Aniversário De Freud

Laitman_088Comentário: Cento e sessenta anos se passaram desde o nascimento de Sigmund Freud. Vários judeus de renome que transformaram o mundo nasceram no século XIX, incluindo Freud, Marx e Einstein.

Resposta: A segunda metade do século XIX foi a idade de ouro da Europa, um período cheio de florescimento de toda a humanidade! Mas, depois da revolução na Rússia, depois da Primeira e Segunda Guerras Mundiais, começou uma oposição e resistência nacional, e em vez de descobertas científicas e psicológicas, em vez de entendimentos culturais, a tecnologia começou a trabalhar em prol da guerra, da aniquilação, da subjugação, etc.

Em última análise, tudo foi revelado como um fenômeno da própria alienação completa da humanidade. E hoje nós estamos “colhendo esses frutos”. Nós imergimos novamente em estados complexos. Em comparação com o século XIX, o nosso século XXI está certamente perdendo tudo!

Pergunta: Como você se relaciona com a psicologia que Sigmund Freud estabeleceu?

Resposta: Estas foram tentativas magníficas de fazer investigações sobre o mundo interior de uma pessoa, embora elas certamente sejam fragmentadas e não com base em estudos internos precisos, já que a “psique”, ou seja, a alma, não pertence à ciência, por um lado. Por outro lado, ela dirige todas as atividades humanas, todos os pensamentos, tudo o que está detrás da nossa atitude em relação a nós e o mundo. Ela está por trás de todo o nosso pensamento: como nos comportamos, como nos relacionamos uns com os outros, como recebemos sinais desde fora, como enviamos sinais desde dentro.

Assim, um grande salto era esperado dessa área para a resolução de questões que uma pessoa deve saber: O que a dirige, quais são seus instintos, impulsos e movimentos internos, e que tipos de relações ela tem com seus pais, parentes, com ela mesma, e o Criador? Tudo isso cria uma base para a compreensão do que motiva uma pessoa.

Em princípio, uma pessoa precisa muito da psicologia, especialmente no nosso tempo quando estamos em constante contato uns com os outros. Mas a psicologia não pode ser uma ciência. Não podemos contar com ela; não podemos leva-la a todo o sistema.

Em última análise, nada veio dela, embora a psicologia materialista tenha feito um grande trabalho. Ela tirou a pessoa das imagens fragmentárias e complexas sobre si mesma, sobre o Criador, sobre a religião, sobre o subconsciente e o inconsciente. Ela “morreu” com sucesso, apesar de tudo isso.

Aqui a sabedoria da Cabalá é essencial para nós, porque só ela se envolve com o estudo da alma, entrando também em nossa alma animal, na qual estamos trabalhando quando nos encontramos nesse mundo. Assim, Freud fez um grande trabalho e teve bons seguidores.

Comentário: Eu gostaria de ler alguns dos slogans de Freud e que você respondesse a eles. Ele escreveu: “Nós não escolhemos um ao outro por acaso. Nós encontramos apenas aqueles que já existem em nosso subconsciente”.

Resposta: É claro! Isto é porque de outra forma não vemos os outros. Vemos e reagimos apenas ao que já foi preparado em nós desde o início.

Pergunta: É assim que nós escolhemos um companheiro?

Resposta: Sim! Tudo isto já foi registado desde o início.

Comentário: “A tarefa de fazer uma pessoa feliz não foi incluída no programa da criação do mundo”.

Resposta: Fazer uma pessoa feliz, no sentido egoísta, como imaginamos para nós mesmos neste mundo, não, de forma alguma! Pelo contrário, a tarefa do Criador é mostrar à pessoa que ela está em um mundo miserável, para empurrá-la, para que ela se eleve ao nível da verdadeira felicidade.

Comentário: “Nós entramos no mundo sozinhos e o deixamos sozinhos”.

Resposta: Essa verdade é entendida por todos. No entanto, eu não acho que entramos no mundo sozinhos porque estamos naturalmente ligados a esse organismo do qual nascemos. Mas, nós deixamos o mundo totalmente sozinhos. Já em idade avançada, antes da morte, nos sentimos completamente separados dos outros.

Pergunta: E se uma pessoa começa a estudar a sabedoria da Cabalá?

Resposta: A sabedoria da Cabalá, pelo contrário, une a pessoa com toda a criação, com todas as almas: presente, passado e futuro, acima do tempo, além de tudo! É completamente diferente, não de acordo com os ensinamentos de Freud.

Comentário: “Você nunca para de buscar poder e segurança no lado de fora. Mas você deve procurá-lo dentro de si mesmo. Eles estavam sempre lá”.

Resposta: Não há poder em uma pessoa; ela só tem uma pequena força egoísta que lhe ajuda a entender que ela carece completamente de poder e que ela só pode receber a força correta do Criador.

Ela recebe tanto a força egoísta obscura e inflexível como a força altruísta grande e brilhante do Criador. E com a ajuda delas, como duas pernas, ela sobe a escada, sobe para um estado de felicidade absoluta onde essas duas forças opostas se conectam e criam sua alma.

Comentário: “As massas nunca conheceram uma sede de verdade. Elas exigem ilusões sem as quais não podem viver”.

Resposta: Isso é correto. Mas essas ilusões devem ser substituídas pela descoberta da verdade. No entanto, a verdade não será descoberta pelas massas, mas por líderes espirituais, uma aristocracia espiritual que se encontra acima delas. As massas vão simplesmente se agarrar a eles e serão alimentadas por eles para alcançar as verdades espirituais, mas passivamente, como a cabeça e o corpo de uma criatura espiritual. É assim como a Judéia era antes da destruição do Beit HaMikdash (Templo) e agora estamos retornando a isso.

Comentário: Você certamente vai concordar com a afirmação de que, “Toda pessoa tem desejos que ela não conta para os outros, assim como desejos que ela sequer admite para si mesma”.

Resposta: Isso poderia ser, mas não com um Cabalista. Um Cabalista sobe acima da inveja, dos insultos, e especialmente da vergonha. No momento em que ele começa a entender que tudo dentro dele foi criado pelo Criador e que ele próprio é um fantoche vazio que o Criador controla, já não se associa a todos os instintos, pensamentos, movimentos e até mesmo os atos mais desprezíveis.

Então, se ele trabalha dentro de si mesmo, ele pode dizer claramente que tudo dentro dele vem do Criador, e até mesmo seu comportamento correto de hoje também vem Dele. Então nós não temos nada pessoal dentro de nós, nada!

Se a pessoa não é um Cabalista, ela certamente tem sempre algo a esconder; ela não pode se livrar do sentimento de vergonha, autocrítica, e assim por diante. Mas se ela atribui tudo ao Criador, então, nesse ponto em que ela se funde com Ele, ela se torna como um feto no ventre de sua mãe e não tem consciência do que tem que esconder, se tudo isso é a criação.

Comentário: Conclui-se que, se tudo vem do Criador, é possível justificar tudo dessa forma.

Resposta: Primeiro é preciso alcançar uma conexão direta com o Criador, e, depois, a partir disso, é possível justificar a situação.

Comentário: “É típico de uma pessoa apreciar e querer o que ela não pode alcançar acima de tudo”.

Resposta: Certamente, porque no âmbito do nosso mundo não podemos conseguir tudo o que queremos; eu não sou um pintor, nem um autor, nem um dramaturgo, nem um grande cientista, nem um bilionário. Geralmente eu não sou isso ou aquilo ou aquilo outro. Portanto, neste mundo existem muitas limitações para a realização do meu “eu”.

Mas uma pessoa recebe a possibilidade de sair para o mundo superior, para o mundo da sabedoria da Cabalá. Lá, ela pode atingir o mundo infinito onde vai começar a receber todos os grandes desejos que existem na criação e cumpri-los. Portanto, a sabedoria da Cabalá é chamada de sabedoria da realização.

Comentário: “A pessoa nunca recusa nada; ela simplesmente substitui um prazer por outro prazer”.

Resposta: Isso é completamente certo. A mesma coisa existe na sabedoria da Cabalá. Nós trocamos pequeno prazeres temporários e sem sentido do nosso mundo pelo prazer eterno, infinito, absoluto e completo do mundo superior.

Comentário: “Antes de você se diagnosticar com depressão e baixa autoestima, certifique-se que não está cercado de idiotas”.

Resposta: A pessoa sempre se avalia em relação aos outros. Mas isso não basta. Hoje nós existimos em um mundo em que estamos começando a sentir uma grande depressão, mesmo sem ver isso nos outros. Uma pessoa não é mais medida em relação àquelas a sua volta, mas em relação ao próximo nível a que devemos ascender. Portanto, não basta que a pessoa se iguale àqueles que a rodeiam. O que importa para ela se eles estão sofrendo ou não? E eu?!

Neste caso, o meu “eu” deixa a sociedade em geral na medida em que exige a sua realização pessoal e única. Aqui ele deixará de me ajudar a procurar entre os “idiotas” ao meu redor.

Eu estou deprimido não por causa deles, mas porque dentro de mim surge um desejo verdadeiro de subir ao próximo nível, não para me realizar com os que me rodeiam, mas com o Criador, com o nível superior, para atingir o verdadeiro significado da existência e para realizar-me no nível da eternidade, do infinito, da totalidade! Esse desejo está latente em nós. Assim, o mundo está imerso hoje em tal depressão. Assim, o conselho de Freud já não funciona.

De KabTV “Notícias com Michael Laitman” 08/05/16