Travessia Do Mar Vermelho (Yam Suf), Parte 1

laitman_749_01Pergunta: Na história dos israelitas que saem Egito, um dos eventos mais importantes e maiores é a travessia do Mar Vermelho. Esse evento ocorre quando os israelitas, depois de receber a permissão do Faraó, deixam o Egito apressadamente e uma semana depois chegam ao Mar Vermelho.

O Faraó, depois de alguns dias, se arrepende de sua decisão de libertar os judeus e envia todo o seu exército com carros e cavalos para persegui-los. A situação parecia sem esperança para os judeus, eles estavam diante do mar, cercados por três lados.

Neste ponto, o Criador disse para Moisés levantar seu cajado – e o mar se separou, dividiu-se em duas metades. Assim que os israelitas cruzaram no meio e alcançaram a margem oposta, o mar voltou ao seu estado normal, e os egípcios que os perseguiam se afogaram. O que essa história sobre a travessia do Mar Vermelho simboliza?

Resposta: Eu acho que a Torá foi dada ao homem para descobrir suas qualidades, tendências, desejos, intenções e pensamentos, para perceber que o homem é um pequeno mundo que tem tudo nele: Egito, povo de Israel, Monte Sinai, deserto do Sinai, e Mar Vermelho. Tudo o que existe no mundo está dentro do homem.

Além disso, ao estudar corretamente a sabedoria da Cabalá, nós revelamos que não existe um mundo fora do homem. Parece-me que eu estou em um quarto chamado um estúdio e que há outras pessoas e vários objetos nele além de mim. Mas tudo isso está em mim, dentro de mim. Minhas qualidades desenham essa imagem na minha tela interna. No entanto, essa imagem é sensorial.

Vamos fantasiar um pouco. Digamos que possamos viver mais 100-200 anos. Quem pensava em televisão há 100 anos? Ninguém! De repente, a primeira televisão preto-e-branco pequena apareceu, depois uma maior, e, depois, uma colorida com alguns canais.

Vamos supor que em 100 anos nós possamos produzir uma televisão que irá criar a ilusão completa de um filme, como se você estivesse lá dentro, entre as pessoas, e até mesmo experimentasse diferentes aromas. Você olha para esse jogo e ele ainda envolve você, e todas essas imagens criadas, digamos, por feixes de laser no ar, interagem com você.

Você projeta seus pensamentos e desejos nelas, e elas em você, e tudo isso é um programa especial em que você participa e joga junto com imagens artificiais. De repente você descobre que é exatamente o mesmo, porque o que o torna diferente delas? E elas, aparentemente, também olham umas paras as outras e para você da mesma maneira. Esse é o povo.

Em última análise, nós somos algum tipo de programa que se materializa em tal forma e nada mais. Portanto, qual é a diferença entre interno e externo? Nenhuma. Somos todos uma espécie de imagem holográfica tridimensional, que também pode ser mais dimensional. E é assim como vivemos.

Na verdade, isso é o que a Torá nos explica. Até agora é difícil para nós imaginar isso, mas quando realmente nos aproximamos da percepção espiritual é exatamente isso que é gradualmente revelado a nós. Nós desenvolvemos a capacidade de compreender e sentir a verdade, de viver nela, e estar em uma constante interação com ela.

A sabedoria da Cabalá nos permite fazer isso; por isso é chamada de sabedoria da recepção (Cabalá significa “recepção” em hebraico), sabedoria da percepção. É por isso que a Torá nos fala sobre todas as situações dessa forma, o que significa que ela está falando de uma pessoa que entende que está dentro de um jogo onde o pensamento superior, o programa superior, cria todas essas imagens e ela existe juntamente com elas nesta vida.

Então surge a pergunta: Como ela se relaciona com essa grande mente e com o grande desejo que controla esse filme? Ou ela existe nele compreendendo esse fato e procura a maneira mais correta de desempenhar o seu papel, ou vive como lhe apraz, seguindo a cada momento seus sentidos e escolhendo o que é melhor para si mesma.

A pessoa que vive dentro de si mesma está aparentemente desconectada dos outros; ela não se preocupa com essas imagens, com o processo que todos sofrem, e essa intenção geral, o chamado propósito da criação. Ela vive cada minuto apenas para seu próprio benefício, de acordo com o seu sentimento interno superficial. Ela tem permissão de realizar seu programa pessoal interno.

Mas é claro para ela que existe um programa comum e ela pode jogar junto com outros de acordo com esse programa. Então ela se move junto com o pensamento e o desejo superior global, o chamado pensamento da criação. Entre essas duas coisas, a pessoa pode estar em conexão com o pensamento da criação em diferentes graus ou em conexão com seu “corpo animal”, desde que esteja feliz.

De KabTV “Uma Nova Vida” 21/04/16