Contradições Entre A Religião Moderna E A Sabedoria Da Cabalá

laitman_281_02Pergunta: As pessoas religiosas acreditam que devemos simplesmente cumprir as Mitzvot (mandamentos) e esperar o Messias. Em contraste, você acredita que cabe a nós “despertar” e “atrai-lo” até nós. No que se baseia a sua opinião?

Resposta: Há contradições entre o ponto de vista da religião moderna, e eu enfatizo moderna, e a sabedoria da Cabalá; elas são diametralmente opostas. Os religiosos afirmam com razão que as diferenças entre nós são ideológicas e, portanto, também são práticas. Não é apenas uma questão de saber se um desempenho mecânico (Maase) ou uma intenção (Kavana) é mais importantes.

O mundo evolui através do desenvolvimento contínuo do egoísmo em cada objeto natural em todos os seus níveis: inanimado, vegetal, animal e falante. O ego evolui gradualmente, por etapas 1, 2, 3 e 4, onde o egoísmo mínimo no nível 1 é o inanimado e o egoísmo máximo no nível 4 é o humano. Da mesma forma, existem sub-níveis e sub-sub-níveis para cada um dos níveis. Na verdade, de acordo com o valor do egoísmo, todas as características de cada objeto natural são determinadas.

O egoísmo geral da natureza evolui em todos os níveis de intensidade de acordo com esse nível. O desenvolvimento mais lento está no nível 1 e o mais rápido no nível 4. O desenvolvimento sob a influência da força egoísta obrigatória é chamado de caminho de Beito, em seu tempo. Visto que nas religiões não há nenhuma possibilidade de influenciar o estilo de desenvolvimento, os crentes aceitam o desenvolvimento passivo como se fosse dado a eles pelo Criador e consideram a obediência a Ele como justa, o que significa que é dado de Cima.

A sabedoria da Cabalá descobriu o Criador como a natureza (Elohim [Criador] em Gematria = HaTeva [a natureza]) e acredita que tudo é derivado da natureza e que não há outra força que determine algo em nosso mundo além dela. Mas toda a razão para a criação de Adão (Homem) e, por conseguinte, tudo o que o precedeu, destina-se ao desenvolvimento do homem até o nível do Criador. Assim, Adão é chamado de “Adão”, que é derivado da palavra, “Domeh” (semelhante), “Domeh LeBore” (semelhante ao Criador). Isto é, o objetivo da evolução de Adão é atingir o nível do Criador, como está escrito na Torá, “Shuvu Bnei Yisrael Hashem Eloheinu” (Oseias 3:5), “Depois tornarão os filhos de Israel, e buscarão ao Senhor seu Deus”.

Acontece que os pontos de vista da religião e da Cabalá sobre o desenvolvimento do mundo e o papel da humanidade são diametralmente opostos. A religião atribui um papel passivo à humanidade; enquanto que a sabedoria da Cabalá, pelo contrário, atribui um papel ativo, “… conhece o Deus de teu pai, e serve-O …” (Crônicas 1, 28:9). Primeiro ele diz “Conhece”, e depois você vai saber como trabalhar em prol Dele e o que esse trabalho em si significa.

Mas o problema é maior. A religião insiste que a pessoa deve conhecer e cumprir as apenas as Mitzvot mecânicas e, dessa forma, prende a pessoa e limita totalmente o seu desenvolvimento. Em contraste com isso, a sabedoria da Cabalá afirma que tudo foi criado para o desenvolvimento da pessoa, de modo que ela atinja o nível do Criador, atinja a singularidade do Criador, no seu desenvolvimento pessoal. O desenvolvimento é determinado sob a forma da “adesão” da pessoa com o Criador quando eles se tornam iguais nas suas ações. Mas isso é algo que a religião tem medo de admitir, por isso ensina, exige e permite apenas o aprendizado e desempenho mecânico das Mitzvot.