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Como Superar A Barreira Psicológica

Laitman_514_02Pergunta: O que podemos fazer quando não há desejo pela espiritualidade?

Resposta: Aja como se tivesse. Essa condição é chamada de “superação”, quando você tem que superar a si mesmo.

Onde você pode obter o desejo de doar e amar, de se conectar com outras pessoas, e construir um novo estado que é oposto ao nosso mundo? Para isso, você deve começar a construir tal estado se reunindo com outros amigos, cada um subindo acima de si mesmo.

Você não quer isso? Muito bem, isso significa que você está muito perto da realização. Se você age contra a sua vontade, você está em um dos níveis espirituais: 0, 1, 2, 3 ou 4.

Pergunta: Será que a condição de vazio é como uma pequena morte interna?

Resposta: Não é a morte, mas uma barreira psicológica, porque você passa ao próximo nível de realização, o próximo nível de consciência oposto ao que você tem agora! Como um embrião dentro da mãe que só existe devido a ela, e após o nascimento deve existir por conta própria. Portanto, esse processo é chamado de nascimento espiritual e é descrito em centenas de páginas no Estudo das Dez Sefirot.

Naturalmente, não temos nenhum desejo por algo que não sentimos. Se a humanidade continuasse a avançar em seus desejos por comida, sexo, família, honra, riqueza e conhecimento, não haveria problemas, e as pessoas nunca iriam alcançar nada melhor do que elas mesmos. As pessoas iriam se encher durante suas vidas, depois morrer, se encher e morrer, e tudo acabaria nisso.

No entanto, a fim de levar a humanidade ao próximo nível, é necessário mostrar-lhes que o seu método de vida atual é limitado, absurdo, e realmente não leva a nada. Nós estamos constantemente envolvidos apenas com o preenchimento de nosso corpo animal. Imagine que você vive ao lado de um animal – por exemplo, um burro – e está sempre pensando só nisso. Essa é a nossa existência atual.

A fim de subir ao próximo nível, temos que nos sacudir, e esse é o coração da crise, porque crise significa “dar à luz” ou “nascimento”.

Da Convenção em Praga – 09/09/16, Lição Preparatória

A Sabedoria Da Cabalá, Uma Licença Para O Prazer Infinito

laitman_439A sabedoria da Cabalá dá a pessoa uma licença para atingir o prazer infinito, pois a meta da criação é prover toda a criação com prazer infinito, como está escrito: “O Criador criou o mundo para dar prazer às Suas criaturas”. Mas primeiro temos que fazer algum trabalho, e depois vamos receber prazer.

Na verdade, no momento em que uma pessoa recebe uma abordagem para essa sabedoria, ela deve entender imediatamente que essa não é apenas sabedoria, é um meio para alcançar o prazer.

Isto pode soar egoísta, mas não há nada mais para uma pessoa fazer na vida além de buscar e descobrir, com a ajuda de seu ego, o tesouro que se encontra dentro de si: a sua alma, dentro da qual se encontra o Criador, e, em última instância, o prazer eterno, a vida eterna e a existência ilimitada. Tudo isso só é possível se a pessoa realmente tem um egoísmo saudável e bom, e constantemente anseia por essa meta, nunca se separando dela em troca de qualquer um dos prazeres deste mundo.

Primeiro, a pessoa não compreende o egoísmo escondido dentro de si e o que significa trabalhar com ele, o que é a Luz superior e como é possível atraí-la e dirigi-la para si, para que a Luz comece a “dividi-la” em egoísta e altruísta, doação e recepção. Isso não é fácil.

Tudo depende da capacidade da pessoa em persistir. Se ela tiver um desejo sério, vai atingir a meta.

Da Lição de Cabalá em Russo 28/08/16

Desenvolvimento Espiritual Em Uma Família Cabalística

laitman_289Pergunta: Meu marido e eu estudamos a sabedoria da Cabalá juntos. Vale a pena apenas lermos juntos ou eu também devo ouvir as explicações dele a fim de aumentar o seu desejo espiritual e deixá-lo se sentir bem?

Resposta: Na fase em que não estamos “aperfeiçoados” e não estamos sob um Masach (tela) anti-egoísta, não vale a pena impor nossos estados ao outro. É preferível manter uma distância. Seu marido tem estados de subidas e descidas, a sua taxa de avanço, seus problemas com o grupo, e assim por diante. A mulher também tem seus próprios estados.

Eu aconselharia casais a intervir menos nos estados espirituais de cada um, e isso deve ocorrer enquanto um Masach permanente não tiver surgido para cada um deles. Embora o casal possa falar sobre seus estados espirituais, eles devem ser compassivos com o outro.

Da Lição de Cabalá em Russo 26/06/16

Ynet: “Sorrir Externamente, Odiar Internamente”

Do meu artigo no Ynet: “Sorrir Externamente, Odiar Internamente”

O fenômeno do politicamente correto é muito considerado na sociedade americana, mas parece que, pela primeira vez, milhões de norte-americanos que desprezam essa falsa cultura estão ousando dizer: “Chega!” Há também aqueles que estão tirando proveito disso e podem se tornar presidente nas costas dessa “rebelião”. O Rav Laitman fala sobre a cultura do politicamente correto.

Qual das seguintes expressões você usaria em uma conversa com as pessoas: idoso, sênior ou velho? Cheio ou gordo? Pessoas com necessidades especiais ou deficientes? Preto, de cor ou afro-americano?

“Politicamente correto” é uma abordagem cujo objetivo é evitar o uso de frases que expressem discriminação, racismo ou lesão emocional sobre religião, orientação sexual, nacionalidade, sexo, e muito mais. Os defensores dizem que, mesmo que leve um tempo para se mudar atitudes e se falar em uma nova linguagem, nesse meio tempo, a conscientização do público aumenta, as injustiças sociais são gradualmente corrigidas e só o bem restará se pensarmos duas vezes antes de deixar escapar alguma coisa. Os opositores afirmam que é hipocrisia, uma distorção da realidade, e que contradiz os princípios da liberdade de expressão.

A História da Lavagem da Linguagem

No passado, não havia nenhum problema do tipo politicamente correto. A hierarquia humana era clara, e cada pessoa reconhecia o seu status social e aceitava a expressão que sua ocupação designava: nobre, senhor, aristocrata, servo, vassalo e cidadãos comuns. A linguagem era lacônica, direta e “sem cultura” em relação aos dias de hoje. No entanto, uma pessoa não era ofendida por ser chamada de servo ou prostituta, contanto que esse fosse o seu status social.

Parece que, pela primeira vez, milhões de norte-americanos que desprezam essa cultura falsa estão ousando dizer: “Chega!” E há também aqueles que estão se aproveitando disso e podem se tornar presidente nas costas dessa “rebelião”.

As pessoas se relacionavam de acordo com o seu status na sociedade, assim como no exército uma pessoa se relaciona de acordo com o seu grau, ou como na sociedade indiana, de acordo com a casta a que pertence. É possível criticar essas hierarquias e etiquetas sociais, e dizer que são incorretas ou injustificadas, mas é assim que as coisas eram, e a espécie humana concordou com essa realidade e a aceitou como algo natural.

A Revolução Francesa no final do século XVIII se tornou o símbolo de mudanças radicais na ordem social e no governo desse período e, depois disso, a mudança começou. A natureza egoísta da humanidade evoluiu para dimensões gigantescas e distanciado as pessoas umas das outras, até que o sentimento de filiação social, desapareceu. Começou um movimento das aldeias às cidades, da agricultura às profissões como ciência, educação e cultura, e dentro de alguns anos, um filho de camponeses se tornava médico. O modelo de ordem social que tinha sido mantido ao longo da história mudou, e as pessoas se recusavam a manter seu status inferior. Elas exigiam respeito de acordo com o seu novo status e a educação que adquiriam.

Ataque da Bastilha. Pintura de Jean Pierre Howell de 1789.

A igualdade se tornou o nome do novo jogo. Líderes e cidadãos, as pessoas educadas e as comuns, homens e mulheres, preto e branco, eram todos iguais. Não havia diferença. Assim, aparentemente, nos tornamos mais “liberais”. Gentis, atenciosos, e principalmente hipócritas, já não dizíamos diretamente o que pensávamos dos outros. Dissimulávamos a verdade. Mentindo externamente, continuávamos pensando e sentindo de forma diferente internamente. Agindo falsamente, apagávamos as lacunas entre nós, e apesar de tudo, encontramos uma linguagem nova e fácil para o gerenciamento de conversas “politicamente corretas”.

Então, o que é politicamente correto para mim agora?

Você vai perguntar, mas o que há de ruim na vida em uma sociedade onde todos somos iguais e adquirimos respeito um pelo outro? Não é isso que temos aspirado e nos esforçado ao longo das gerações?

Não há nada de ruim em viver com igualdade ou deseja-la. O problema é diferente: nós não somos naturalmente iguais. Não somos iguais em nossos genes, nos traços de caráter com que nascemos, cor da pele, QI, quantidade de dinheiro que ganhamos, ou nossa visão singular de mundo. Ou, como os sábios disseram: “Assim como seus rostos são diferentes, suas opiniões são diferentes” (Berachot 58b). No entanto, a cultura do politicamente correto nos prova que temos um desejo esclarecido dentro de nós por igualdade de oportunidades, justiça social e uma sociedade justa para todos os seus membros. Então, de onde vem o impulso em direção à igualdade?

De acordo com a sabedoria da Cabalá, no inconsciente coletivo da humanidade, todos nós aspiramos à igualdade e somos atraídos contra a nossa vontade para o estado único e perfeito para o qual toda a criação está se dirigindo. Muitas nações no passado se rebelaram para se libertar do domínio colonial ou lutaram contra o fenômeno mundial do racismo. Para viver em uma verdadeira igualdade, não apenas para expressá-la em palavras bonitas, temos que imitar o sistema natural que conecta tudo em harmonia e equilíbrio, cada um permanecendo como nasceu ou foi educado, tecendo uma rede de conexões mútuas que irá criar um sentimento de totalidade entre nós. Isso significa que poderemos conciliar todas as oposições e diferenças entre nós, e que a paz vai habitar entre nós. Só através dessa interdependência e responsabilidade mútua é que cada indivíduo permanecerá valorizado e importante na sua totalidade, o mesmo para todos, sem exceção. Como num círculo, cada um tem o seu ponto único e extremo, mas em relação ao centro do círculo, todos somos iguais.

Tirar as Máscaras

Se estivéssemos conectados entre nós “como um homem em um só coração”, descobriríamos que a sociedade humana é mais rica e mais variada do que nos parece, mas em vez de corrigir o sistema defeituoso das relações entre nós, corrigimos a nossa linguagem. “Politicamente correto” é uma cobertura para o nosso verdadeiro medo. Ele bloqueia a nossa oportunidade de descobrir quão egoístas, maus e cruéis nós somos para com os outros, e isso limita a capacidade da humanidade de evoluir.

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, foi o primeiro a dizer que todos nós censuramos nossos impulsos violentos e sexuais que borbulham dentro de nós. Conforme eles se rompem, mais a sociedade se desequilibra e se torna mais perigosa, como evidenciado na Alemanha nazista e na Itália fascista. Embora Freud tenha detectado um pouco do mal que está escondido na humanidade, que somos criaturas egoístas por natureza, aspirando a dominar os outros e oprimi-los, ele não forneceu uma resposta para isso.

A sabedoria da Cabalá é um método que pode nos ensinar como nos conectarmos acima de todas as diferenças e corrigir a fonte do mal. É a esperança para mudar a face da sociedade humana. Com sua ajuda, vamos ter sucesso em frear nossa natureza egoísta que é passível de provocar a queda da sociedade. Nossa natureza egoísta é uma imensa força negativa que ameaça entrar em erupção contra os outros e trabalhar em nosso prejuízo. Para neutralizar isso, precisamos equilibrar as relações entre nós, usando a força positiva, o poder da conexão.

Igualdade como um Teste de Realidade

A Cabalá ensina que o sentimento de verdadeira igualdade e amor só pode ser construído como um andar adicional sobre a desigualdade e o ódio, uma fórmula que é chamada, “O amor cobre todas as transgressões” (Provérbios 10:12).

Em todas as fases de nossas vidas, o ego expõe outra de suas peças expressa em sentimentos de desprendimento, rejeição e ódio para com os outros. Não há necessidade de apagar ou para alterar o ódio; ele é uma parte orgânica da criação. “Como os Sábios disseram, (Tratado Kiddushin 30b): ‘Eu criei a inclinação ao mal, e criei a Torá como um tempero para ela’, ou seja, que a iluminação na Torá reforma” (Escritos de Baal HaSulam). Tudo o que cabe a nós fazer é nos conectarmos acima do ódio, e é assim que despertarmos a força positiva, o poder da “Torá”, o poder de conexão e amor que tem a capacidade de trazer equilíbrio, igualdade e justiça social.

Quanto mais nos esforçarmos em nos conectar com a ajuda do diálogo, de círculos de discussão e atos comuns de conexão, vamos despertar o poder de conexão e amor que nos possibilitará ser “como um homem em um coração”.

Acima das transgressões e do ódio, um tecido sutil de amor é construído que determina e conserva. “A essência da vitalidade e da existência de toda a criação é através de pessoas cujas opiniões diferem se unindo em amor, unidade e paz” (Likkutei Halachot, Halacha 4). O amor é o propósito de nossa evolução. Isso não se refere a uma conexão sincera temporária, mas de uma lei natural obrigatória da realidade, que em última análise, todos nós estamos conectados em um sistema único, completo, e não haverá mais nenhuma necessidade do “politicamente correto”.

Do Artigo no Ynet 02/11/16