“Yom Kippur Em Um Mundo Interdependente” (Linkedin)

Meu novo artigo no Linkedin: Yom Kippur Em Um Mundo Interdependente

Pela primeira vez na história, o mundo de hoje nos mostra o quanto ele é um todo completo – que todos os seres humanos estão inextricavelmente ligados e, portanto, não têm escolha a não ser cuidar uns dos outros. Cada vez mais, descobrimos dia a dia como somos interdependentes. Essa é a razão pela qual este Yom Kippur, ou Dia da Expiação, é um período de ajuste de contas como nenhum outro.

Por meio de eventos mundiais como guerras, mudanças climáticas e a pandemia, agora vemos com perfeita clareza que tudo o que fazemos, seja bom ou ruim, afetará a todos, por isso precisamos examinar cuidadosamente nossos pensamentos e ações.

Estamos acostumados a avaliar nossas ações, mas também devemos avaliar nossas intenções em relação aos outros: minhas intenções são para meu próprio bem ou para o bem dos outros? Onde estou em relação à Força Superior, cuja natureza é amor e doação total?

Durante os Dez Dias de Arrependimento em que Yom Kippur é o clímax, quando jejuamos, oramos e pedimos perdão, chegamos ao ponto em que revisamos todas as nossas memórias e as comparamos com as regras que somos obrigados a cumprir para ver onde nós falhamos. De todos esses preceitos, o mais importante é “ame o seu próximo como a si mesmo”, a grande regra da Torá.

Uma parte importante dos costumes do Dia da Expiação, o dia mais solene do calendário judaico, é ler o livro do Profeta Jonas. Na história, Deus ordena a Jonas que diga ao povo de Nínive, que se tornou muito insensível uns com os outros, que corrijam seus relacionamentos se quiserem sobreviver. No entanto, Jonas fugiu de sua missão e foi para o mar na tentativa de escapar da ordem de Deus.

Como Jonas, evitamos nosso mandato e nos recusamos a nos unir. São nossas divisões, atritos, brigas que desencadeiam os desequilíbrios e a desestabilização da humanidade. Portanto, nossa recusa obstinada em nos aproximarmos uns dos outros é o pecado do qual precisamos nos arrepender.

Cada pessoa deve ser responsabilizada pelo que faz no dia a dia. Mas no Yom Kippur encerramos o ano, fechamos o balanço do que fizemos durante todo o ano para que possamos começar um novo ano com a sensação de limpeza como um recém-nascido. A medida de nosso sucesso ou fracasso individual não é a coisa mais importante. O que mais importa é o processo de exame da alma, para que nos desculpemos pelas oportunidades perdidas e recomece do zero.

Yom Kippur também é chamado de Dia do Juízo. Quem exatamente está nos julgando e o que está sendo julgado? Em primeiro lugar, precisamos examinar e julgar a nós mesmos. Porém, ao invés de esperar o ano todo para passar por esse processo, devemos fazer essa avaliação diariamente. Antes de irmos dormir, devemos também encerrar a conta daquele dia e pedir ao Criador que nos perdoe por tudo o que fizemos e deixamos de fazer.

Nossa intenção para um novo começo limpo deve ser nos conduzirmos com cuidado a fim de evitar machucar alguém e fazer todos os esforços para uma boa conexão com todos os seres humanos. E se pedirmos perdão de todo o coração pelo mal que causamos aos outros, estaremos prontos para nos voltar ao Criador e pedir-Lhe perdão total. Consertar nossas relações humanas é a precondição para consertar nosso relacionamento com a Força Superior.

Por um lado, durante o Yom Kippur, devemos sentir pena de nossas deficiências. Mas nesta tristeza também ficamos felizes porque abrimos a oportunidade de pedir desculpas e terminar o ano de uma forma bonita e limpa, de uma forma em que todas as nossas dívidas sejam pagas.

Vivemos em uma época especial chamada de “Última Geração”, o período do surgimento de um novo mundo. Este período é caracterizado pela busca espiritual pela correção de nossos atributos egoístas de benefício próprio para transformá-los em atributos de cuidado, cooperação e doação aos outros.

Esperamos que o mundo inteiro compreenda rapidamente a mudança que precisamos e tome a decisão de enterrar todas as armas e foque apenas no desenvolvimento da conexão e do amor entre nós. Certamente, alcançaremos o estado de amor geral e a revelação do Criador a todas as criaturas. No entanto, primeiro o povo de Israel deve mostrar o caminho. Como o Rav Yehuda Ashlag, autor do comentário Sulam (Escada) sobre O Zohar, escreveu em seu ensaio intitulado “O Arvut” (Garantia Mútua): “É responsabilidade da nação israelense qualificar a si mesma e o resto do povo no mundo a evoluir assumindo este trabalho sublime de amor aos outros”.