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Revele o Mundo dos Desejos

Na leitura de ontem, alguém me perguntou: “Como deverei agir com relação às pessoas a minha volta se elas existem dentro de mim? O problema é que existe o que é a realidade e existe o que nós desejamos. A realidade é o que nós sentimos e percebemos, de acordo com o princípio, “Um juiz não tem mais do que seus olhos podem ver”. É isso que deveríamos usar para avaliar tudo em nosso mundo e para agir de acordo. Nesse mundo, os únicos que agem são eu mesmo e as pessoas ao meu redor.

O desejado é o que eu descobrirei no futuro, nas minhas qualidades corrigidas. Naquele mundo eu estarei unido com o ambiente e com o Criador. Aprendemos que existe outra realidade onde tudo é percebido dentro de nós e nada é percebido fora de nós. No entanto, agora tudo isso é ainda irreal para nós. É possível que tudo o que imagino como o quadro do futuro não seja realmente nada como imagino. Nós não percebemos o quanto nossa vida mudará. Não é que nosso mundo não irá mudar de alguma forma: ao contrário, um mundo completamente novo emergirá.

Então, quando nós lemos o Livro do Zohar , temos que nos desligar de tudo o que é familiar para nós e tentar nos imergir nesse livro, como se entrássemos nele. Quando eu leio o Livro do Zohar e estou nele, então eu realmente vivo dentro dele.

Por enquanto eu não posso existir em dois mundos simultaneamente. Por agora, eu sou capaz de estar em um só mundo. Então, nós nos desligamos desse mundo material e tentamos construir outro quadro, como a criança que deseja crescer. Ela deseja ser um adulto em todos os aspectos, como nas roupas que veste, no jeito em que atua, e da forma como os outros a veem. Ela quer que todos a tratem como a um adulto.

Da mesma forma precisamos imaginar em todos os nossos sentidos e em todas as nossas fantasias que o Zohar está falando sobre o nosso novo mundo, no qual estamos situados. Em outras palavras, ele está falando sobre minhas qualidades internas, nas quais eu existo e nas quais eu vejo a nova realidade. Esse “jogo” produz a influência da Luz que Reforma, e então aquele novo mundo é revelado.

Não é que um novo mundo é revelado e o velho mundo desaparece, e nós voamos pelos céus. Mais exatamente, eu revelo que estou vivendo nos desejos: quer dizer, dois desejos – o meu e o do Criador, que se tornam revelados um contra o outro dentro de mim. Eu os sinto e existo entre eles como a linha média, que é meu “eu”. Não há nada exceto isso; eu existo entre duas forças.

O Novo Você

Recebi uma pergunta: Se a pessoa tem uma doença séria, está falida e está tendo problemas no seu casamento, tudo isso será consertado tão logo ela entre no mundo espiritual? Afinal, nós aprendemos que todos esses sofrimentos são dados à pessoa para que ela se corrija. De outro modo, como ela será capaz de dizer que o Criador é Bom e faz o Bem?

Minha resposta: Se o Criador é revelado a você, então você dirá que Ele é Bom e faz o Bem. Por exemplo: pense no tremendo sofrimento que Rabbi Akiva teve que suportar durante sua morte agonizante e, mesmo assim, ele ainda abençoava o Criador. Isso não é uma lenda sobre um mártir, mas um estado verdadeiro que cada um de nós pode experimentar – sofrer e ainda assim não sentir o sofrimento.

“O Criador é revelado” significa que eu revelo a qualidade de doação em mim, acima dos desejos egoístas. Junto com todo meu sofrimento, eu estou imerso em um oceano de bondade. De outra forma, como eu posso abençoar o Criador?

Nossos desejos egoístas jamais serão satisfeitos. A primeira restrição (Tzimtzuf Alef) nunca será anulada. Só podemos receber satisfação dentro de diferentes desejos – os Kelim de doação que construímos sobre nosso desejo de gozar.

Continuação da pergunta: Mas, nesses Kelim, me sentirei satisfeito ou faminto?

Minha resposta: Você se sentirá satisfeito, como o convidado que recebe prazer do fato de que o Anfitrião está recebendo prazer dele. Mas, você está recebendo prazer? Não! Aquele “você” sobre o qual você está perguntando hoje, o você egoísta, nunca receberá prazer!

Outro “você” – o você corrigido, aquele que recebe prazer do prazer do Anfitrião, receberá satisfação. Mas, aquele egoísta que só quer comer não receberá nada!

Continuação da pergunta: Então, eu serei satisfeito ou não?

Minha resposta: Sim, você será!

Continuação da pergunta
: Mas, como?

Minha resposta: Ao construir novos tipos de desejos dentro de você e através disso se tornando 613 vezes mais satisfeito! Contudo, esse prazer não será sentido nos seus desejos anteriores.

Isso é algo que nós não entendemos ainda. Isso constitui a diferença entre estar nesse mundo e no mundo vindouro. Contudo, isso virá.

Alcançando a Linha do Infinito

O Livro do Zohar descreve somente nossas qualidades internas; por isso a Cabalá é chamada a parte interna da Torah. Só nos parece que o mundo se desenvolve e se expande externamente, mas isso não é verdade. É o nosso egoísmo que nos faz sentir uma dispersão espacial.

Essa percepção exterior é oposta ao foco correto e à raiz espiritual. Além disso, a raiz é uma linha fina (Kav Dak), que atravessa toda a realidade no nível mais fundo. Então, nós temos que nos concentrar, focalizando-nos em nossos desejos e qualidades. Então, nós revelaremos um grau mais interno.

Na ciência da Cabalá aprendemos que nossa completa ascensão repousa em continuamente nos transferirmos para um Partzuf mais interno. Primeiro a concepção (Ibur – embrião) no Partzuf NeHY acontece; então o Partzuf interno HaGaT é construído dentro, que é o estágio da amamentação (Yenika). Então, HaBaD, um Partzuf ainda mais interno é construído – o estágio da maturidade (Mochin).

Dessa forma, nós completamos um Partzuf – um de 125 degraus para a completa correção. E agora? Agora um novo Partzuf começa, com um novo degrau de correção, como o próximo, andar mais alto, e ele também consiste dos mesmos três estágios – concepção (ou embrião), amamentação, e maturidade.

Dessa maneira, nós constantemente nos aprofundamos mais e mais até que alcançamos a linha do Infinito e nos amamentamos dessa linha. Por isso a busca de alguém deve sempre ser dirigida para dentro.

Deixe o Zohar Levar Você ao País das Maravilhas dos Desejos

Enquanto estudamos o Zohar, nós deveríamos nos concentrar somente no quadro interno onde tudo se conecta. Temos que nos aprofundar e não pensar sobre nada que permanece fora de nós. Nós temos que estar completamente mergulhados nesse livro, como se tivéssemos entrado num país de maravilhas e estivéssemos viajando por ele, desejando ver e aprender tudo que existe lá.

Escutamos vozes, vemos cores diferentes, e não entendemos o que está acontecendo ali, como nos afeta e o quanto nos afeta. Entramos no mundo de nossos desejos e qualidades, e estamos perambulando entre eles. Por exemplo: é como esses filmes onde a câmera penetra no corpo da pessoa e viaja através dos vasos sanguíneos, mostrando tudo que está acontecendo lá dentro. Da mesma forma, nós penetramos dentro de nós mesmos e ficamos rodeados por nossos desejos. Entramos em um mundo que consiste de nossas próprias qualidades e desejos, assim como as Luzes, Kelim e telas, que temos que imaginar.

Nós o podemos imaginar como se existíssemos dentro dele e ele nos rodeasse por todos os lados. Ou podemos imaginar que ele está dentro de nós e que sempre estamos escavando dentro dele tentando entendê-lo melhor.

Podemos imaginá-lo de diferentes formas, mas a coisa mais importante é não vinculá-lo à nossa atual realidade. No entanto, mais tarde descobriremos que essa realidade é também sentida dentro de nós.