Recuperando A Consciência

Dr. Michael LaitmanA sabedoria da Cabalá não é revelada por si mesma, porque as pessoas a revelam em seu desenvolvimento. Ela declara que de acordo com a estrutura do universo, nós precisamos chegar ao nosso ponto inicial outra vez.

Inicialmente, um desejo foi criado, e esse primeiro estado é chamado o mundo do Infinito. Nesse estado, o desejo e a Luz que criou o desejo existem em absoluta semelhança, fusão, e complementação mútua. Ali, o desejo é preenchido com a Luz, mas esse é somente o estado concebido da futura criatura. Ela ainda não sente nada.

Assim, no começo, ela deve se tornar oposta ao Criador, oposta à Luz. Para se separar completamente da fonte, a criatura passa por cinco estados especiais de desenvolvimento chamados mundos. Assim, ocorre a descida desse desejo, isto é, o consistente distanciamento do seu estado original.

O primeiro mundo é chamado de Adam Kadmon. Adão é o protótipo do futuro ser humano. Depois, vem o mundo de Atzilut (o mundo da emanação), seguido por Beria (o mundo da criação), Yetzira (o mundo da formação) e Assia (o mundo da ação). Esses são os cinco mundos, cinco descidas consecutivas, espessamentos, ocultações, e saída da Luz do desejo que ela preenche. Cada estado seguinte é como o mundo do Infinito, exceto que a Luz lá existe numa forma mais oculta.

Mesmo agora, nós estamos no mundo do Infinito porque não existe mais nada. Acontece que esse estado está oculto de nós atrás de muitas telas internas. Nós temos que abri-las, descascá-las, e então, gradualmente, começaremos a nos sentir na forma verdadeira.

É semelhante ao estado de uma pessoa que está inconsciente. Esse é nosso estado número dois, aqui nesse mundo. Nós estamos em completa ocultação aqui, como se tivéssemos perdido a consciência e existíssemos em certas flutuações internas, imaginando algo.

Se nos esforçarmos numa forma particular e recuperarmos a consciência, iremos subir para nosso estado inicial. Este é chamado de terceiro estado. Esse também é o mundo do Infinito. Nós o alcançamos subindo exatamente os mesmos degraus dos mundos, pelos quais passamos em nossa descida quando perdemos o sentido da perfeição, a presença completa da Luz. Ao subir gradualmente os mesmos degraus, experimentaremos a realização, a transição do nosso estado inconsciente para o consciente.

A primeira saída do estado inconsciente para o consciente é chamada de barreira (Machsom). A coisa mais importante para nós é cruzar essa Machsom, sair do estado de separação completa da percepção da natureza global.

Agora, nós sentimos a natureza somente na forma do nosso mundo e não a percebemos através dos desejos espirituais. Nós experimentamos o mundo enquanto estamos num estado totalmente desconectado, sem usar as ferramentas que temos totalmente à nossa disposição. 

Nós nos sentimos através de nossos cinco órgãos sensoriais: olfato, tato, visão, audição, paladar. Assim, nosso sentido de identidade é passado através de nosso corpo animal. Então, dentro, surge um quadro específico em nossa mente. Na parte posterior do nosso cérebro, temos um tipo de “tela”, na qual é projetado tudo que percebemos. Tudo isso compõe um único quadro do mundo.

Isso não é o que vemos durante a saída do estado inconsciente. Tão logo atravessamos a Machsom, nós começamos a sentir estados completamente diferentes. Começamos a sentir a Luz interiormente. Nosso desejo recebe o prazer da satisfação, do conhecimento sobre o mundo real, e um quadro preciso é desenhado dentro de nós.

Assim, o plano do Criador, a intenção original da Luz, é criar o desejo (a Luz é primária, o desejo é secundário), para que esse desejo, isto é, a criatura, se torne igual à Luz em status, poder e sensações. Naturalmente, esse estado está acima do nosso mundo, ou seja, acima do tempo, espaço, movimento, e acima da divisão em vida, nascimento, e morte. Acima de tudo isso.

Ao descobrir esse novo sentimento dentro de nós, iremos nos sentir existindo eternamente como toda a natureza. Nós iremos parar de nos identificar com um “animal” que existe aqui nesse mundo. É como se ele desaparecesse de nossa percepção como a menor de nossas sensações.

Portanto, com respeito à consciência, a pessoa pode de alguma forma imaginar e lembrar o que aconteceu com ela. Essa sensação permanece em algum lugar, mas é tão pequena, tão insignificante, que é suprimida pela consciência da existência num mundo grande, novo, infinito, eterno, e perfeito. Essa é a Machsom que precisamos cruzar.

Da 1a Lição na Convenção de Moscou 10/06/11