Ynet: “Será Que Nós Perdemos O Nosso Caminho Como Nação?”

Do meu artigo no Ynet: “Será Que Nós Perdemos O Nosso Caminho Como Nação?”

Será que a decisão de negar a nossa relação histórica com o Monte do Templo é apenas o tiro de advertência antes da iminente deslegitimação do Estado de Israel em todo o mundo? Será que a verdadeira razão para essa decisão é o conflito entre palestinos e colonos na Cisjordânia, ou nós perdemos o nosso caminho como a nação de Israel? (Rav Laitman sobre o verdadeiro legado da nação judaica).

A grande ansiedade sobre o destino do Estado de Israel não me permite ficar de braços cruzados. A decisão da UNESCO, que nega a estreita ligação entre o povo judeu e o Monte do Templo e o Muro das Lamentações não é o que me incomoda, mas o fato de que este é o primeiro passo e uma boa forma de negar a legitimidade do Estado de Israel.

O povo judeu tem uma memória de longo prazo. Nossa ligação histórica com a herança judaica ou a terra de Israel não será cortada por organizações internacionais e declarações diplomáticas. Nós ainda nos lembramos muito bem do Holocausto a que fomos submetidos, a grande tensão pouco antes da declaração da fundação do Estado de Israel, a grande alegria nas praças da cidade, e o anúncio comovente de Mota Gur da ONU (“Monte do Templo está em nossas mãos”) no final da Guerra dos Seis Dias. Nós nos esquecemos apenas de uma coisa importante: o nosso papel na história da humanidade.

As Nações Unidas e a Nação que Une

De acordo com a sabedoria da Cabalá, a relação entre Israel e as nações do mundo não mudou nem um pouco nos últimos 3.500 anos. A nação judaica foi fundada na antiga Babilônia quando diferentes indivíduos, famílias e tribos que eram estranhos entre si concordaram em seguir a ideia espiritual revolucionária conduzida por Abraão, o pai da nação. A divisão social naquela época atingiu picos sem precedentes devido ao ego em erupção, e o ódio mútuo e a repulsão tornaram-se parte da vida diária. Abraão, um estudioso babilônico único, recusou-se a aceitar a situação como inevitável, e começou a explorar a natureza e o sistema da criação. Ao estudar a si mesmo e com sua profunda pesquisa, ele descobriu que a humanidade está ligada por uma rede de laços, e na base deste sistema nós podemos ver apenas duas forças: positiva e negativa. A força positiva está constantemente trabalhando para reunir e conectar todos os indivíduos em um todo, enquanto a força negativa opera para separar e dividi-los.

Abraão concluiu que a regularidade interna que existe em um indivíduo é verdadeira no que diz respeito aos sistemas da natureza. Ele concluiu que a solução imediata para a sociedade babilônica em crise era restabelecer o equilíbrio para com as más relações entre eles através do fortalecimento da força positiva na natureza. Assim, ele gradualmente orientou os babilônios e lhes ensinou como desenvolver a unidade entre eles como o valor supremo e subir acima da natureza egoísta que os separava. “Abraão começou a chamar toda a nação para que eles soubessem que há um Deus no mundo. Como eles costumavam se reunir em torno dele e fazer-lhe perguntas, ele costumava falar com todos de acordo com o seu nível de compreensão, até trazê-los de volta ao caminho da verdade, até que milhares e centenas de milhares de pessoas se reuniram em torno dele, e esse é o povo da casa de Abraão. E ele plantou esta grande ideia em seus corações e escreveu livros, e esta ideia cresceu e se desenvolveu entre os filhos de Jacó e seus seguidores e uma nação que conhece o Senhor foi fundada no mundo” (Rambam, “Mão Forte”). Assim, o método de conexão entre as pessoas se desenvolveu: o antigo método chamado sabedoria da Cabalá.

Os babilônios que ouviram o conselho de Abraão e reforçaram as bases da garantia mútua e do amor ao próximo descobriram um fenômeno natural que não conheciam antes. Eles descobriram que, quando os seus relacionamentos ascendem ao nível do amor incondicional, uma sensação de harmonia e plenitude se espalha entre eles, uma espécie de força superior que conecta todas as forças individuais separadas em uma só, que eles chamaram de Deus. As centenas de milhares de babilônios que compunham este grupo e que visavam diretamente à força de conexão que foi revelada entre eles, Yashar El, se chamaram povo de Israel.

A força que está escondida na nação judaica

Desde o dia em que a nação de Israel foi fundada sobre a base da unidade, eles receberam a missão de difundir o método de conexão entre as setenta nações do mundo, os babilônios que não escolheram seguir Abraão e que se dispersaram em todo o mundo. Uma vez que todo o mundo está ligado por uma rede harmoniosa de laços que se esforça em manter o equilíbrio constante, os destinos de Israel e das nações do mundo – as duas partes opostas que operam no sistema – são dependentes e conectados entre si. A parte chamada nações do mundo constantemente exige que a parte chamada Israel seja uma Luz para as nações e dê um bom exemplo de unidade, acima de todos os fatores de divisão, “já que o segredo da unidade do mundo está ocultado em Israel”, como diz Rav Kook.

Muito tem sido escrito sobre as ligações diretas e indiretas entre Israel e o mundo nas fontes Cabalísticas autênticas, especialmente no Livro do Zohar, que foi escrito há 2.000 anos: enquanto Israel manteve a força da conexão entre eles, a força positiva foi transmitida através deles ao mundo e foi bom para todos. Mas quando eles começaram a discutir entre si e perderam o sentido de unidade e garantia mútua, as nações do mundo se levantaram contra eles, com a demanda inconsciente pela vitalidade que a força oculta na nação judaica desperta.

O mundo sente inconscientemente que a fonte de todo o mal e a raiz do sofrimento que atravessa estão diretamente ligadas ao fato de que a nação de Israel não está cumprindo seu papel. O fato de Israel ser a nação mais odiada no mundo, seja por razões religiões, por motivos raciais, pelo capitalismo ou comunismo, pelo cosmopolitismo e muito mais, o ódio que está na raiz de todas essas razões é que todos desculpam seu ódio de acordo com a sua própria psicologia, como diz Baal HaSulam. Esse sentimento de ódio está se formando entre muitos e criando uma tendência refletida na atitude hostil em relação a Israel. As decisões da UNESCO sobre o Monte do Templo podem deteriorar até mesmo as decisões mais hostis e o entendimento de que o mundo estava errado quando votou a favor da criação do Estado judeu no coração do Oriente Médio, e que agora é hora de voltar atrás em sua decisão e agir no sentido de negar a legitimidade do único Estado judeu no mundo.

Rav Yehuda Ashlag nos avisou sobre isso uma centena de anos atrás, quando disse: “Nós precisamos dar aos gentios a sabedoria da conexão, justiça e paz, pois é apenas no que diz respeito a isso que eles são nossos alunos, e isso é o que eles têm esperado desde o nosso regresso a Israel. E a sabedoria da Cabalá é atribuída apenas a nós, e mostra a todos os gentios a justificativa de Israel em retornar à sua terra e até mesmo para os árabes. Mas o nosso retorno não impressiona os gentios hoje de forma alguma e nós temos que nos apressar, porque se não o fizermos, eles vão vender a independência de Israel para satisfazer as suas próprias necessidades, sem falar do retorno de Jerusalém”. (Os Escritos da Última Geração”, Baal HaSulam).

Nós determinamos o nosso próprio destino

A UNESCO, a ONU, a UE e outros organismos que nos condenam e votam contra nós são uma espécie de reflexo do nosso fracasso em cumprir o nosso papel. Em outras palavras, nós oferecemos a UNESCO os motivos de suas decisões, e as nações do mundo só executam essas decisões. A atitude do mundo em relação a nós depende apenas de nós, e cabe a nós determinar se o mundo vai continuar a demonstrar ódio e antissemitismo, ou se eles vão entender e respeitar a nossa presença na terra de Israel!

Cerca de dois anos atrás, eu me encontrei em Paris com a Sra Irina Bokova, secretária-geral da UNESCO, como parte dos meus esforços em estimular uma mudança positiva de atitude da organização em relação ao Estado de Israel. Embora eu já tivesse previsto o resultado da reunião antes da minha viagem a Paris, ainda sentia que era importante tentar. Infelizmente, o resultado da reunião provou o que os nossos professores, os grandes Cabalistas, têm dito: não há nenhuma razão em esperar qualquer tipo de mudança por parte dos fatores políticos. A decisão sobre o futuro do Estado de Israel, para melhor ou para pior, está em nossas mãos.

“O objetivo de Israel é o de unir o mundo inteiro como uma família” (Rav Kook). Tudo o que temos a fazer é decidir fazer uma mudança profunda em nossas relações interpessoais, se conectar como um homem em um só coração, e parar de se preocupar apenas com a gente. A força positiva que vamos criar entre nós vai equilibrar as forças que dividem e, assim, vamos trazer perfeição à rede de conexões entre as pessoas. A força da conexão irá permear entre as nações do mundo e obrigá-las a iniciar um processo semelhante, de se conectar e nos reconhecer como a fonte de conexão e bondade. “A nação de Israel foi feita para ser uma espécie de transmissor por meio do qual centelhas fluirão a toda a humanidade em todo o mundo até que elas se desenvolvam e sejam capazes de compreender a agradabilidade e tranquilidade que há no amor ao próximo. E quando os filhos de Israel forem preenchidos com pleno conhecimento, o fluxo das fontes de sabedoria transcenderá a fronteira de Israel e será derramado a todas as nações do mundo” (Escritos do Baal HaSulam).

Do Artigo no Ynet 18/10/16