Acesso Ao Programa Do Mundo, Parte 2

Dr. Michael LaitmanO estudo da Torá é muitas vezes visto como um simples estudo do texto do livro. No entanto, precisamos entender o que está escrito nessas histórias. Há quatro linguagens na Torá: Pshat, Remez, DrushSod (narrativa simples, alusão, alegoria e mistério) – quatro estágios de compreensão do material.

O texto da Torá nunca pode ser percebido no sentido comum como uma narrativa histórica.

Esse é um código que devemos decifrar. Ele tem quatro graus de compreensão e o grau mais profundo é a sabedoria da Cabalá. Através dela podemos alcançar a verdade, e, portanto, a Cabalá é chamada de verdadeira sabedoria.

Cada um pode decifrar esse código, mas, para decifrá-lo, deve mudar a si mesmo, desenvolver e expandir sua mente e sentidos. Então, ele vai descobrir o que realmente está escrito na Torá.

Há quatro fases de apresentação da Torá, e cada uma é um desenvolvimento adicional em relação ao nível em que nascemos e vivemos nesse mundo. A Torá não implica que o seu texto seja entendido literalmente, como em qualquer outro livro. Espera-se que a pessoa mude a si mesma e entenda a escrita em um nível mais interno.

Imagine uma criança lendo um conto de fadas com sua mãe: como um príncipe conheceu uma garota, se apaixonou por ela, e levou-a para o seu palácio. A criança só recebe informações muito rasas, primitivas dessa história, e a mãe entende a história mais profundamente e vê o que realmente aconteceu lá, porque está familiarizada com a natureza das pessoas. Isto é, cada um compreende a história de acordo com o nível do seu desenvolvimento.

Primeiro, precisamos entender que é necessário desenvolver a pessoa de modo que ela entenda a Torá. A própria Torá nos prepara para a sua compreensão, se a estudarmos corretamente. Avançando para o amor ao próximo, a grande regra da Torá, conforme a expansão desse amor dentro de nós mesmos, aprendemos a compreender a Torá cada vez mais fundo.

Nós percebemos a realidade em que vivemos em um modo profundo e mais amplo, mais multifacetado. Então realmente vemos todos os quatro graus nela.

O amor ao próximo começa com amigos próximos e se estende até a nação e, depois, ao mundo inteiro. Se toda a humanidade se aproxima de mim como meus próprios filhos, a partir deste sentimento, eu posso entender o que a Torá diz; não há outro caminho.

Pergunta: Quem desenvolve quem? Será que a Torá desenvolve uma pessoa ou a pessoa tem que se desenvolver para compreender a Torá?

Resposta: Uma pessoa só pode se desenvolver através do estudo da “Torá interior”, em outras palavras, a Cabalá.

O amor ao próximo revela novos sentimentos em nós que nos permitem sair de nós mesmos. Agora eu quero atrair tudo para mim e investigá-lo dentro de mim, apenas para o meu próprio benefício. Mas se eu saio e começo a amar o meu próximo, eu sinto a realidade que está fora de mim. Isso já não depende da minha relação com ele e quanto eu me beneficio dele. É assim mesmo, por si só, como se eu não existisse.

A realidade não é mais refletida em meus sentimentos e mente. Afinal de contas, uma vez que eu saio da minha própria percepção egoísta, eu adquiro os sentimentos e a mente do sistema geral que a Torá me fornece. Estes são os sentimentos e a mente do sistema superior, e com eles eu posso sentir e compreender toda a natureza em sua forma verdadeira.

Graças a isso, eu alcanço a eternidade e perfeição inerentes à natureza. Eu não trago interferências para a natureza como antes devido às minhas limitações, estereótipos, entendimento incorreto e percepção nos sentidos materiais e na mente que adquiri durante a vida nessa geração.

Acontece que a Torá me eleva ao grau de eternidade e perfeição. Eu mesmo deixo de depender do meu corpo. O corpo de repente pode ficar doente e morrer, e eu vou ficar na mesma consciência, na mesma mente e sentimentos que adquiri. Visto que a Torá é eterna, isso me faz uma pessoa imortal – uma entidade eterna chamada alma.

De KabTV “Nova Vida” 20/10/16