Dança Em Torno Do Bezerro De Ouro E A Quebra Das Tábuas Da Aliança

laitman_740_03Pergunta: No 17 de Tamuz, Moisés desceu do monte Sinai, e quando viu o seu povo dançando em torno do bezerro de ouro, quebrou as primeiras Tábuas da Aliança. O que isso significa do ponto de vista Cabalístico?

Resposta: Do ponto de vista da Cabalá, a Torá não está falando de objetos e fenômenos do mundo material. É pouco provável que Moisés, que tinha 80 anos, pudesse descer a montanha com as pesadas tábuas de pedra da Aliança.

Além disso, o Monte Sinai não é uma montanha, as tábuas não são tábuas esculpidas em pedra, e Moisés não tinha chifres brilhantes em sua cabeça como Michelangelo esculpiu-o. O povo de Israel, que desde os tempos de Abraão foi educado na realização espiritual – não poderia se envolver na fundição de um bezerro de ouro.

A descida de Moisés no Monte Sinai é a descida do nível espiritual, onde ele revelou o Criador e, em seguida, desceu dele para se conectar com o povo, o que significa que a Torá fala de níveis espirituais. O grau superior é Moisés, que está no nível do Criador, onde O revela e está em contato com essa força de doação e amor.

O grau inferior é o nível ao qual Moisés desceu para estar com o povo. Na Cabalá, o AHP do superior desce ao Galgalta ve Eynaim do inferior. Moisés entra em contato com o egoísmo geral para começar a corrigi-lo. Aqui, ele vê que o seu desprendimento do egoísmo geral para cima, até o Criador, aconteceu no momento em que esse egoísmo mais inferior do povo caiu para o próximo grau inferior.

Nós estamos falando de cerca de três graus. O grau superior é onde Moisés está em contato com o Criador. O grau intermediário é aquele ao qual ele desce, a fim de estar com o povo de Israel. O grau mais inferior é como as nações do mundo, o mesmo Egito que o povo de Israel já tinha deixado, mas que agora está lá novamente.

Afinal, assim que Moisés se separou de seu povo ao subir, esse povo imediatamente caiu ao grau mais inferior porque ninguém estava segurando-o. Essa é uma conexão da nação de Israel que ainda não era uma nação, mas simplesmente um desejo que subiu do egoísmo e caiu nele novamente.

Quando Moisés viu isso, sentiu que a Luz Superior que recebeu do Criador desapareceu nesse desejo egoísta, porque a Luz e o egoísmo são incompatíveis entre si. Assim, ocorreu a quebra da Luz, a Luz pareceu desaparecer, e com isso, o bezerro de ouro foi também difundido, dissolvido e destruído.

No entanto, a correção é impossível sem ela porque todo o processo nos leva ao reconhecimento da natureza humana, sua conexão com o nível inferior, chamado de nações do mundo, e a impossibilidade de combinar a Luz Superior com egoísmo material.

Pergunta: Esse é o primeiro contato entre o Criador e a criatura?

Resposta: Não, não pode haver nenhum contato porque Moisés deve estar no meio. Ele é a qualidade de Bina, o Criador é a qualidade de Keter, e toda a humanidade está no nível de Malchut. No entanto, a quebra cria uma conexão por meio de Moisés entre o nível do Criador e o nível da criatura. Essas qualidades opostas entram umas nas outras, e, em seguida, é possível iniciar a próxima fase de correção.

Agora, quando Moisés sobe ao Criador, a sua interação com o Criador e o povo que pecou é completamente diferente. Afinal, o povo que caiu para o nível do bezerro de ouro tem muito mais desejos egoístas que são apaixonados, egípcios e reais! Portanto, Moisés agora eleva ao Criador desejos muito mais internos, reais e profundos para serem corrigidos.

Ele passa quarenta dias no Monte Sinai novamente. No entanto, estes são quarenta dias completamente diferentes. São quarenta graus de elevação de Malchut à Bina. No entanto, não é dessa Malchut onde eles estavam durante o êxodo do Egito, mas daquela em que eles criaram para si o mesmo Egito no Monte Sinai.

O segundo quarenta dias é completamente diferente na sua qualidade de ascensão do bezerro de ouro ao Criador. Naturalmente, as tábuas que Moisés recebe pela segunda vez são completamente diferentes. Elas são adequadas em sua qualidade ao estado do povo que caiu para o nível do bezerro de ouro. Com tais tábuas – ou seja, com essas conexões entre o bezerro de ouro e o nível do Criador – eles podem começar a trabalhar em si mesmos.

O Monte Sinai simboliza o enorme ódio (“Sina” significa ódio) que é revelado como uma incongruência das qualidades do Criador e da criatura, isto é, as qualidades de completa doação e amor, e as qualidades que desejam viver apenas para si. Quando Moisés desce do Monte Sinai pela segunda vez, da altura do nível de realização com o Criador e conexão com Ele, ele desce dele no Yom Kippur.

Por um lado, esse é um dia do reconhecimento da nossa natureza. Por outro lado, é um dia de perdão. Deste dia em diante, a correção do povo começa, e a próxima etapa é Chanukah e outras datas que simbolizam ações espirituais.

Felizmente, nós reconhecemos o trabalho correto com as Tábuas da Aliança que estão dentro de nós. Nós só podemos identificá-las e implementá-las em nós mesmos.

De KabTV “Notícias com Michael Laitman” 11/07/16