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Um Cabalista Não É Um Recluso

Dr. Michael LaitmanPergunta: Por que um Cabalista precisa trabalhar neste mundo?

Resposta: Um Cabalista deve ser uma parte e participar plenamente em tudo que a humanidade participa. Ele é uma parte natural deste mundo e, portanto, precisa existir no mesmo sistema em que todos se encontram.

Um Cabalista não pode subir numa montanha e viver lá como um eremita. Ele deve viver junto com todos, ter uma família, filhos, ganhar dinheiro para sua subsistência, etc.

Da Lição de Cabalá em Russo 18/12/16

“Quando Você Anda No Vinhedo Do Seu Vizinho”

A Torá, Deuteronômio, 23:25: Quando você entra na vinha do seu vizinho, você pode comer tantas uvas quanto desejar, até que você esteja saciado , mas você não pode pôr [qualquer] em seu vaso.

Uvas simbolizam o desejo. É por isso que “você pode comer quantas uvas desejar, … mas você não pode pôr nenhuma[qualquer] em seu vaso” pois o desejo é externo. Quando você é incluído naquele desejo, o que significa elevar para o próximo nível, lá você pode receber em si mesmo sem descer de volta ao seu nível.

Isto refere-se a dois ​Partzufim,​duas almas: grandes e pequenas. Se uma pequena alma eleva-se até a grande e é incluída nela, como um embrião no ventre de sua mãe, em seguida, ela pode se alimentar-se de tudo o que há no nível superior. No entanto, não pode descer ao seu nível, já que seria como a morte, como infecção corporal.

Quando você é capaz de subir e descer livremente, entendenda que você não pode usar esse desejo em seu próprio nível, a inclusão no nível superior irá aumentar gradualmente, e você começará a se elevar e construir a sua própria “vinha”. [Leia mais →]

Educação Da Perspectiva Da Sabedoria Da Cabalá

laitman_946Pergunta: O que significa educar uma pessoa de acordo com a sabedoria da Cabalá?

Resposta: De acordo com a sabedoria da Cabalá, a educação é a coisa mais importante em que devemos nos envolver. Na verdade, a educação é que cria o ser humano a partir de uma besta. Através da educação, podemos transformar uma pessoa em qualquer coisa. O principal é o objetivo predeterminado que foi estabelecido.

De acordo com a sabedoria da Cabalá, para entendermos qual o objetivo a ser adotado na educação, devemos primeiro entender e descobrir para que nascemos, o que a natureza exige de nós, o que é a lei da evolução, para onde ela está nos levando e, consequentemente, como devemos educar uma pessoa.

Hoje, o mundo está numa grave crise, e não sabemos o que fazer, porque tudo está mudando tão rápido. Não sabemos como planejar a vida dos casais, sua interação com os filhos e a educação nas escolas e creches. Está tudo suspenso no ar.

Todo mundo está envolvido na realização pessoal. Não sabemos como um país moderno ou o mundo inteiro deve funcionar nessa questão: como estabelecer uma cooperação mútua entre pessoas que têm tradições e aspirações diferentes e que imigram de um lugar para outro, sem mencionar o problema da percepção do universo, do desenvolvimento da indústria, comércio, finanças e economia.

Tudo isso é impossível sem a educação adequada, porque no centro de tudo isso está o homem que deve gerir, criar e usar isso. Mas onde está esse futuro homem? Não podemos imaginá-lo porque não podemos imaginar nosso futuro com clareza. É por isso que não sabemos para que preparar os nossos filhos, quais profissões devemos ensiná-los ou como guiá-los. Nada é compreendido.

Estas são perguntas muito sérias mesmo para uma pessoa mediana, sem mencionar um país que não saiba se desenvolver mais e faça tudo de forma cega, de uma maneira hoje e de outra maneira amanhã, etc. Nós estamos todos em um estado muito obscuro, como se suspensos no limbo.

Portanto, tudo depende da educação. Como devemos preparar as pessoas para amanhã para que nada as surpreenda?

É aí que a sabedoria da Cabalá, que tem sido ocultada por muitos anos, entra e agora está pronta para nos ajudar. De acordo com a sabedoria da Cabalá, a natureza está conduzindo a sociedade humana à unidade universal, quer queiramos ou não. Nós alcançaremos a unidade de qualquer forma, seja pela cenoura ou pela vara, porque toda a natureza está gradualmente se tornando um grande e complexo sistema que está mutuamente conectado.

A automação da sociedade não vai ajudar aqui. As pessoas precisam se engajar na organização de sistemas industriais, políticos e outros da sociedade humana em plena cooperação mútua e harmoniosa entre si. Somente assim seremos capazes de sobreviver adequadamente e gerenciar as situações que encontraremos, mudando constantemente e percebendo como a natureza está nos mudando porque não podemos mudar por nós mesmos.

Nós estamos tentando construir algo e, de repente, encontramos um obstáculo e não conseguimos ter êxito. Nós tentamos fazer as coisas de forma diferente e novamente encontramos um obstáculo. É por isso que precisamos de pessoas que entendam a conexão mútua com a natureza e que possam levar toda a sociedade humana a ela. É nisso que a nossa educação deve se concentrar.

Ela deve se basear na capacidade de reunir pessoas em grupos, comunidades, diferentes partidos, mas não em grupos que se oponham e se contradigam ou que estejam contra qualquer um.

O nosso método é destinado a fazer uma pessoa sentir que vive em um mundo integral no qual está conectada a outros por bilhões de fios invisíveis. Primeiro, ela tem que imaginar essa rede de uma maneira puramente teórica e, depois, realmente a sentirá.

Portanto, toda a abordagem educacional deve visar o desenvolvimento da sensibilidade de uma pessoa à comunicação interna com outras pessoas, onde sentimos toda a sociedade como o único sistema, que ela realmente está no plano da natureza.

Da Lição de Cabalá em Russo 08/01/16

Jpost: “A Fogueira Israelense”

O The Jerusalem Post publicou meu novo artigo “A Fogueira Israelense“.

Lag Ba’omer comemora o surgimento da imensa luz da unidade através do “Livro do Zohar“. É um chamado para que comecemos esta jornada de sermos “como um só homem com um só coração”.

Uma vez por ano, crianças e jovens em todo Israel juntam qualquer pedaço de madeira que possam pegar com as mãos e os empilham em enormes montões, que incendeiam na noite de Lag Ba’omer, o 33º dia da contagem de Ômer, que começa no primeiro dia da Páscoa e termina em Shavuot. Naquele dia, dezenas de milhares de pessoas acorrem ao túmulo do autor do Livro do Zohar, o Rabi Shimon Bar Yochai, para orar e celebrar a escrita deste livro seminal da sabedoria da verdade, também conhecida como “a Sabedoria da Cabalá”.

Lag Ba’omer não é considerado entre as festas mais fundamentais do judaísmo, mas, como todos os dias festivos judaicos, marca um ponto profundo em nossa evolução como nação e no desenvolvimento espiritual de cada um de nós.

Lag Ba’omer em Poucas Palavras

Há cerca de 20 séculos, precisamente nesta época do ano, entre a Páscoa e Shavuot, o Rabi Akiva estava ensinando seus 24.000 alunos. Mas, de acordo com o Talmude, (Yevamot 62b), como esses alunos não seguiram a lei mais fundamental do Rabi Akiva: “Ama o próximo como a ti mesmo”, todos morreram em uma praga que os atingiu. Apenas cinco alunos permaneceram porque seguiram a orientação de seu professor e seguiram o princípio do amor ao próximo.

Destes cinco alunos, dois em particular passaram adiante o princípio de seu professor – o Rabi Yehuda Hanasi, redator-chefe e editor da Mishnah, e o Rabi Shimon Bar Yochai (Rashbi), autor do Livro do Zohar.

Escondido em uma Caverna

No período que seguiu à revolta de Bar Kokhba contra o império romano (132-136 a.C.), o Rashbi estava entre os dissidentes mais proeminentes contra o governo Romano na terra de Israel. O imperador romano, Adriano, enviou homens em busca de Rashbi para encontrá-lo e executá-lo.

Segundo a lenda, Rashbi e seu filho, Rabi Elazar, fugiram para a Galiléia, onde se esconderam em uma caverna por 13 anos comendo apenas alfarrobeiras de uma árvore próxima e bebendo a água de uma nascente próxima. Durante esse tempo, eles investigaram a sabedoria do oculto, a sabedoria da Cabalá, e revelaram os segredos da criação. Seus esforços lhes concederam a compreensão dos níveis mais profundos da natureza e a compreensão da unidade subjacente na base da existência.

Após 13 anos, o Rashbi ouviu falar da morte do Imperador Adriano e saiu da caverna. Ele reuniu mais oito alunos, além de seu filho, e ensinou-lhes os segredos da Torá que havia revelado. Com seus alunos, o Rashbi entrou em outra caverna, e com sua ajuda escreveu O Livro do Zohar, que é uma interpretação do Pentateuco, partes dos Profetas e dos Escritos, e é o livro principal na sabedoria da Cabalá .

O Livro do Zohar descreve as relações naturais que existem entre todas as pessoas. Ao contrário da crença popular, ele não fala de criaturas místicas e poderes esotéricos, mas sim escreve sobre nós – o processo pelo qual desenvolvemos nossa espiritualidade através de nossas relações com outras pessoas.

Através de suas insinuações e intimações, o Rashbi explica como devemos construir corretamente nossas relações através do amor ao próximo e como o amor ao próximo trará paz ao mundo inteiro. Na porção, Aharei Mot, o livro escreve: “Eis quão bom e agradável é quando irmãos se sentam juntos. Estes são amigos que se sentam juntos, a princípio, parecem pessoas em guerra, desejando se matar. Depois, eles voltam a estar no amor fraternal. Daqui em diante, vocês também não se separarão … e por seus méritos haverá paz no mundo”.

Esses irmãos e amigos que O Zohar menciona são pessoas como você e eu, que decidiram se conectar por um único propósito: alcançar essa unidade subjacente na base da existência que mencionamos anteriormente. Reconhecendo seu ódio mútuo e o subsequente esforço de se elevar e unir, eles se conectam a essa força de unidade e estabelecem um amor tão profundo entre eles, tal amor fraternal verdadeiro, que até O Zohar não descreve e simplesmente se refere a ele como “uma chama ardente de amor” ou “a luz do Zohar“.

A Conexão entre O Zohar e Lag BaOmer

Lag Ba’omer, o 33º dia da contagem de Ômer é o dia em que o Rashbi faleceu. É também o dia em que a sabedoria da Cabalá foi dada ao mundo através do selamento do Livro do Zohar.

A tradição de acender fogos em Lag Ba’omer simboliza a grande luz que apareceu em nosso mundo obscuro quando O Zohar foi assinado, selado e entregue à humanidade – uma luz que pode estabelecer entre nós conexões de amor.

Uma Luz no Fim do Túnel

A escuridão do impasse em que nosso mundo caiu nas últimas décadas vem de nosso egoísmo desenfreado. Esta é exatamente a mesma doença que consumiu os 24.000 alunos do Rabi Akiva. Assim como o Templo foi arruinado e os alunos do Rabi Akiva morreram apenas por causa do ódio infundado, a atual alienação e atmosfera de animosidade na sociedade estão prestes a causar estragos no mundo em geral, e em Israel em particular.

A saída do labirinto exige que usemos o mesmo método de conexão e unidade que nossos ancestrais usaram há 20 séculos. Se nós o implementarmos entre nós e nos conectarmos acima da rejeição interna que sentimos uns com os outros, iluminaremos a mesma grande chama que queimou antes e a luz do Zohar será revelada.

Meu professor, o Rav Baruch Shalom Ashlag (RABASH), escreveu: “Em cada um há uma centelha de amor ao próximo. No entanto, a centelha não pode acender a luz do amor. Portanto, juntando-se, as centelhas se tornam uma grande chama” (Escritos do RABASH, vol. 2, “Qual é o Grau que a Pessoa Deve Alcançar“).

Estabelecendo uma Solução Duradoura entre Nós

Hoje, está ficando claro que nossa sociedade exige uma solução fundamental, duradoura e sustentável para os problemas que enfrentamos. A grande regra da Torá, “Ama o teu próximo como a ti mesmo”, depende de nossa realização, se escolhermos juntos instalá-la entre nós. Nós somos realmente egoístas até a raiz e nossa “inclinação é má desde a nossa juventude”, como a Torá nos diz. No entanto, mesmo uma viagem de mil milhas começa com um pequeno passo, e agora devemos dar esse passo e começar a marchar por um novo caminho: o caminho da unidade, da conexão e da fraternidade.

Lag Ba’omer simboliza o surgimento da imensa luz de unidade em nosso mundo através do Livro do Zohar. É uma grande oportunidade para nós começarmos este caminho rumo à responsabilidade mútua, para sermos “como um só homem com um só coração”, para sermos o que a nação de Israel é – amor ao próximo – e para compartilhar essa luz com as nações, como fomos ordenados a ser, “uma luz para as nações”.