“Poderia Haver Um Segundo Holocausto?” (Times Of Israel)

Michael Laitman, no The Times of Israel: “Poderia Haver Um Segundo Holocausto?

Um segundo Holocausto para o povo judeu não é uma ideia distante e hipotética, mas uma ameaça muito real. Quase metade dos israelenses (47%) teme isso, de acordo com uma pesquisa recente divulgada na véspera do Dia da Lembrança dos Mártires e Heróis do Holocausto. Se continuarmos em nosso caminho rotineiro e anual de apenas lembrar a amarga memória do Holocausto sem olhar para o nosso futuro comum, uma catástrofe semelhante será inevitável.

Quando perguntados como será o Dia em Memória do Holocausto em 30 anos, os jovens em Israel preveem um futuro preocupante. 21% dos israelenses de 35 a 45 anos dizem acreditar que a comemoração do Yom HaShoah vai se desgastar com o tempo até desaparecer completamente, em comparação com 12% dos israelenses com 65 anos ou mais. Essa é a previsão explosiva para a preservação da memória Shoah feita em uma nova pesquisa do Movimento Pnima, grupo multidisciplinar de pesquisa sobre questões sociais em Israel.

A memória e as lembranças naturalmente desaparecem e se confundem, de modo que o ato de lembrar o Holocausto também diminui e desaparece ao longo das gerações. Claro, tentamos passar as memórias de geração em geração com a ajuda de novas cerimônias e empreendimentos, mas quão bem uma pessoa é capaz de dar vida a essas reminiscências? E a questão maior é se ela está mesmo interessada em fazer isso? Se estiver, então a pessoa deve procurar novas maneiras de renovar artificialmente as impressões, porque é claro que isso não acontecerá sem grande esforço e inovação.

Dito tudo isso, preservar memórias do passado não é a questão com a qual estou mais preocupado, mas com as situações que enfrentamos no presente, com as pessoas que vivem hoje e com o que podemos fazer para evitar que outro Holocausto nos aconteça.

Não concordo com a abordagem de que uma vez por ano visitamos um monumento perto de casa e observamos um momento de silêncio em uma cerimônia de Estado apenas para nos fazer sentir justos. Devemos focar nossa preocupação ao longo do ano. Pensamentos sobre o papel do povo judeu e o significado do ódio terrível a que fomos submetidos devem ser arraigados e carregados conosco a maior parte do tempo. Não quero dizer que devam ser carregados de forma opressiva para que as pessoas se sintam esmagadas pelo pensamento, mas sim, que vivam com a consciência de quem somos e do que passamos. Devemos ser reparados pelo sofrimento passado, e não apenas nos lembrar dele.

Além do Holocausto, outros eventos históricos que aconteceram com o povo judeu e precisam de reparos práticos – a destruição dos dois templos, a revolta de Bar Kokhba, os pogroms e as expulsões – também devem ser incluídos. Do quadro geral, devemos entender que o que os judeus fizeram uns aos outros em todas essas guerras terríveis devido ao ódio infundado não é menos terrível do que o que nossos maiores inimigos nos fizeram.

Devemos nos apressar em expandir nossa consciência e compreensão do propósito e processo do sofrimento passado. Quando a geração mais jovem aponta que o Dia em Memória do Holocausto será esquecido e se tornará um dia normal em um futuro próximo, é uma pista de que devemos adotar uma nova linha educacional: em vez de educar a geração jovem a chorar pelo passado, devemos dar-lhes esperança e a direção certa para um futuro melhor. Devemos educar as crianças para que sejam unidas e se amem, porque só assim não sofrerão.

É nosso dever deixar claro para as gerações mais jovens e para nós mesmos a lei simples presente e em ação sob a confusão dos eventos históricos: sempre que os judeus se distanciaram espiritualmente uns dos outros, foram desprezados, odiados e maltratados. Então, se apenas nos aproximássemos uns dos outros, causaríamos bem a nós mesmos e, consequentemente, bem ao mundo. Se criarmos o bem para o mundo, não haverá ódio aos judeus nele. Pois essa é a nossa tarefa: ser “uma luz para as nações”. Isso significa que temos o poder de assumir nosso destino, unindo-nos uns aos outros em amor fraterno, como nossos sábios nos ordenaram.