamos corrigido nós mesmos. Primeiro de tudo, nós teríamos sentido a realidade corretamente. As pessoas não teriam abandonado a religião; o tempo da “Haskalah” (Idade do Iluminismo), causado pela separação da direção certa no desenvolvimento humano, não teria chegado.

Depois de completar o período de exílio espiritual, no século XV, o povo judeu continuou em direção à salvação e ascensão.

Foi a partir desse momento que “a era da última geração” começou. Mesmo assim nós tivemos que nos empenhar na Cabalá, isto é, o método de correção que leva a Luz que Corrige a todos, e a todos nós juntos. Então, as nações do mundo receberiam a iluminação através de nós, o que teria mudado sua atitude.

No entanto, não nos empenhamos na parte interna da Torá, a ciência da Cabalá, e, portanto, não temos a conexão com a Luz. Isso nos afetou à sua maneira, de acordo com a nova época, e isso tornou o nosso caminho mais difícil. Em vez da Luz, o mundo ficou escuro porque não fomos capazes de aceitá-La. A escuridão é a mesma Luz que não conseguimos discernir em nossos desejos corrompidos. Se tivéssemos corrigido nós mesmos, teríamos sentido Sua abordagem como algo desejável. No entanto, tudo foi ao contrário; nós não queremos a Luz, e Ela se transforma em escuridão para nós, um sofrimento terrível.

Esse é o problema: Até agora, as pessoas empenhavam-se na Torá apenas externamente, nos estudos. “Externamente” significa não para corrigir a alma. O exílio em que nós estamos foi causado pelo fato de que não nos corrigimos, mas estudamos sem avançar. Antes, nós tínhamos que agir dessa maneira, mas este período cronologicamente terminou no século XV. Nós estamos 500 anos atrasados.

Pergunta: Hoje, verifica-se que a parte secular (laica) da população está mais próxima da Cabalá.

Resposta: Certo. Vamos torcer para que essa situação mude. Entretanto, a parte religiosa está passando pela fase da consciência do mal em si e nos eventos contemporâneos. Pouco a pouco, de diferentes formas, ela começa a perceber isso. E isso vai acontecer em um par de anos.

De qualquer forma, nós não vamos corrigir ninguém, exceto nós mesmos. Quem quiser participar do processo de correção é bem-vindo. No sistema geral, nós estamos todos interligados; por isso, vamos esperar que isso afete a todos.

Se o público religioso começasse a estudar Cabalá, obviamente teríamos chegado rapidamente à correção geral. No entanto, tais são as condições, as propriedades inerentes ao desejo de receber.

Além disso, nós devemos entender que o que enfrentamos é uma consequência da quebra e do exílio. Esta parte das pessoas deve se comportar dessa maneira. Na verdade, nós somos todos levados pela natureza, e não há nada além do seu alcance. Durante o exílio, a pessoa está na natureza do desejo de receber; ela não sente a sua conexão com o Criador.

Luz superior e o Criador não são revelados a ela e não há nenhuma conexão. Por outro lado, ela se contenta com o estudo da Torá e dos Mandamentos na sua forma atual. É por isso que, amarrada pela linha esquerda, ela simplesmente não consegue sair deste estado.

Este é o resultado do caminho que temos percorrido, e não podemos acusar ninguém de nada. Nós olhamos para estes eventos sociais como pesquisadores, objetivamente, lembrando que “não há outro além Dele”. Portanto, isso tinha que acontecer.

Quanto às correções práticas, nós precisamos entender que agora tudo depende de nós. Nós não exigimos nada de ninguém além de nós mesmos. Esta é a nossa abordagem para cada parte da sociedade humana e para todos: nós temos que dar-lhes a melhor explicação, e esta a sua livre escolha.

Da 4ª parte da Lição Diária dé Cabalá 01/08/12, “Introdução ao Livro do Zohar