“Não Há Preto Sem Branco” (Medium)

Medium publicou meu novo artigo: “Não Há Preto Sem Branco

Quando a sociedade está desmoronando, não é porque um lado está errado e o outro lado está certo; é porque nenhum dos dois quer se unir. Por natureza, queremos que tudo que não nos agrada desapareça. Se você pensa diferente de mim, quero você fora da minha vida, de preferência fora da existência. Este é o pensamento natural de cada pessoa, em vários graus. Mas a natureza não nos dotou apenas com essa natureza; também nos deu a capacidade de pensar e escolher.

Quando aprendermos que nossa vida, seu sentido e sua continuidade dependem da persistência daqueles que odiamos, valorizaremos a realidade que tudo criou e seremos capazes de construir o amor pela totalidade acima do ódio pela parte. Só então haverá paz e felicidade.

A natureza nos dotou com a capacidade de observar e aprender que nada existe a menos que seu oposto apoie sua existência. O planeta Terra, por exemplo, é mantido em órbita graças ao equilíbrio entre a atração gravitacional do Sol em sua direção e a força centrífuga que o empurra para longe dele. Da mesma forma, nossas vidas giram em torno das horas de escuridão e luz, e nossa visão depende do intervalo entre ver todas as cores juntas, criar a cor branca, e nenhuma cor, criar a cor preta. Calor e frio, fome e plenitude, atração e rejeição, amor e ódio, todos esses são opostos que fazem de nossas vidas o que são.

O oposto de nossas vidas não se nega ou refuta; eles se habilitam e se complementam! Se pudéssemos perceber que assim como é em toda a realidade e como é conosco, assim é com nossos semelhantes, imagine que mundo inclusivo e acolhedor teríamos. Imagine quanta riqueza poderíamos experimentar se pudéssemos abraçar a diversidade de cores, raças, crenças, tendências, perspectivas e tudo o mais que nos torna diferentes, mas complementares.

Imagine também que mundo entediante e estagnado teríamos se todos fossem iguais. Não desenvolveríamos o pensamento, pois não teríamos necessidade de articular um ponto de vista. Não desenvolveríamos a imaginação, pois nada nos estimularia ou intrigaria. Perderíamos nossa criatividade, vitalidade e gosto pela vida. Na verdade, devemos até mesmo nosso ódio feroz e o prazer de nos entregarmos à justiça própria ao fato de haver pessoas diferentes de nós. O que faríamos se elas não existissem?

O ponto principal é que precisamos olhar além das diferenças e ver a totalidade que as engendra, e que as diferenças mantêm a totalidade. Quando aprendermos que nossa vida, seu sentido e sua continuidade dependem da persistência daqueles que odiamos, valorizaremos a realidade que tudo criou e seremos capazes de construir o amor pela totalidade acima do ódio pela parte. Só então haverá paz e felicidade.