De Opostos À Perfeição

Dr. Michael LaitmanNukva (Malchut, a parte feminina) foi criada pelo desejo de receber prazer. Zeir Anpin (a parte masculina) foi criado a partir do desejo de doar. Zeir Anpin é o Criador (Kadosh Bar Hu) e Ele não tem o desejo de desfrutar. Ele só tem o desejo de doar e amar.

Nukva consiste inteiramente do desejo de desfrutar e, por isso, só é capaz de se tornar semelhante à parte masculina superando e suprimindo seu próprio desejo natural egoísta, restringindo e corrigindo-o. É assim que ela atinge a equivalência e a adesão com Zeir Anpin.

Portanto, todo o trabalho de  Nukva, a fim de alcançar a união com Zeir Anpin, reside em tomar um exemplo dele e ser sua  Nukva (parte feminina), ao invés de tornar-se igual a ele. Para Nukva tornar-se semelhante a ele significa estar oposta a Ele, “ajuda contrária a ele”. Isto é como duas formas interconectadas com formas curvas: quanto mais uma é côncava em uma região, a outra é convexa. Uma complementa a outra ao longo de todo limite entre as duas, quer por “protuberância”, ou seja, tendo alguma qualidade, ou “curvatura”, faltando essa qualidade.

Portanto, Nukva tem que permanecer “ajuda contrária a ele”. O trabalho dela é “contrário”; ela trabalha para que ambos possam atingir a meta. Quanto mais eles trabalham juntos, mais compreendem sua relação, seu objetivo comum, e a qualidade de cada um, que é oposta uma a outra.

O trabalho deles é complementar-se mutuamente. Eles encontram a perfeição apenas no terceiro elemento, o Criador (Bina), a quem ascendem ao unir-se em ZON somente em prol de ascender à Bina. A perfeição só é possível se eles adquirem uma conexão com Bina em sua união mútua.

Aí reside um ponto muito tênue e fundamental sobre a natureza do Criador e a natureza da criação. Para a criação, tornar-se semelhante ao Criador significa apenas completar-se perante o Superior, ao invés de tê-Lo como exemplo e  tornar o mesmo que Ele. Eu sou semelhante a Ele através da doação, mas sou eu quem me assemelho a Ele com base em minhas qualidades, minha natureza.

Portanto, a criação continua “ajuda contrária”, e é justamente graças a isso que cada um deles alcança a perfeição, independência, e seu próprio status, e ambos são dignos de respeito. A criação não se dissolve ou desaparece no Criador, mas complementa-O com sua oposição. E o Criador se revela precisamente em virtude da criação.

Com Sua “concavidade” ou a falta de qualquer qualidade, o Criador dá à criação a oportunidade de expressar-se e complementá-Lo com sua “convexidade”, a presença desta qualidade (como uma tomada elétrica e um aparelho conectado a ela), e vice-versa. É assim que eles agem juntos.

Ao completar-se mutuamente dessa forma eles alcançam a perfeição mútua. Um não pode viver sem o outro. O criador precisa da criação e a criação precisa do Criador. Somente através da complementação mútua, no meio deles, é que eles alcançam a perfeição.

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá 19/12/10, Talmud Eser Sefirot