Quanto mais nos desenvolvemos, a natureza mais rigorosa exige que mantenhamos o equilíbrio entre recepção e doação. Somos incapazes de manter o equilíbrio e, quanto mais avançamos, mais sofremos.

Essas não são forças más que estão se voltando contra nós, mas o desequilíbrio entre as forças de recepção e doação está se tornando cada vez maior. A força de recepção, o desejo de desfrutar, cresce constantemente, mas não é compensado, corrigido pelo desejo de doar. É por isso que a natureza, como que nos castiga. Não é um sistema primitivo em que receberíamos punição instantaneamente e entenderíamos o que está acontecendo, como se você pusesse a mão no fogo, e se queimasse para saber que não faria isso da próxima vez. Mas o sistema da natureza é enorme e muito complexo e, portanto, quando recebemos uma reação negativa em algum lugar, não sabemos exatamente de onde vem e por quê.

Disso resulta que o aprendizado não é fácil para nós. A humanidade ainda não percebeu que o egoísmo a prejudica e causa todos os infortúnios do mundo. Não culpamos o nosso próprio egoísmo, que cresce constantemente em nós, nos comanda e nos obriga a receber sempre apenas em nosso benefício, por qualquer meio. Não somos capazes de entender isso e todos pensam que está tudo bem com ele.

A humanidade não vê que seu desejo de desfrutar seja a força do mal. Além disso, o egoísmo é o motor do progresso e sem ele é impossível não voltar às cavernas. Portanto, não temos escolha a não ser desenvolver cada vez mais nosso desejo egoísta e tentar dar a ele as várias satisfações que ele exige.

Ultimamente, temos andado à frente, alimentando o desejo do consumidor, a fim de vender mais e ganhar mais em nossos egos. Isso define nossa geração: não produzimos mais produtos essenciais à vida, mas ficamos muito sofisticados ao tentar satisfazer os caprichos de nosso egoísmo imprudente.

É por isso que a natureza está nos castigando, usamos nosso desejo de desfrutar hipertrofiado e desenfreado que exige coisas totalmente desnecessárias para a vida. O desejo de receber faz parte da natureza e acontece que usamos a natureza incorretamente. Em vez de harmonizar o sistema da natureza, usamos o desejo de receber para nosso capricho e desequilibramos a natureza.

Em vez de manter o equilíbrio correto entre a força da recepção e a força da doação, criamos desequilíbrios em uma direção ou outra e, assim, distorcemos a natureza. Como resultado, várias pragas surgem da natureza para nós. Nós mesmos abrimos a porta para eles através de nossos relacionamentos incorretos um com o outro.

De onde veio o coronavírus ou outros vírus que se manifestarão no futuro? Apenas a partir da conexão egoísta incorreta entre todas as partes da sociedade humana.

Estamos no mais alto grau da natureza, portanto, por nossos relacionamentos distorcidos, causamos distorções nos níveis mais baixos: a natureza animada, vegetativa e até inanimada. No nível inanimado, vemos que o mundo inteiro está explodindo de cataclismos: tufões, erupções vulcânicas, aquecimento global ou glaciação.

Distorções no nível vegetativo nos levarão a um ponto em que não teremos nada para comer. No nível animado, veremos o surto de vários vírus, e pode haver milhares deles. Além disso, ainda estamos para ver a infestação de gafanhotos, como nas pragas egípcias.

Causamos todas essas pragas com nossas próprias mãos, nos relacionando de uma maneira distorcida. Com isso, geramos todo tipo de manifestações feias nos níveis mais baixos que consomem todos os resultados de nosso trabalho como um tumor cancerígeno.

Sob tais circunstâncias, o coronavírus é uma correção, uma compensação pelas distorções que produzimos no nível espiritual na conexão entre nós. Como resultado, as distorções de níveis ainda mais baixos estão sendo reveladas e nos forçam a mudar para o lado da correção.

Graças ao coronavírus, já fabricamos menos mercadorias, viajamos menos e nos divertimos menos. A humanidade se acalmou e aplacou seu egoísmo arrogante que está destruindo o planeta inteiro.

Se a epidemia piorar, o mundo irá parar completamente: todo mundo ficará em casa, em vez de voar de um extremo ao outro do mundo, deixaremos de fazer todo tipo de coisa estúpida.

Ontem, a notícia mostrou um aeroporto completamente vazio.

Isso é uma correção; por que as pessoas precisam correr para algum lugar? Agora teremos tempo para pensar por que estamos fazendo isso. De repente, ficaremos aterrorizados: o que estamos fazendo? Por que fomos a algum lugar e gastamos dinheiro que tínhamos a ganhar nos sobrecarregando com trabalho adicional?

Agora podemos sentar em silêncio e pensar. De fato, há algo em que pensar. Podemos nos comunicar, fazer algo útil. Qual é o benefício de olhar algumas pedras em Roma ou Paris? Prefiro olhar para meus amigos, vizinhos e familiares. Finalmente, vou ver meus filhos, porque já esqueci como eles são e seus nomes.

Vou perguntar ao meu filho: “Querido, como está indo na escola?” E ele responderá: “Não estamos estudando há muito tempo, estudamos on-line”. Dessa forma, teremos tempo para conversar um pouco e nos conhecermos.

Acontece que isso é uma correção. É útil para a humanidade parar e sentir sua impotência e incapacidade de controlar tudo. É possível nos parar em um segundo e fazer qualquer coisa conosco.

Se amanhã um vírus aparecer na agricultura, o que vamos comer? É nisso que deveríamos pensar, em vez de nos matarmos e jogarmos jogos políticos. Você não pode agir com egoísmo se não tiver nada para comer. Então começaremos a pensar na vida, não em controlar o mundo inteiro, cada um por sua própria arrogância.

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá, 05/03/20, Escritos do Baal HaSulam, “A Paz”

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