Da minha coluna no Ynet: “O Homem Que Abriu O Caminho Espiritual Da Nação De Israel”
Na idade de 35, ele apareceu em Safed, misterioso e majestoso, e durante os dois anos e meio antes de sua morte súbita mudou o curso da história e trouxe uma mudança tremenda. Graças a ele a sabedoria da Cabalá foi revelada para quem quisesse estudá-la e não apenas para alguns poucos escolhidos. O ARI, o rabino Isaac Luria Ashkenazi, o maior Cabalista de Safed, faleceu no dia cinco de Av, 444 anos atrás. Ele deixou atrás de si um método de estudo e uma mensagem relevante, que foram adaptados para o nosso tempo pelo Baal HaSulam, Rav Yehuda Ashlag.
“Se eu tivesse encontrado até mesmo um justo entre vós, eu não teria sido levado deste mundo antes do meu tempo”, disse o ARI tristemente aos seus alunos alguns instantes antes de falecer.
Rav Isaac Cohen, que estava ao seu lado, chorou amargamente e disse: “o que vamos fazer agora”? O ARI respondeu: “Diga aos amigos em meu nome que a partir de agora eles não se envolvam na sabedoria que eu ensinei a todos, uma vez que não a compreenderam corretamente, e só o Rav Chaim Vital vai envolver-se nela escondido e sussurrando”. Rav Isaac Cohen ficou muito irritado e perguntou: “Existe alguma esperança”? “Se você for recompensado Eu virei, e o ensinarei”, o ARI respondeu. “Como é que virá e nos ensinará depois de morrer”?! Perguntou Isaac Cohen novamente. “Você não tem porque perguntar o que está escondido”, respondeu o ARI, e faleceu com a idade de apenas 38! (Shaar HaGilgulim).
O Zohar: O Mundo Total do ARI
O ARI foi o maior Cabalista no século XVI de Safed, e a figura central e mais significativa na história da nação de Israel e da sabedoria da Cabalá. Ele nasceu em Jerusalém em 1534. Seu pai morreu quando tinha oito anos e, como resultado, a família encontrou muitas dificuldades. A fim de melhorar a sua situação, sua mãe decidiu mudar-se para o Egito, para viver com seu irmão. Lá, o ARI viveu a maior parte de sua vida, e mergulhou no estudo do Zohar.
Depois de atingir grandes níveis espirituais e com o seu entendimento oculto especial do desenvolvimento da humanidade, sentiu que tinha chegado o momento de revelá-lo. Ele mudou-se para Israel e estabeleceu-se em Safed. O ARI sabia que iria encontrar o rabino Chaim Vital, seu aluno fiel, que mais tarde iria escrever seus ensinamentos e difundir a sua sabedoria no mundo.
Assim, em 1570, com a idade de 36 anos, o ARI mudou-se para Israel e estabeleceu-se em Safed, a cidade dos Cabalistas. Fpi séculos depois da época de Rabi Shimon Bar Yochai (Rashbi) e do grupo do Zohar, anos nos quais a humanidade esperou pelo professor certo que iria abrir o próximo nível espiritual da sabedoria da Cabalá. A chegada do ARI a Israel e a publicação do “Livro do Zohar” foram sinais claros de que havia chegado a hora.
A Centelha do Rashbi
Quando chegou a Safed, o ARI começou a estudar com o grande Cabalista da época, o rabino Moshe Cordovero (Ramak). Mas, pouco depois, os papéis foram trocados: o ARI começou a ensinar o grupo de Cabalistas e o Ramak aprendeu com ele.
O Rabino Moshe Cordovero foi o primeiro a reconhecer a grandeza do jovem Cabalista e como seu amigo e aluno ele costumava dizer: “Você deve saber que um homem que se senta aqui subirá diante de mim e iluminará a geração com a sabedoria da Cabalá. Se os canais foram obstruídos no meu tempo, os canais serão revelados em seu tempo. Você deve saber que ele é um grande homem, a centelha do Rashbi”.
“Naquela época a humanidade estava em uma crise sem precedentes: a Idade Média acabara; o Renascimento começava e trazia mudanças revolucionárias na tecnologia e na indústria. O ego humano entrou em erupção e empurrou o mundo para uma evolução acelerada e muitas tempestades. Duzentos anos depois a humanidade estava prestes a passar por terríveis mudanças radicais na Europa, especialmente revoluções e guerras civis sangrentas.
O ARI, que havia previsto as mudanças na natureza humana, percebeu que tinha que desenvolver um caminho alternativo de desenvolvimento espiritual, que iria equilibrar a erupção do ego, a fim de evitar o terrível sofrimento. Assim, ele adaptou a sabedoria da Cabalá e transformou-a em um método acadêmico científico, prático, em vez do método de conexão que até então era permitido apenas para poucas pessoas especiais. De acordo com seu método, se suas instruções fossem seguidas corretamente, as pessoas seriam capazes de seguir e as massas iriam praticá-lo. O método de correção que ele desenvolveu (e ainda é estudado hoje) leva a uma mudança sem precedentes no desenvolvimento espiritual da humanidade e mudou totalmente a história.
O Bastão é dado ao Rabino Chaim Vital
Apenas dois anos e meio foram suficientes para o ARI deixar a sua marca significativa na história da Cabalá. Ao mesmo tempo, ele nunca escreveu quaisquer dos seus ensinamentos. Toda a sua teoria Cabalística nos é conhecida apenas a partir dos escritos de seus alunos e um dos mais proeminentes e seu seguidor foi o rabino Chaim Vital (Harav).
Assim como o rabino Aba serviu pelo lado do Rabino Shimon (Rashbi), para escrever seus ensinamentos, que foram publicados no Livro do Zohar, o Harav anotou e escreveu toda a sabedoria da boca de seu professor, que hoje é conhecida como Cabalá do ARI.
“Primeiro a pessoa deve organizar suas orações e aceitar o mandamento de amar seu amigo como a si mesmo, e sintonizar o seu coração para amar a todos os filhos de Israel como sua própria alma, uma vez que assim procedendo a sua oração, que inclui todas as orações de Israel, sobe e será frutífera. Todos devem incluir-se como um órgão de seus amigos. Se um amigo está com problemas, todos devem compartilhar sua dor, e orar por ele, e, portanto, ele deve compartilhar todas as suas orações e suas ações e palavras com seu amigo, e meu professor me avisou muito a respeito da questão do nosso amor aos amigos“. (Shaar HaKavanot)
O Harav não acrescentou nada às palavras do ARI, e quando não tinha certeza se entendeu o seu professor, dizia especificamente isso. Uma das principais obras do ARI é o livro Etz HaChaim (A Árvore da Vida), que descreve todos os sistemas dos mundos superiores e as leis da criação como um método científico claro, e também os Oito Portões, uma série de livros, que também inclui explicações sobre reencarnações.
Seus Sucessores
“O Santo ARI foi o Messias Ben Yosef, e assim pode revelar uma sabedoria tão grande”, disse o rabino Yehuda Ashlag. Sua grande sabedoria simboliza o ponto entre o fim do período de exílio, que se caracterizou por uma grande divisão entre as pessoas e o início da redenção, caracterizado pela unidade maravilhosa entre toda a humanidade. “Se eu pudesse dizer palavras de elogio, eu o elogiaria todos os dias e diria que sua sabedoria está sendo revelada todos os dias como No dia em que a Torá foi dada a Israel”.
Baal HaSulam foi o primeiro no século XX a alcançar o espiritual nível do ARI e poderia, portanto, interpretar seus escritos para a nossa geração. Ele escreveu uma conexão maravilhosa chamada O Estudo das Dez Sefirot e na introdução escreveu que o livro foi feito para qualquer pessoa nos nossos dias que deseja encontrar a resposta para a pergunta: “Para que eu estou vivendo”?
Essa pergunta não desapareceu e está escondida no coração de cada pessoa. Da mesma forma que crises terríveis irromperam no tempo de ARI, que balançaram a humanidade e estimularam muitos a fazer esta pergunta, assim, tais crises ocorrem hoje: uma série de ataques terroristas em todo o mundo, a ascensão do Islã radical, o desvanecimento da UE, a crescente polarização entre diferentes setores e comunidades, e assim por diante. É realmente estudando e lendo o método especial desenvolvido pela ARI, com o comentário de Baal HaSulam, seu seguidor, que podemos encontrar uma resposta para o sentido da vida. Eles imediatamente elevam a pessoa à espiritualidade e a capacitam a sentir a unidade acima da separação que nos governa e conduz à destruição global.
“Se o meu povo me ouvisse, por vezes, quando o mal fica mais forte, iria gastar todo o seu tempo estudando o Livro do Zohar e os escritos do ARI e, assim, anularia todas as aflições e atrairia uma abundância de Luz (NotzarHesed). Basta estudar destes dois grandes Cabalistas que abriram o caminho para nós para a realização da felicidade, plenitude e eternidade, a fim de construir as conexões certas entre nós, para uma boa vida e para subir a escada espiritual, que está colocada para nós, uma escada que alcança o céu.
Do artigo do Ynet em 08/08/16
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