Através Das Favelas Das Belas Cidades

Dr. Michael LaitmanPergunta: O que eu devo fazer quando estou em um estado no qual não tenho força, não sinto nada me afetando, e não sei o que fazer?

Resposta: Isso é descrito na porção semanal da Torá: “E os filhos de Israel suspiraram por causa da escravidão”. Depois que a pessoa chega à conclusão que não tem força, tudo o que ela pode fazer é implorar.

Antes, ela se achava grande, inteligente e compreensiva, pensando que poderia avançar por conta própria, ganhando constantemente conhecimento ao acrescentar esforço e ação. No entanto, se até este ponto ela realizou um número suficiente de ações, ela começa a ver que nada foi alcançado com isso.

Por que, então, a pessoa precisa realizar todas essas ações? A fim de perceber que não vai conseguir nada. Para alcançar o estado de vazio, a pessoa necessita de uma grande quantidade de esforço.

Eu trabalho e acho que fazendo isso estou construindo as belas “cidades de tendas de Pithom e Ramsés”, ganhando conhecimento, e que em breve vou desvendar, ver e sentir tudo. Eu me esforço cada vez mais, mergulho mais profundamente nos estudos, apenas para perceber, de repente: “Quanto esforço eu dispendi, e o que eu consegui? Eu não tenho nada. O que faço agora? O que será de mim?”. Eu não sei, mas eu tenho vontade de cair em um sono profundo. Dê-me só um remédio para dormir para que eu possa adormecer e nunca mais acordar.

É assim que a pessoa se sente nesse momento: exausta e impotente. Na verdade, ela começa a entender que não conseguirá nada assim. Primeiro, ela nem mesmo sabe disso, apenas sente que não tem vontade para nada. Então, ela acorda e continua. No entanto, em algum momento, ela começa a entender que, sozinha, não merecerá nada, e que precisa da Força Superior: “Se o Criador não vem me ajudar, sozinha não posso fazer nada”.

Ela só começa a pensar desta forma depois de 15 a 20 vezes, ou talvez 30 a 40 vezes, tentando avançar por conta própria, só para enfrentar o desapontamento e cair em desespero. Isso se chama os anos de exílio no Egito, até que eles tenham “suspirado por causa da escravidão”. Para o meu ego, eu construí as “cidades tendas de Pithom e Ramsés”, mas para o ser humano dentro de mim, que deseja alcançar a espiritualidade, essas cidades são pobres e miseráveis, vazias, e não podem me dar nada.

Eu começo a me dividir em dois. Então, o que importa se eu tenho conhecimento, intelecto, posso discutir lindamente a sabedoria da Cabalá, e mesmo parecer entender tudo? Isto não serve para nada. Na verdade, eu não tenho espiritualidade. Eu posso falar sobre ela o dia todo e a noite toda, mas será que estou alcançando-a ou apenas falando sobre ela? Eu estou apenas falando.

Então, a pessoa entende que, a partir deste ponto, ela precisa apenas da ajuda do Alto, de alguma revelação, da Força Superior, algo diferente que não depende dela. Ela entende que com o que ela tem é impossível alcançar a espiritualidade. Finalmente, ela realmente clama, como está escrito: “E os filhos de Israel suspiraram por causa da escravidão”.

É um caminho desafiador. A pessoa tem de se submeter a tais estados muitas vezes. Apenas o ambiente pode ajudá-la e nada mais. O ambiente pode apoiá-la e protegê-la, assim como promover seu desenvolvimento.

Caso contrário, quem sabe quando ela vai acordar de novo? Se não for com a ajuda do  ambiente, será por meio de uma mudança de Reshimo (registro de informações espirituais) que lhe será concedida a misericórdia pelo Criador, dando-lhe um novo estado. No entanto, ninguém sabe quando isso vai acontecer.

Portanto, quando a pessoa permanece em um bom estado, quando é iluminada pela Luz e tem poder, ela tem que se conectar com o ambiente, o máximo possível, a fim de receber a força colocada nele quando ficar novamente fraca. Então, ela vai experimentar uma descida como se por inércia e começará a subir novamente, já que ela acelerou a velocidade antes de cair.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 24/12/10, “Perfeição Na Vida”