Sozinho Em Uma Multidão De Um Bilhão, Parte 1

laitman_423_03Pergunta: A solidão é um flagelo da sociedade moderna. O sentimento interior de solidão vive em uma pessoa cercada por um grande número de pessoas. Sobretudo, esse fenômeno é comum entre os jovens, e está ganhando impulso e força.

Os adolescentes passam meio dia na escola onde estão cercados por muitos amigos e, na segunda metade do dia, passam no computador em redes sociais virtuais e, no entanto, todos sofrem de solidão.

Outro grupo para quem o problema da solidão é especialmente agudo são os idosos com 65 anos ou mais, mas geralmente a solidão afeta todas as idades. Mesmo uma criança que se queixa de estar aborrecida, na verdade, significa que está sozinha, e não tem com quem brincar.

Obviamente, a solidão é puramente um sentimento interno não relacionado a quantas pessoas estão por perto. Qual é a razão pela qual as pessoas se sentem sozinhas?

Resposta: O problema da solidão começou a surgir a partir da metade do século passado, crescendo cada vez mais à medida que a humanidade chegou ao auge do seu desenvolvimento.

Em meados do século XX, o homem havia completado o desenvolvimento “linear” de sua natureza egoísta, que durou milhares de anos. O crescimento linear do egoísmo acabou; o mundo se tornou integral e global e se transformou em uma pequena aldeia onde todos dependem uns dos outros.

O desenvolvimento contribuiu para o fato de que hoje é fácil viajar de um extremo ao outro do globo. Antes disso, as pessoas viajavam apenas para negócios e comércio. No mundo moderno, todos estão viajando para algum lugar – voando, indo – e, poderia parecer, como alguém se sente sozinho aqui? O turismo é o negócio mais desenvolvido e poderoso do mundo, mas, ao mesmo tempo, as pessoas ainda estão sozinhas.

Talvez seja por isso que nos movemos o tempo todo. Talvez porque esperamos preencher esse vazio interno, essa necessidade interior? Mas isso não acontece. Pelo contrário, o turista vem para um país estrangeiro para se separar ainda mais de todos os outros.

Pode parecer que ele faz uma jornada para ver o mundo, para se familiarizar com outros países. Mas, onde quer que vá, ele sempre permanece sozinho, sentindo-se cada vez mais solitário do que em casa. O fato do mundo se tornar cada vez mais conectado externamente e mais individualista e separado internamente é um paradoxo.

Da mesma forma, as pessoas são interdependentes nos negócios e no trabalho e as culturas se influenciam mutuamente, mas ninguém lucra com isso pessoalmente ou sente a necessidade ou desejo disso.

O egoísmo dentro de uma pessoa cresce individualmente, mas, ao mesmo tempo, o mundo que nos rodeia forma um sistema global. Existe uma lacuna entre um mundo pleno e interconectado e as pessoas que não querem se conectar. Pelo contrário, o egoísmo cresce nelas e as transforma em individualistas cada vez maiores.

Portanto, nós vemos que o homem moderno não quer aceitar esse mundo, e o mundo não aceita o homem. Nós simplesmente não nos encaixamos na estrutura que a natureza fez para nós. A natureza quer que estejamos juntos, ligados por relações gentis, mas não queremos isso.

O mundo pode facilmente nos fornecer tudo o que precisamos: comida, roupas, remédios, habitação, absolutamente qualquer coisa, mas não queremos nos unir enquanto o mundo exige que façamos isso. Em vez disso, todos querem ficar sozinhos. Algum tempo atrás, uma família inteira poderia viver em uma sala e algumas famílias em uma casa. Os recém-casados ​​viviam juntos com seus pais. Mas hoje, cada adulto e cada filho precisa ter uma sala separada.

As tecnologias modernas encorajam essa tendência (naturalmente, elas funcionam para o consumidor). Como resultado, todos têm um telefone celular pessoal e um endereço de e-mail pessoal.

O egoísmo evolui dentro de uma pessoa, cada vez mais isolando-a dos outros, e nos obriga a pensar no que fazer a seguir. Afinal, nosso desejo de desfrutar exige uma satisfação que não pode ser obtida sozinho apenas para si mesmo.

De KabTV “Nova Vida” 04/04/17