“O Que São Estandartes No Trabalho?”

laitman_259.02Somos obrigados a alcançar equivalência de forma com o Criador – esse é o objetivo da criação, ou em outras palavras, é inevitável. E se não quisermos isso, a força superior, como pais cuidadosos, punirá o filho até que ele consiga, porque eles entendem que não há outro caminho. O amor pelo filho os obriga a puni-lo. Está escrito, aquele que poupa a vara, estraga a criança.

Mas, desnecessário dizer, este é um caminho indesejável, não por amor. É por isso que existem dois caminhos: o caminho da Torá e o caminho do sofrimento. Esses caminhos não vão em direções opostas, mas avançam lado a lado. Se a cada momento no caminho eu não estou avançando na direção certa ou na velocidade certa, atraio imediatamente uma reação da força superior devido ao seu amor absoluto por mim – seja positivo ou negativo.

Essa reação me molda. A questão é apenas o grau da minha sensibilidade e consciência de que sempre, a cada momento, estou sob o controle e autoridade do Criador. Não importa o que passe por meus pensamentos ou desejos, em minhas ações ou em todo o corpo, devo apenas pensar sobre o que o Criador está fazendo comigo.

Em outras palavras, devo sempre permanecer no pensamento de que não há outro além Dele, o qual me levou a um determinado estado e dentro dele me deu um pouco de liberdade para perceber que posso tentar me tornar semelhante ao Criador ou ao meu Faraó. Nisto reside a essência de todo o trabalho de um indivíduo.

Não há outro além Dele – esta é a verdade. É por isso que preciso me livrar de todas as imaginações de que existem múltiplas forças que afetam minha existência. Não há nada além da única força.

Mas se estou confuso, imagino milhares de forças diferentes e eu, como se, me distanciasse do Criador, da fonte única para as dez, para as mil fontes que me impactam. Mas isso é absolutamente falso e me afasta do caminho da verdade. 1

O trabalho no Egito já é trabalho com respeito ao Criador; apenas inicialmente pensamos que podemos avançar com o nosso egoísmo, com o pleno consentimento do Faraó. Pensamos que podemos nos unir e revelar o mundo superior, o Criador, a força superior e alcançar a perfeição e a unidade – como o nosso ego imagina. Isso é chamado de “sete anos de saciedade”. 2

Vergonha na espiritualidade é totalmente diferente do que é em nosso mundo onde nos sentimos envergonhados porque alguns atos impróprios são revelados e se tornaram conhecidos pelos outros. A vergonha espiritual aparece quando eu não sou diferente do Criador. Esta é a causa exata da vergonha que trouxe a primeira restrição no mundo de Ein Sof (infinito).

É como se eu estivesse sentado em frente ao mestre e visse que Ele dá tudo e eu recebo tudo. Eu descubro que sou o único que recebe e, portanto, sou diferente do Criador, o doador. É por isso que odeio essa qualidade em mim mesmo, esse desejo de receber, porque não posso me livrar dele.

Veja o que o Criador fez comigo. Eu odeio esse veneno dentro de mim e sou impotente para me livrar dele. E ainda pior, estou constantemente exigindo isso, senão não posso viver. Somente quando decido que a morte é melhor do que esse tipo de vida, sou livado do mal e o Criador me revela que existe vida acima do desejo de receber.

Mas, em essência, toda a minha vida está totalmente dentro desse desejo egoísta de receber; eu dependo desse prazer e não posso me esconder dele. Eu odeio ele e não posso viver sem ele. É um estado terrível que me leva através das dez pragas do Egito, porque não sei como me livrar dele. Eu sinto que é veneno, mas devo tomar, caso contrário, de que fonte vou viver?

Minha vida inteira é alimentada exclusivamente por esse veneno. Eu preciso dessa cobra; só espero que ela não fuja de mim porque, se acontecer, não terei prazer algum na vida e morrerei. 3

Existem muitos níveis de vergonha. Apenas uma vergonha nos força a subir a um nível mais alto: sempre mais alto e mais alto. A vergonha, o reconhecimento do mal, é a única razão para se elevar mais alto. 4

O Criador é o bem que faz o bem porque Ele muda nossos órgãos sensoriais, nos dando a possibilidade de entender o que é a genuína amabilidade e bondade. Mas nada realmente muda em nossas vidas diárias. A vida só serve para nos levar ao ponto de fazer a escolha certa pela vida real.

Nós mudamos nossos valores e, depois, com novos valores, descobrimos uma vida melhor. Mas isso não significa que a própria vida mude. É apenas com nossos novos valores que esta vida parece mais agradável para nós. Afinal, cada um julga de acordo com suas próprias falhas. Precisamos mudar nossas qualidades, então veremos um mundo cada vez mais benevolente. O mundo inteiro é absolutamente bom; a Luz de Ein Sof preenche toda a realidade. 5

O que nos impede de viver bem com níveis tão elevados de avanço tecnológico? Por que o Criador continua arruinando nossas vidas nos colidindo uns com os outros todos os dias? Porque senão não precisaríamos Dele. E o bem está somente na adesão com o Criador. É por isso que o Criador criou todas as formas contrastantes – para nos mostrar que só podemos experimentar o bem quando estamos em doação absoluta para com Ele. 6

O Faraó é necessário; ele age em nosso benefício, ajudando-nos a escapar do egoísmo. É especificamente o Faraó quem é responsável por aproximar a nação de Israel do Criador. Não há mais anjo leal ao Criador do que o Faraó, nosso egoísmo, nossa cobra. É por isso que todo medicamento é feito de veneno. 7

Da 3ª parte da Lição Diária de Cabalá 26/03/18, Escritos do Rabash, “O Que São Estandartes no Trabalho?”
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