Como Criar Uma Criança Confiante

962.1Comentário:  O psicólogo russo Mikhail Labkovsky dá cinco dicas (conselhos) aos pais para criar uma criança confiante.

A primeira é “Seja generosa com os elogios, mas elogie corretamente. Não ‘Você é a melhor, veja como você é linda, não como seus colegas de classe’. Sua mensagem deve ser que a criança é maravilhosa porque ela é, não porque é a melhor das melhores”.

Minha Resposta: Isso mesmo. Claro, não devemos incutir a ideia de superioridade sobre os outros em uma criança; ao contrário, a criança deve sentir que vale algo por si mesma, e não que é melhor do que os outros. Que ela deve ser grande, ótima, confiante, gentil e assim por diante.

Pergunta:  Então você não deve compará-la com os outros e nem mesmo tocar em seu “eu”?

Resposta: Sim. Os padrões devem ser abstratos, não superioridade sobre os outros.

Comentário: Eu ficava motivado todas as vezes que me diziam “Olha como a Sasha é legal nessa aula. Você pode fazer o mesmo. Vamos!” Nós encorajamos as crianças dessa forma. O que há de errado nisso? Eu não entendo.

Minha Resposta: Isso transforma a pessoa em um egoísta. As competições são boas quando tornam a pessoa melhor do que outras para o benefício de outras. Esse tipo de competição, entretanto, é apenas para suprimir os outros.

Pergunta: Eu involuntariamente começo a pensar em suprimir essa Sasha?

Resposta: Sim. Por que eu deveria me tornar melhor do que ele? Prefiro menosprezá-lo, e assim não terei que fazer nada comigo mesma.

Pergunta: Essa é uma resposta natural do egoísmo?

Resposta: Sim. Preciso mostrar à criança que é preciso trabalhar em si mesma para ser melhor e não suprimir ninguém para estar acima dele.

Comentário: O segundo conselho é: “Se uma criança cometeu uma ofensa, não fale sobre a criança, mas sobre o fato. O ato é ruim e a criança é boa. Espero que você já tenha tirado as palavras como desonesto, estúpido e sem vergonha do seu vocabulário”.

Resposta: Esse é um grande problema para muitos pais que grosseiramente apontam que a criança não pode fazer nada, que não vale nada; isso a priva de um senso de confiança, segurança e possibilidade interior. É muito importante manter isso em uma criança.

Muitos de nós somos culpados disso. A gente pressiona a criança, diz: “Você não vale nada, olha como deve ser feito. Por que você não pode?” e assim por diante. Ou seja, nós a tornamos um ser totalmente inseguro. Ela cresce assim e a vida inteira não consegue se livrar disso.

Pergunta: Mas e se ela, por exemplo, cometer uma má ação?

Resposta: Suavize. “Você fez isso incorretamente, da maneira errada. Talvez você não pudesse fazer de forma diferente. Veja agora como isso pode ser feito de forma diferente”. Para que ela possa aprender com isso e ainda ter confiança.

Pergunta: Isto é, não tocar na criança e em seu pequeno “eu”. O princípio básico é não tocar no “eu”?

Resposta: Sim. Temos pessoas exatamente assim morando em nosso planeta, sem confiança interior, “mortas” pelos pais, pessoas carentes desde a infância. Para se defender de alguma forma, elas criam problemas, querendo subir pelo menos um pouco acima de todos. No entanto, elas não sabem fazer isso para se sentirem normais.

Para isso, elas devem suprimir outros, destruir outros e assim por diante. Se você pegar alguém que mata, tortura os outros, comanda alguma gangue, verá por que isso aconteceu com ele.

Você vai olhar para a infância dele e ver como ele foi desfigurado lá da mesma maneira.

Comentário: O terceiro conselho: “Nunca a compare com ninguém, mesmo que a comparação seja a seu favor. Esse é o caminho direto para o narcisismo. E o narcisismo é a destruição da base da autoestima. Ou seja, a autoestima está totalmente destruída. A criança corre o risco de crescer como uma pessoa que sempre se compara aos outros e sofrerá que alguém seja melhor do que ela”.

Minha Resposta: Sim. No entanto, ainda precisamos ter certeza de que a criança tem uma ideia do que é perfeição. E ela deve de alguma forma avaliar a si mesma em relação a essa perfeição.

Pergunta: É necessário dar à criança algum tipo de padrão?

Resposta: Sim, mas não em relação aos outros. O padrão não deve ser uma pessoa, mas uma qualidade.

Pergunta: Como você pode explicar a qualidade a que ela deve aspirar?

Resposta: Antigamente isso era feito com a ajuda de alguns deuses ou grandes heróis. No entanto, tais exemplos podem ser em algo específico, particular, não mais do que isso.

Pergunta: Deve ser uma qualidade? Por exemplo, como você costumava amar, então devemos chegar ao mesmo amor?

Resposta: Sim.

Comentário: A quarta dica: “Elogie a criança não pelo resultado, mas pela coragem e esforço, pelo fato de não ter medo e se apresentar, se esforçar por si mesma na competição, se esforçar, dar o máximo. Isso a ensinará a se sustentar no futuro. A propósito, isso vai contribuir muito para o seu sucesso na vida adulta”.

Minha Resposta: Sim, é necessário apoiar a criança e inspirá-la. Independentemente de seu sucesso, ela deve sentir que você está atrás dela e confiante nela, e não exige nada mais dela do que apenas sua diligência, esforço.

Pergunta: Ou seja, não devemos dizer: “Você foi bem, ficou em primeiro lugar, que linda medalha”, certo?

Resposta: Sim. Não faça isso. Absolutamente não. É necessário que ela seja autossuficiente e feliz em suas ações.

Comentário: Mas temos orgulho das medalhas.

Resposta: Essa é a nossa sociedade, uma sociedade tão estreita e egoísta que joga todas as pessoas umas contra as outras, eleva a competição a tais níveis que uma pessoa dedica toda a sua vida e saúde a isso. E qual é o resultado? Vemos que isso não traz felicidade a ninguém.

Pergunta: Isso significa que se uma criança fala sobre sua vitória, o principal para ela deve ser quanto esforço ela fez, como ela treinou para isso?

Resposta: Claro. Do contrário, ela usará drogas e vencerá apenas com a ajuda delas. É nisso que o egoísmo transforma cada um de nós.

Comentário: Este, aliás, é um comentário muito preciso. Todos esses esteroides anabolizantes, drogas e tudo mais. Já é impossível assistir esportes, tudo é claro aí. Agora há o problema de como esconder a droga, não de como não tomá-la.

Minha Resposta: Sim. O principal para eles é a realização em comparação com os outros. Exceto para esportes em grupo. Os esportes coletivos são relativamente atraentes.

Pergunta: É porque há uma vitória da equipe aí?

Resposta: Sim. Um único “eu” é borrado entre muitos outros e, em geral, a oposição de um ao outro não é o mesmo que de uma oposição.

Pergunta: E quanto ao fato de algum jogador ainda se destacar? Por exemplo, Messi ou outra pessoa.

Resposta: Isso é ruim. Afinal, o time venceu. Mas ainda assim, pelo menos desta forma.

Comentário: O quinto e mais importante conselho: “Você mesmo tem que ter autoconfiança. Os pais muitas vezes me escrevem: ‘Eu faço tudo certo, elogio, apoio, mas a criança mostra insegurança o tempo todo’. Claro, cada caso específico deve ser analisado separadamente, mas se você realmente faz tudo para a confiança da criança e ela tem autoestima zero, isso é o que se chama ‘Um alerta para os pais’”.

Minha Resposta: Em todo caso, ainda temos que mostrar à criança nossa confiança nela, nosso amor por ela e que a aceitamos como ela é. O mais importante é não destruir, não nivelar seu “eu” e não exigir dela grandes vitórias e conquistas. Só nesse caso você pode torná-la uma pessoa normal e confiante.

Pergunta: Por que um psicólogo começa assim: “Você mesmo tem que ter autoconfiança”?

Resposta: Porque você está tentando incorporar na criança o que você mesmo não realizou.

Pergunta: Não vai funcionar mesmo se eu jogar na frente dela?

Resposta: Não.

Pergunta: Você tem autoconfiança?

Resposta: Não. Uma pessoa totalmente confiante é apenas um idiota, ela deve estar no nível de uma pedra. No entanto, estou confiante de que não estou confiante, mas posso fazer o que tenho que acreditar.

Comentário: Isso não é fácil.

Minha Resposta: Ninguém diz que isso pode ser alcançado. Mas devemos aspirar por isso. A vida é aspiração.

Comentário: Em geral, todo esse caminho está na incerteza na transição para a confiança e novamente na incerteza.

Minha Resposta: Todo o caminho está na incerteza de você se relacionar com o absoluto. Esta é a sua confiança. Portanto, não há nada assustador aqui. Existe uma força superior, você tem que saber como se posicionar em relação a ela e, então, você ganha total confiança. Não em você mesmo, mas no fato de que você está indo com ela.

Pergunta:  Que sua bússola segue nesta direção o tempo todo?

Resposta: Claro. Então tudo é muito simples. Você segura como um pequeno a mão do grandão.

Comentário: O professor.

Minha Resposta: Sim.

Pergunta: E se você for constantemente deslocado para a esquerda ou para a direita?

Resposta: É proposital para que você se apegue a Ele com mais força, para que possa ver para onde está indo com Ele e assim aprender.

Você mudou em relação a Ele e deve se agarrar com mais força e alinhar seu caminho com Ele, atrás Dele. Dessa forma, você aprende tanto com as adversidades do destino quanto com a reação Dele a esse destino.

Pergunta: Esse caminho é pela razão ou pela fé acima da razão?

Resposta: Esse caminho é pela adesão ao superior. Ele mostra duas linhas e você tem que caminhar entre elas.

De KabTV, “Notícias com o Dr. Michael Laitman”, 03/09/20