Tudo Começa Com Garantia Mútua

laitman_221.0Toda a correção está em reconectar o  sistema único da alma comum que foi quebrado de propósito pelo pecado de Adão com a árvore do conhecimento. A quebra foi uma preparação para o nosso trabalho. Nós precisamos juntar todas as partes quebradas e conectá-las corretamente.

A dificuldade deste trabalho é que toda vez que fazemos algo na prática, acrescentando alguma parte, talvez nem mesmo conscientemente, então, à medida que nos movemos para a próxima parte, a anterior desaparece. Afinal, há novas qualidades, novas sensações e novas condições.

Mesmo quando lemos algum artigo que já tínhamos lido dezenas de vezes, parece que sempre o ouvimos pela primeira vez. Tudo que foi feito no passado desaparece como água na areia e nada resta. Este é realmente um bom sinal de que estamos mudando de uma qualidade para outra, e cada vez somos renovados.

No entanto, isso nos leva ao desespero, porque não é o que se aceita em nosso mundo: se eu estudo, devo ao menos lembrar de algo, sentir algo, manter algo em meu coração e mente e ganhar experiência. Aqui não há experiência, como se todo dia você começasse tudo do zero e não sentisse se fez alguma coisa antes ou não.

Mas isso é apenas um sinal de que cada vez estamos recebendo novas qualidades para o trabalho, novos desejos quebrados que não tínhamos antes.

Outra dificuldade do trabalho é que nos foi dada uma tarefa para montar todo o “quebra-cabeça” da alma comum quebrada, mas somos incapazes de fazer isso! Afinal, para montar esse quebra-cabeça, precisamos descrever a imagem completa que nos será revelada somente no fim da correção. Então, como vamos montá-lo?

Está escrito sobre isso: “O Senhor terminará a obra” (“O Senhor cumprirá aquilo que me preocupa” – Tehilim, Salmos 138). Isto é, só precisamos colocar meio shekel para investir certo esforço tentando sempre fazer esse trabalho, como uma criancinha que tenta e sua, mas nada acontece. Então pedimos ajuda à força superior, oramos e ela faz tudo por nós. Isto é, a força superior faz todo o trabalho; nós só precisamos descobrir a deficiência disso.

Portanto, o trabalho parece incompreensível, incessante e incompleto para nós. Afinal, o trabalho correto no final deve levar a um choro, um pedido. De acordo com as tradições deste mundo, o choro e o pedido de ajuda atestam nosso fracasso porque estamos desistindo e admitindo nossa incapacidade de fazer o trabalho. No entanto, no trabalho espiritual, pelo contrário, é preciso ver grande sucesso em alcançar uma oração, um pedido, lágrimas e um coração partido.

Isso é chamado de revelação da verdade, e nada mais é necessário – todo o resto o Criador terminará para nós. Acontece que esse trabalho é muito diferente do que estamos acostumados em nosso mundo. Precisamos nos lembrar disso e nos apoiar mutuamente, tentando mudar nossa atitude para com o trabalho, seus resultados e nosso papel. O trabalho egoísta neste mundo não pode ser um exemplo para o nosso trabalho no mundo espiritual.

A conclusão é muito simples: “Não é para você terminar o trabalho, nem está livre para se afastar dele” (Avot, Capítulo 2:21). Nossa tarefa é realizar a nossa parte, fornecer nosso meio shekel, e o Criador adicionará a segunda metade para nós. Precisamos apenas revelar a deficiência para isso: descobrir que não podemos fazer isso sozinhos e ao mesmo tempo estar contentes por ficarmos desamparados, porque então temos uma razão para pedir ajuda e sabemos para quem nos voltamos. Isto é, nos sentimos dependentes da força superior e nos alegramos de que nós mesmos não temos nenhuma força além da centelha espiritual que nos impulsiona para a frente.

Nosso progresso sempre vai para o negativo, para revelar a falta, a fraqueza, o desamparo, o vazio e a impotência, que somente o Criador pode corrigir. Isso requer mudar sua atitude em relação ao trabalho, entendendo que “A opinião da Torá é oposta à opinião dos proprietários de terras”. “Proprietários” são aqueles que sabem aprender e fazer tudo sem envolver a ajuda de cima. E quem estuda Cabalá, pelo contrário, se sente fraco e incapaz de qualquer coisa. Isso significa que ele foi recompensado com a revelação da verdade.

O Criador nos deu esse trabalho para que pudéssemos revelar que a força superior faz todo o trabalho. Portanto, nosso trabalho é chamado “A obra do Senhor”: nós revelamos que Ele é a fonte de toda a corrupção e a fonte de todas as correções, Ele dá a obra e a aceita, e o objetivo é uma adesão com Ele.

Nós precisamos de um pacto e garantia mútua para realizar o trabalho do Criador em nós. Sem este pedido, a força superior que organiza tudo e nos reúne em um Kli não virá. 1

Não há estado pior do que não pensar no Criador, desconectar-se Dele. Afinal, é como se o Criador não existisse, nós O apagamos do mundo. Nós O agradamos pelo fato de nos apegarmos a Ele, como criancinhas que precisam da ajuda de seu pai. Mais importante ainda, o pedido deve ser direcionado para a correção. Não há prazer maior para o Criador do que nossa percepção de que Ele é a fonte de toda a criação e a única força agindo nela, além da qual não há mais nada.

O ser criado é aquele capaz de revelar isso e, assim, trazer contentamento ao Criador. Isso acontece quando descobrimos que não podemos fazer o trabalho sozinhos e precisamos da ajuda do Criador. Nós trazemos contentamento a Ele exatamente pelo fato de que O chamamos para o trabalho. Na espiritualidade, não é como na corporeidade, porque o trabalho em si é a recompensa. 2

Antes de mais nada, é necessário alcançar a garantia mútua (Arvut) entre nós, e através dela poderemos observar todos os “mandamentos”, isto é, conectar os desejos quebrados. Faremos isso com a ajuda da Luz que reforma, que é chamada “a Torá”, revelaremos o Criador dentro de nossa conexão e vamos nos aderir a Ele, que é o propósito da criação. Portanto, tudo começa com a garantia mútua: sem ela, não podemos observar os mandamentos (isto é, unir as partes da alma) e a Torá (isto é, extrair a Luz da correção), nem revelar o Criador, uma vez que Ele é revelado apenas em nossa conexão. 3

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 23/04/18, Lição sobre o tema “Assinatura do Arvut na Dezena” (Preparação para a Convenção “Todos como Um” em Nova Jersey 2018)
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