O Tempo Tão Amargo Quanto O Maror

laitman_261No início, o caminho espiritual parece bom, atraente, convidativo, aparentemente nos prometendo todos os tipos de realizações e revelações. Mas depois começamos a entender que precisamos pagar por tudo, que o que é exigido de nós é nos levar à equivalência de forma com o grau espiritual. O caminho se torna mais difícil, não tão atraente, até mesmo repulsivo, confuso, humilhante.

Este é o tempo que o Maror (erva amarga) simboliza. Na verdade, não é fácil atravessá-lo porque é como procurar a meta na escuridão total, através de muitas trilhas perigosas, pontes estreitas, subindo a montanha até o palácio do Rei. Alcançá-lo parece tão provável quanto atirar em uma minúscula moeda de uma grande distância.

Nós precisamos aguçar nossos sentidos, nos acostumar ao novo estado, elevar-nos acima da razão a um novo tipo de sentido. Nós precisamos aumentar a importância da meta e do Criador. Caso contrário, o objetivo espiritual perde sua importância em nosso desejo egoísta. Nós vemos que muitos de nossos amigos deixam o caminho porque não conseguem aumentar e desenvolver o sentimento da importância do caminho espiritual dentro de si mesmos, acima da escuridão e das dificuldades.

“E somente os heróis”, como escreve o Baal HaSulam, “alcançarão a meta, por falta de escolha e graças à garantia mútua. Este é o período do Maror (erva amarga). Somente aqueles que se estabeleceram corretamente desenvolverão o novo sistema dentro deles chamado fé, começarão a trabalhar em doação, se desconectarão de seu ego e sairão do exílio para a terra que mana leite e mel*.

Nós devemos usar um ao outro como partes de uma alma. Portanto, meu trabalho com os amigos é para que eu me veja responsável pela conexão deles, para levá-los à adesão com o Criador, a fim de trazer-lhe contentamento. Eu deveria tratá-los como o Criador, como se o Criador precisasse deles, não eu. **

Nosso trabalho é contra o desejo de receber, que precisa ser invertido, construindo o desejo de doar acima dele. Nós precisamos revelar todo o mal do ego, “mastigá-lo” como Maror até sentirmos toda a amargura, porque ele está em nosso caminho para a adesão com o Criador. Todos os gostos agradáveis ​​e deliciosos em nosso ego, que eram mais doces que o mel, agora estão se transformando em amargura terrível que é impossível tolerar.

Nós começamos a odiar tudo o que traz uma doce realização egoísta e estamos dispostos a sentir uma amargura tão grande que nos ajudará a fugir. Fugir é a única coisa que podemos fazer.

Nós descobrimos essa amargura em todo trabalho que fazemos no Egito; queremos alcançar a doação e não podemos. E não podemos transformar essa amargura em doçura, em bem, de modo que a doação seja doce para nós. Ainda podemos sentir amargura ao receber, como está escrito: “E os filhos de Israel suspiraram pelo trabalho”. Mas a doação torna-se doce somente fora do Egito, depois de receber a Torá e a correção de Bina, quarenta anos no deserto.

Assim, nosso principal trabalho no Egito é mastigar a erva amarga, o Maror. Até mastiga-lo completamente, não sairemos do Egito. ***

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 22/03/18, Escritos do Rabash, “O Que Significa, Se Ele Engole a Erva Amarga, Ele Não Sairá, no Trabalho?
* (Minuto 0:22)
** (Minuto 37:50)
*** (Minuto 44:37)