Black Friday Parte 2

Dr. Michael LaitmanPergunta: Antigamente as pessoas iam a uma loja comprar coisas que precisavam. Hoje, as compras se transformaram em uma forma de entretenimento. Como aconteceu essa mudança de abordagem?

Resposta: As pessoas não compram o que precisam. Elas compram o que a publicidade as incentiva a comprar. Elas vão a grandes centros comerciais e recebem prazer disso.

O fato é que o nosso egoísmo exige satisfação, e não sabemos como preenchê-lo de modo que o preenchimento se torne perfeito, eterno, ou pelo menos prolongado. Nossas vidas são dirigidas apenas para ser preenchidas, cheias, plenas, e para obter, obter, obter.

Nós vivemos em uma frequência muito maior do que antes. No passado, uma pessoa sabia que precisava de um roupeiro e ia a um carpinteiro para encomendá-lo. Não havia lojas cheias de roupeiros prontos. O mesmo é verdade com relação às roupas. Não havia roupas comercialmente prontas, as pessoas tinham que ir a um alfaiate para elas serem costuradas.

Hoje em dia, chegamos a uma loja onde podemos encontrar uma roupa de qualquer estilo, cor e tamanho. É mais conveniente, mas como as roupas já estão lá, isso nos induz a comprá-las e obriga o lojista a tentar vendê-las rapidamente. Por conseguinte, pode resultar em um consumo e uma competição completamente exagerados.

Nós vamos às lojas não para comprar alimentos necessários, roupas e sapatos, mas para dar uma olhada no que elas têm e comprar algo que gostamos, mas não precisamos. Mas esse consumismo nos desenvolve como seres humanos, porque nos acostumamos com o fato de que somos guiados na vida não pelas necessidades, mas simplesmente por capricho. Isso significa que começamos a perceber o quão baixas são as nossas ações. Nós não sentimos que somos pessoas que controlam seus desejos e que têm um ponto de vista firme sobre o que precisamos.

Em vez disso, cedemos às súplicas e à publicidade, e o nosso “eu” desaparece. Essa cultura de consumo molda a nossa nova geração, que não percebe o engano e confia na publicidade. Nós somos pessoas completamente vazias e compramos tudo o que as lojas e a mídia vendem: opiniões, cultura e visão de mundo.

Esse processo desliga o nosso cérebro, porque não precisamos pensar em nada. A principal coisa é ter dinheiro no bolso ou pelo menos um cartão de crédito. Empréstimos e dívidas são a realidade da vida atual.

Pergunta: O consumismo é a nova religião do nosso tempo. De que outra forma, além de compras, uma pessoa pode ser preenchida?

Resposta: Para isso, nós precisamos dar à pessoa uma educação especial. O culto do consumo não é apenas a compra de algum item ou roupas, mas também assistir a um filme e ouvir uma música que nos foi imposta, e ler notícias em sites, com 90% do conteúdo entupidos com publicidade.

As notícias também nos são apresentadas especificamente para nos confundir e encher nossas cabeças com todo tipo de bobagem. Só uma educação especial pode nos salvar dessa doença do consumismo e nos dar outras exigências mais elevadas para a vida e realização.

Nós não somos livres em nada, mesmo para onde tirar férias. Para onde quer que nos voltamos, a publicidade está em toda parte, nos guiando em certa direção. Essa cultura americana se espalhou por todo o mundo.

Pergunta: Então, o que pode substituí-la e fornecer a mesma satisfação das compras?

Resposta: Nós temos de dar à pessoa um objetivo diferente na vida que seja mais eterno, perfeito e grande. Afinal, nos cansamos das coisas que compramos um dia depois de comprá-las. Portanto, precisamos entender que temos a capacidade de desejar e receber uma satisfação muito mais significativa e eterna. O sentimento de falta e seu preenchimento com o que estava faltando nos traz satisfação.

De KabTV “Nova Vida” 24/11/16