Medium: “Fitness No Século XXI: O Nascimento De Uma Nova Religião”

O Medium publicou meu novo artigo: “Fitness No Século XXI: O Nascimento De Uma Nova Religião

Quem não quer estar “em forma” (fitness) hoje em dia? Tentar ficar em boa forma tornou-se uma busca nobre na vida moderna, e uma busca cara. O esforço realmente produz uma vida mais satisfatória? O resultado final parece mais que estamos lutando contra moinhos de vento porque algo está faltando.

Se sua programação diária inclui preparar superalimentos, malhar na academia ou ao ar livre, tomar suplementos, comprar aparelhos de última geração para medir seu desempenho de treinamento e níveis corporais, investimos em qualquer coisa e em tudo que for necessário para estar em forma e saudável a qualquer preço.

Não me entenda mal, não há nada de ruim em estar em forma. O exercício regular pode ajudar a reduzir o estresse e melhorar a saúde. O problema surge quando a devoção a permanecer em forma se torna uma obsessão.

É precisamente essa fixação ocidental no culto ao corpo que alimenta uma indústria do fitness de US $32 bilhões. Em vez de cumprir o prometido, nossa preocupação apenas aumenta a pressão sobre nossas vidas já pesadas. Como podemos tirar o peso de nossos ombros e experimentar a verdadeira satisfação?

Já nos anos 1950, o antropólogo Horace Miner escreveu sobre um povo estranho chamado “Nacirema”, que estava excessivamente focado em sua aparência física. Através de várias cerimônias e rituais, eles tentaram melhorar sua condição ao custo final de sua paz de espírito. “É difícil entender como eles conseguiram existir por tanto tempo sob as cargas que impuseram a si mesmos”, escreveu Miner em seu diário.

Acontece que os Nacirema não eram uma tribo perdida nem habitantes de uma terra distante. “Nacirema” é “americano” escrito ao contrário, e o trabalho de Miner é uma revisão crítica do culto americano ao corpo na sociedade atual. As pessoas estão prontas e dispostas a fazer qualquer coisa para retardar o envelhecimento: passar por tratamentos estéticos, consumir o que é comercializado como nutrição ideal, seguir regimes de treinamento rigorosos e não convencionais e o que for necessário para viver até 150 anos se fosse possível.

As características de nossa geração se voltaram para os dias da cultura helenística grega com sua adoração do “eu” e a busca da perfeição, realização pessoal e competição. Nossa paixão por aptidão nos fez esquecer a verdade essencial de nossa existência: no final, o corpo será enterrado e apodrecerá gradualmente. Essa verdade angustiante ressalta a importância de perseguir um objetivo eterno e digno.

Não devemos ser culpados por nossa loucura porque existe um desejo instintivo de cultivar e preservar o corpo na raiz de todo ser humano. Temos dentro de nós um anseio de alcançar a eternidade. Estamos apenas equivocados e desperdiçamos nossa força em nossa paixão por objetivos corporais.

Existe um caminho para alcançar a plenitude e a eternidade. Quando nos colocamos acima das limitações de nossas vidas temporárias no desenvolvimento da alma, descobrimos o sentimento de alcançar um poder supremo que engloba a natureza. Esta é a força que dá vida a tudo na natureza, a força que permite a vida eterna – o poder de amor e doação. Uma pessoa imbuída desse poder começa a perceber uma realidade diferente, uma vida de equilíbrio e realização.

Como é possível viver nesta nova realidade? Nós entramos nela focando nossa “rotina de exercícios” em nosso corpo espiritual, nosso eu interior. Embora possamos continuar nosso envolvimento em atividades físicas e cuidar de nossa saúde, nossa principal preocupação se torna direcionada ao crescimento espiritual, que é alcançado através da conexão humana, ou seja, pela construção e promoção de relacionamentos fortes e significativos.

À medida que trocamos a preocupação pessoal pela preocupação pelos outros, o envelhecimento e a data de expiração do corpo não são mais o foco principal de nossas vidas. Nós investimos na construção de conexões significativas em vez de gastar fortunas em correções falsas, nos agarramos à nossa alma inextinguível. Então, a perda do corpo para a morte não é mais dolorosa para nós do que remover uma camisa porque nos elevamos acima da existência corpórea. Investindo em nosso corpo interno, nosso templo interior, experimentaremos uma vida cheia de vitalidade, eternamente bela e em forma.