Sobre Quem Caem Os Golpes Do Criador?

Laitman_095Comentário: Ontem você disse que a ajuda do Criador vem sob a forma de problemas, golpes no ego, mas quando eles atingem o meu “burro” isso não parece uma ajuda para mim ….

Resposta: Não há maior ajuda do que essa. Afinal, eu estou dentro do desejo de receber, o egoísmo, e o que realmente funciona para mim são esses golpes, e não uma atitude agradável.

Basicamente, os golpes que o Criador me dá são uma recompensa, e meu trabalho é sempre “beijar a vara”. Eu construo um novo Kli espiritual ao mudar minha atitude para com os golpes, me identificando com eles e deixando meu burro sofrer. O burro, deixe-o sofrer; eu me volto para o lado da vara e fico ansioso para me aderir à mão que a segura.

Com a ajuda dos golpes, eu me separo e me liberto do meu egoísmo. Quando eu não tenho para onde fugir deles, eu não posso ajudar, mas perguntar se não é possível fugir da vara, então eu já não quero me identificar com a “carne”. Essa é uma reação natural: se eu sinto um sofrimento insuportável, primeiro eu peço ao médico uma pílula para reduzir a dor, o que significa que quero me afastar do sofrimento do corpo.

É assim que a dor me ajuda a renunciar ao egoísmo e a me conectar a algo que é usado para me ajudar. De repente, olhando de fora para o meu ego, eu descubro que estou sofrendo especificamente por causa disso. Assim, a dor me ajuda a me distanciar do ego e me aproximar do Criador.

Assim, os golpes são necessários. Mas sobre quem eles estão caindo? Não é sobre mim, mas sobre meu desejo egoísta. Esse desejo não sou eu. Eu quero me identificar, não com o “corpo”, não com o desejo, mas com as intenções pela doação, com o anseio de autodoação, que estão acima do egoísmo. Agora eu entendo que eu recebi o desejo para que sobre ele eu adote a atitude e o envolvimento com a doação.

Consequentemente eu preciso dos golpes. Eles me ajudam a fazer o cálculo correto.

É dito: “Poupe a vara, estrague a criança”. Toda a história do povo de Israel desde que eles deixaram a Babilônia é a história de superação do sofrimento. Mesmo no período do Beit HaMikdash (Templo), houve inúmeras guerras e problemas que acompanharam o trabalho interno, o esclarecimento do egoísmo e sua correção. A Torá chama Israel de um “povo de dura cerviz” (Êxodo 33: 3); afinal de contas, seu desejo foi sempre aumentando e isso levou a confrontos mais fortes.

O que podemos dizer sobre os últimos 2.000 anos de exílio, quando as pessoas foram perseguidas por problemas e enfrentaram brutalidade; não havia limites. Como é possível comparar isso a um dia de doença depois de uma febre? Todos esses problemas vieram do Criador, o “Bom que faz o bem” (Salmos 119: 68), e caíram no desejo egoísta, possibilitando se separar dele e alcançar a doação.

Portanto, o problema é que nós nos identificamos com o desejo de receber. Se, contrário ao programa, apesar do fato de que ele foi imposto sobre mim, eu ainda não renunciei ao egoísmo e ainda estou conectado a ele, eu preciso receber golpes.

Na verdade, não é assim, e quando eu me separar do egoísmo vou parar de receber a vara por causa de mim mesmo. Quando chegar a minha hora de me separar do ego, de deixá-lo, dessa forma os problemas acontecem comigo. Mas a vara se resume especificamente sobre o desejo e não em mim. Se eu estou separado do desejo, eu não sinto o golpe; pelo contrário, me sinto bem, mais forte, saudável e realizado.

Este é todo o problema. Isso é o que é chamado de exílio.

O Criador vai aumentar metodicamente os golpes sobre o desejo de receber para que possamos abandoná-lo. Hoje toda a humanidade está entrando neste processo juntamente com o povo de Israel, mas, no entanto, o povo de Israel ainda tem que pagar suas dívidas.

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá 20/02/14, O Livro do Zohar