Travessia Do Mar Vermelho (Yam Suf), Parte 2

Laitman_514_04Existem vários níveis na relação entre as pessoas e a força superior, o pensamento da criação.

Algumas pessoas pensam o seguinte: “Aparentemente, há uma força superior que tem um grande objetivo. Essa força exige que façamos o que ela deseja em nossas vidas. Se fizermos o que ela deseja de uma forma simples, somente em nossa vida material, e guardarmos os mandamentos, receberemos uma recompensa”.

Para alguns, a recompensa pode ser sentir-se bem nessa vida, e, portanto, eles consideram que vale a pena fazer isso. Para outros, eles vão ter um mundo vindouro após a morte.

Há ainda outras pessoas que não concordam com isso e pensam de forma diferente: “A força superior não quer que nos relacionemos com esse sistema em que existimos agora de uma forma tão simples, ou seja, apenas para tornar essa vida aqui melhor ou até mesmo para adquirir um chamado mundo vindouro depois”.

Pelo contrário, essa força superior quer que a conheçamos, para atingir o seu nível, para tornar-se semelhante a ela, para cuidar de todo o sistema da maneira que ela cuida, e, com isso, se tornar seus parceiros. Ela quer que cada pequena parte dentro desse sistema, cada pessoa, tome sobre si o fardo de cuidar de todo o sistema comum e influencie todo o sistema desde o seu ponto de vista pessoal, como a força superior influencia e suporta todo esse sistema com doação e amor, porque é boa e faz o bem.

Por isso, existe uma diferença entre esses três tipos de pessoas. Os dois primeiros tipos, que se preocupam com sua vida pessoal nesse mundo ou no mundo vindouro, ficam em seu egoísmo com o Faraó e não querem deixá-lo. Mas estão preparados para cumprir as ordens da força superior desde que fiquem dentro do seu egoísmo.

Apenas as pessoas do terceiro tipo não concordam com isso e dizem, “A força superior quer que sejamos como ela, para alcançar a doação e o amor ao próximo, porque ‘Ama teu próximo como a ti mesmo’ é a regra principal da Torá”. Essas pessoas estão prontas para sair do Egito e escapar com Moisés de seu egoísmo, estão dispostas a sair do controle do ego. Isso significa que elas saem do Egito.

Quando elas fogem – querendo se desconectar do cuidado pessoal, do cuidado de seus parentes, e sobem um pouco para cuidar do sistema comum – elas não abandonam suas preocupações pessoais, mas entendem que tudo isso só pode existir em um espaço juntamente com todos, e que toda a humanidade, todas as pessoas e todas as almas, são um sistema global, e a pessoa não pode se preocupar apenas com o seu bem-estar pessoal, porque isso vai torná-la semelhante a um animal.

Então, ao tentar pensar em coisas grandes, para romper com o controle de seu egoísmo e, assim, desconectar-se dele, elas de repente sentem que esse egoísmo vem, as agarra, e diz: “Não! Por que vocês precisam se separar completamente de mim? Vocês podem, juntamente comigo, ganhar o mundo vindouro e um pouco nesse mundo. Por favor, mantenham todos os mandamentos, mesmo o ‘ama o próximo como a si mesmo’, mas pensem em como se sentir bem, fornecendo a si o mundo vindouro e tudo mais”.

Isso significa que forças estão despertando em uma pessoa lhe dizendo que ela não precisa se desconectar totalmente do egoísmo, porque, com isso, para onde ela iria, em que mundo, que tipo de espaço estranho? “Cuide de todos, mas certifique-se que seja para seu próprio bem”!

Assim, a pessoa vê que é assombrada por essas forças, por esses pensamentos que são chamados de “servos do Faraó tementes a Deus”. Por um lado, eles aparentemente estão prontos para fazer tudo o que a força superior lhes diz, para guardar os mandamentos, mas só para não se desconectar do amor próprio e não para se mover ao amor universal, ao amor ao próximo.

Os que vão com Moisés perguntam: “Então o que vamos fazer?” E eles respondem: “Guardem apenas mandamentos físicos, mas sem a intenção de doar para fazer o bem aos outros. Façam apenas para fazer o bem a si mesmos, a fim de ganhar neste mundo e no mundo vindouro. Guardem os mandamentos, mas suas intenções devem permanecer egoístas”.

Isso contraria totalmente os desejos e pensamentos que vão com Moisés, porque o que é mais importante para eles é se desconectar dos pensamentos sobre benefício pessoal e se mover para pensamentos de benefício aos outros, e com eles para pensamentos sobre o benefício do sistema comum, isto é, o Criador.

Há uma grande luta entre eles aqui. Essas forças egoístas perseguem as forças que vão com Moisés, querendo pegá-las, detê-las e devolvê-las ao Egito, ou seja, ao trabalho corporal, puramente egoísta. Afinal, o Faraó era inteligente. Ele estava dizendo: “Vocês querem executar todas as ações que o Criador lhes ordenou aqui? Por favor façam!”

Isso significa que a saída do Egito é exatamente quando eu me desconecto da intenção de receber para mim mesmo, em benefício próprio, e penso exclusivamente no benefício dos outros separado de mim mesmo. Isso é chamado de sair Egito e atravessar o Mar Vermelho. Estes desejos egoístas chamados “servos do Faraó tementes a Deus” não são capazes de fazer isso. Assim, eles não têm outras correções, exceto se afogar na travessia do Mar Vermelho.

O Mar Vermelho é esse cruzamento entre o Egito, onde eu estou sob o controle do Faraó, e um lugar onde eu me desconecto dele, onde não posso pensar no benefício próprio. Talvez eu ainda não possa pensar no benefício dos outros, mas estou saindo do controle do amor próprio.

Portanto, não há nenhuma outra correção para esses desejos, além de afoga-los no Mar Vermelho. Dessa forma, eles se sacrificam e, depois, são gradualmente corrigidos. Claro, os desejos não podem morrer. Essa é apenas uma forma de processá-los quando eles perdem, os corrigem, e depois se elevam para corrigir o trabalho, totalmente em doação e amor, e no poder da luz da fé.

De KabTV “Uma Nova Vida” 21/04/16