Análise Global De 2019: Como Voltar A Se Equilibrar

Dr. Michael LaitmanDa Minha Página No Facebook Michael Laitman 25/12/18

À medida que nos aproximamos de 2019, o mundo se encontra como se estivesse em um balanço, mas o passeio não é do tipo calmo, com os pássaros cantando em torno de nós carinhosamente enquanto desfrutamos do movimento agradável e equilibrado de um lado para o outro. Pelo contrário, somos como uma criança em um balanço que perdeu o equilíbrio e não sabemos como sair: social e economicamente.

A França tem visto seus piores e mais violentos tumultos em 50 anos que começaram a se espalhar para outros países, demonstrando o potencial para uma “primavera europeia”. Deconcertantes 80% dos trabalhadores dos EUA relatam viver de salário em salário, enquanto seu governo estava apenas desligado por um período de tempo desconhecido. Os mercados de ações em todo o mundo tiveram o pior dezembro em décadas, e o Fundo Monetário Internacional fez uma previsão pessimista de uma desaceleração global.

Para desfrutar de um passeio agradável em um balanço, duas forças opostas deveriam estar nos balançando igualmente de ambas as direções. O que está levando a um desequilíbrio cada vez maior?

Até o início dos anos 90, o mundo oscilava entre duas forças opostas. A Rússia queria provar seu poder e sucesso ao mundo com seu regime comunista, que funcionava como um contrapeso para os EUA e a Europa. Havia um incentivo subjacente para os regimes capitalistas serem tão bem-sucedidos quanto possível, o que também significava que eles tinham que funcionar melhor para todos.

De fato, 30 e mesmo 40 anos atrás, possuir uma casa e um carro era mais viável para os trabalhadores americanos do que hoje. Paradoxalmente, os salários dos EUA estagnaram nas últimas décadas, enquanto a produtividade dos trabalhadores tem aumentado continuamente. Para onde foram todos os lucros? Os ricos se tornaram exponencialmente mais ricos.

Quando a Rússia Soviética entrou em colapso, juntamente com suas esperanças comunistas, não havia mais uma força que equilibrasse as ambições do capitalismo. Paralelamente, por natureza, o egoísmo humano continuou a crescer e evoluir para um nível mais alto. Como resultado, o capitalismo de hoje é dramaticamente diferente do que era há 30 anos e a desigualdade econômica atingiu proporções épicas.

Em meio a essa extremidade veio Donald Trump, que identificou a tendência e conseguiu atingir milhões de americanos que se sentiram desencorajados e despojados do pouco que tinham. Trump conquistou a presidência com o objetivo declarado de “drenar o pântano” e lutar contra os banqueiros e as pessoas de Wall Street que ganham dinheiro com dinheiro, enquanto a maioria do público está com dificuldades.

Além disso, Trump está trabalhando para minimizar a sensibilidade dos Estados Unidos às flutuações globais, limitando as conexões com outros países, seja através de uma guerra comercial com a China, elevando as tarifas, não cooperando com a UE e o fórum do G20, e até mesmo seu mais recente movimento de saída da Síria.

No entanto, outra força está se moldando para ser o contrapeso final no atual estado de coisas, e essa é a realidade inevitável da interdependência global. Se as coisas na Europa, por exemplo, continuarem a escalar em direção a uma crise econômica, o mundo também mergulhará em uma crise. Além disso, a maioria das indústrias hoje se tornou muito sensível às fronteiras, contando com a livre movimentação de capital, materiais, conhecimento e força de trabalho. Praticamente todos os países hoje estão ligados por meio de importação e exportação.

Em outras palavras, o mundo se tornou uma economia globalmente interdependente e, por extensão, uma sociedade global. Essa interdependência é uma força da natureza, ficando cada vez mais forte sem que percebamos. Se esta força nos atingir, enfrentaremos uma crise econômica global que nos derrubará duramente.

No entanto, enquanto ainda estamos no balanço, temos a oportunidade de equilibrá-lo por conta própria. Para fazer isso, não podemos impedir que o ego humano cresça, nem podemos parar a crescente interdependência. Em vez disso, temos que nos educar sobre o nosso mundo conectado e mudar nossos valores de acordo. Isso significa que todas as pessoas – dos magnatas aos manifestantes – precisam passar por uma mudança de consciência e reconhecer que nossos futuros estão inevitavelmente conectados.

Quando atualizarmos o nível de conexão humana, começaremos a ver como mudar também o paradigma socioeconômico. Duas forças opostas devem estar presentes para manter o equilíbrio. Portanto, minha esperança para 2019 é que iniciemos um programa educacional massivo e global, para que possamos equilibrar o ego crescente com uma conexão humana positiva. Então, poderíamos apontar para um passeio agradável no balanço.